Roma
Antiga
Origem: Wikipédia, a
enciclopédia livre.
Denomina-se Roma Antiga a civilização que surgiu de
uma pequena comunidade agrícola fundada na península
Itálica no século X
a.C.. Localizada ao longo do mar
Mediterrâneo e centrada na cidade de Roma, tornou-se um dos maiores impérios do mundo antigo.
Em seus séculos de existência, a civilização romana
passou de uma monarquia
para uma república
oligárquica, até se transformar em um império cada vez mais autocrático. O Império Romano chegou a
dominar o Sudoeste
da Europa Ocidental, Sudeste da Europa/Bálcãs e toda a bacia
do Mediterrâneo através da conquista e assimilação.
Devido à instabilidade política e econômica interna
e às migrações dos povos bárbaros, a parte ocidental do império, incluindo a Itália,
Hispania, Gália, Britânia e África,
dividiu-se em reinos independentes no século V. Esta
desintegração é o marco que historiadores
usam para dividir a Antiguidade
da Idade Média.
O Império
Romano do Oriente, governado a partir de Constantinopla, surgiu
depois que Diocleciano
dividiu o império em 286 e sobreviveu a essa
crise. Compreendia a Grécia, Balcãs, Ásia
Menor, Síria
e Egito.
Apesar da posterior perda da Síria e do Egito para o Império Árabe-Islâmico, o
Império Romano do Oriente continuou existindo por mais outro milênio, até que
seus restos foram
finalmente anexados pelo emergente Império Otomano. Este
estágio oriental, cristão e medieval do império é geralmente chamado de Império
Bizantino pelos historiadores.
A civilização romana é muitas vezes agrupada na
"antiguidade
clássica" com a Grécia Antiga, uma
civilização que, junto com a civilização
etrusca e as muitas outras civilizações que os romanos conquistaram
e assimilaram, inspirou grande parte da cultura
da Roma Antiga. A Roma antiga contribuiu grandemente para o
desenvolvimento do direito,
governo, guerra, arte, literatura, arquitetura, tecnologia, religião e da linguagem no mundo ocidental e sua
história continua a ter uma grande influência sobre o mundo de hoje.
De acordo com a lenda, Roma
foi fundada em 753 a.C.
por Rômulo e
Remo, que foram criados por uma loba.
Os antigos povos que habitavam a região do Lácio, os latinos, pequeno povo de
camponeses indo-europeus
vindo da Ásia e do centro da Europa, nas proximidades
de Roma, desenvolveram uma economia baseada na agricultura e nas
atividades pastoris. A sociedade,
nesta época, era formada por patrícios (nobres
proprietários de terras) e plebeus
(comerciantes, artesãos e pequenos proprietários). O sistema político era a monarquia: a cidade era
governada por um rei, originalmente de origem latina, porém os últimos
reis do período monárquico foram de origem etrusca.
Os romanos deste período eram politeístas, venerando deuses semelhantes aos dos gregos (embora com nomes
diferentes). Os gregos também influenciavam, juntamente com os etruscos, as
primeiras formas de arte realizadas pelos romanos deste período.
Conforme a versão lendária da fundação de Roma,
relatada em diversas obras literárias romanas, tais como a Ab
Urbe condita libri (literalmente,
"desde a fundação da Cidade"), de Tito Lívio, e a Eneida, do poeta Virgílio, Eneias, príncipe troiano filho de Vénus,
fugindo de sua cidade, destruída pelos gregos, chegou ao Lácio e se casou com uma
filha de um rei latino.
Seus descendentes, Rómulo e Remo, filhos de Reia Sílvia, rainha da
cidade de Alba Longa, com o deus Marte, foram jogados por Amúlio, rei da cidade, no
rio Tibre. Mas foram salvos por
uma loba
que os amamentou, tendo sido, em seguida, encontrados por camponeses. Conta
ainda a lenda que, quando adultos, os dois irmãos voltaram a Alba Longa,
depuseram Amúlio e em seguida fundaram Roma, em 753 a.C. A data tradicional
da fundação
(21 de abril de 753 a.C.) foi
convencionada bem mais tarde por Públio
Terêncio Varrão, atribuindo uma duração de 35 anos a cada uma das
sete gerações correspondentes aos sete
mitológicos reis. Segundo a lenda, Rômulo matou o irmão e se
transformou no primeiro rei de Roma.
Monarquia
A documentação do período monárquico de Roma
encontrada até hoje é muito precária, o que torna este período menos conhecido
que os períodos posteriores. Várias dessas anotações registram a sucessão de
sete reis, começando com Rômulo
em 753 a.C., como representado
nas obras de Virgílio
(Eneida) e Tito Lívio (História de
Roma).
A região do Lácio foi habitada por
vários povos. Além dos latinos,
os etruscos tiveram um papel
importante na história da Monarquia de Roma, já que vários dos reis tinham
origem etrusca.
O último rei de Roma teria sido Tarquínio,
o Soberbo (534 a.C.-509 a.C.) que, em razão de
seu desejo de reduzir a importância do senado na vida política
romana, acabou sendo expulso da cidade e também assassinado. Este foi o fim da
monarquia em Roma.
Durante esse período, o monarca (rei) acumulava os
poderes executivo, judicial e religioso, e era auxiliado pelo senado, ou
conselho de anciãos, que detinha o poder legislativo e de veto, decidindo
aprovar, ou não, as leis criadas pelo rei.
Herdando
territórios do Império
Bizantino
República Romana é a expressão usada por convenção
para definir o Estado romano e suas provínciass
desde o fim do Reino de
Roma em 509 a.C.
ao estabelecimento do Império
Romano em 27 a.C..
Durante o período republicano, Roma transformou-se
de simples cidade-estado num grande império, voltando-se inicialmente para a
conquista da península
Itálica e mais tarde para a Gália e todo o mundo da
orla do mar
Mediterrâneo.
Império Romano
Império Romano é a designação utilizada por
convenção para referir o Estado
romano nos séculos que se seguiram à reorganização política efetuada pelo
primeiro imperador, Augusto.
Embora Roma possuísse colônias e províncias antes desta data, o estado
pré-Augusto é conhecido como República Romana.
Os historiadores fazem a distinção entre o Principado, período de
Augusto à crise
do terceiro século, e o Domínio ou Dominato que se estende de Diocleciano ao fim do Império Romano do Ocidente. Durante o Principado (da palavra latina princeps, que significa
primeiro), a natureza autocrática do regime era velada por designações e
conceitos da esfera republicana, manifestando os imperadores relutância em se
assumir como poder imperial. No Domínio (palavra com origem em dominus,
senhor), pelo contrário, estes últimos exibiam claramente os sinais do seu
poder, usando coroas, púrpuras e outros ornamentos simbólicos do seu estatuto.
Roma fazia o controle social atraves da política do pão e circo, até hoje copiado por muitos políticos brasileiros nas regiões mais pobres.
Sociedade
A toga era o traje distintivo
dos homens romanos, enquanto as mulheres usavam estolas.
A túnica era usado sob a
toga, embora os pobres, escravos e crianças pequenas usassem apenas túnicas.
Os principais grupos sociais que se construíram em
Roma eram os patrícios,
os clientes, os plebeus e os escravos.
- Ordem senatorial: eram grandes proprietários de terras, rebanhos e escravos. Desfrutavam de direitos políticos e podiam desempenhar altas funções públicas no exército, na religião, na justiça ou na administração. Eram os cidadãos romanos.
- Ordem equestre: eram homens livres que se associavam aos patrícios, prestando-lhes diversos serviços pessoais em troca de auxílio econômico e proteção social. Constituíam ponto de apoio da dominação política e militar dos patrícios.
- Plebeus: eram homens e mulheres livres que se dedicavam ao comércio, ao artesanato e aos trabalhos agrícolas. Apesar da conotação do nome, havia plebeus ricos.
- Escravos: Representavam uma propriedade, e, assim, o senhor tinha o direito de castigá-los, de vendê-los ou de alugar seus serviços. Muitos escravos também eram eventualmente libertados.
Casamento
Nos primeiros séculos da República
Romana, existiam simultaneamente duas formas de casamento: a confarreatio,
própria dos patrícios, e a coemptio, que era o casamento plebeu. A confarreatio
consistia essencialmente numa cerimônia religiosa celebrada diante do altar
doméstico: espalhava-se sobre a vítima imolada uma papa de farinha (feita de
espelta, far) e dividia-se pelos noivos, que o comiam, um bolo, também feito de
espelta. O caráter rústico e sem dúvida propriamente latino e muito arcaico
deste rito é evidente. Constituía o momento solene das núpcias, mas era
precedido e seguido de toda uma série de práticas pitorescas descritas pelos
autores antigos.
Na véspera do casamento, a jovem noiva oferecia as
suas bonecas aos lares da casa paterna. No mesmo dia, vestia uma túnica branca
(tunica recta) cujo pano fora tecido segundo um processo arcaico e que
apertava na cintura com dois nós. Penteava o cabelo com a ajuda de um
instrumento especial em ponta de lança (hasta caelibaris): o cabelo era
dividido em seis madeixas atadas com pequenas fitas e reunidas num carrapito.
Em seguida, sobre o cabelo assim penteado, dispunha-se um véu cor de laranja (flamineum)
e por cima da túnica um manto (palla), espécie de xale largo que envolvia
a parte superior do corpo. Por vezes, acrescentava-se uma coroa de flores e
várias joias, um colar de ouro, pulseiras. A jovem noiva calçava sandálias da
mesma cor que o flamineum.
A espelta ou trigo-vermelho
(Triticum spelta) é uma espécie da família
das gramíneas, próxima do trigo. Muito consumido em partes da Europa desde a Idade do Bronze até a Idade Média, hoje é pouco
plantado, embora ainda seja cultivado na Europa Central e na Itália, e tenha encontrado
um novo mercado na área de alimentos saudáveis. Por vezes, a espelta é
considerada uma subespécie
do trigo comum (T. aestivum) e recebe o nome científico Triticum
aestivum subsp. spelta.
Terra e propriedade
Na Roma antiga, a agricultura era a atividade
econômica fundamental, diferente de outros povos da época, que preferiam dar
maior importância ao comércio e ao artesanato. Mas isso se deve, em parte, à
geografia favorável da península
Itálica, que, ao contrário das terras da Grécia, por exemplo,
permitia o trabalho agrícola em grande escala.
Alguns especialistas recentes acreditam que Roma se
tenha formado a partir de uma aldeia de agricultores e pastores. Inicialmente,
a terra era utilizada de forma comunitária, com base em grupos de famílias
chamados clãs ou gens. Mas essa situação começara a mudar com a
expansão de territórios e o crescimento econômico e populacional. As famílias
mais antigas e poderosas, que possuíam terras mais férteis, passaram a
apropriar-se de terras que até então eram públicas.
Num processo de ocupação de terras, os romanos
chegaram numa situação em que, de um lado, havia os grandes latifundiários que
concentravam todos os poderes políticos das regiões e, de outro, os pequenos
proprietários que, sem direitos de manifestação e de representação, viam-se
arruinados pela contínua perda de suas próprias terras. Isso causou
desequilíbrios sociais e, durante vários séculos, conflitos.
Força
militar
Uma balista romana.
Roma foi um Estado militarista cuja história e desenvolvimento sempre foram muito relacionados às grandes conquistas militares, durante os seus doze séculos de existência. Então, o tema central a ser falado quando se discute a história militar da Roma Antiga é o sucesso conseguido pelos exércitos romanos em batalhas campais que garantiam sua hegemonia, desde a conquista da península Itálica às batalhas finais contra os bárbaros.
A maior prova do sucesso militar do Império Romano foi sua
expansão territorial, pela qual Roma passou de uma simples cidade-estado para um
verdadeiro império, que abrangia boa
parte da atual Europa
Ocidental, boa parte do norte da África e uma parte da Ásia. Essas grandes
conquistas militares do Império Romano se deram
pelo avanço da ciência militar que ela desenvolveu, inovando cada vez mais na
indústria bélica. Eles criaram armas que envolviam tática e força, como o corvo, o gládio, o pilo e a catapulta; mas também
deve-se ressaltar que as conquistas romanas se deram pela grande organização e
empenho dos exércitos.
Podemos citar algumas guerras onde os Romanos
tiveram grande êxito, como: As Guerras Samnitas, as Guerras Púnicas, a Guerra
Lusitânica, as Guerras
macedônicas, a Guerra Jugurtina, as Guerras
Mitridáticas, as Guerras
da Gália, as Guerras
Cantábricas, as Guerras Germânicas de Augusto, as invasões
romanas das ilhas britânicas, as Campanhas de Trajano na Dácia e as Campanhas de
Trajano na Pártia. Mas os romanos não
tiveram apenas guerras expansionistas, isto é, fora de seu território, também
tiveram, assim como todos os impérios, revoltas e rebeliões internas. Dentre as
quais, podemos citar: as revoltas do Ano dos quatro imperadores, as Guerras civis Romanas
(várias), a Guerra Social, os Motins de Nika, a Revolta
dos Batavi, as revoltas dos judeus (várias) e as Guerras Servis. E no
contexto de guerras expansionistas, revoltas e rebeliões romanas, não
poderíamos deixar de destacar alguns dos grandes líderes militares de Roma, os
grandes generais: Júlio César;
Pompeu, o Grande; Lúcio
Cornélio Sula; Caio Mário;
Cipião
Africano e Quintus Fabius Maximus Verrucosus.
Engenharia, arquitetura e tecnologia
Pont du Gard, na França, é um aqueduto romano construído em c. 19 a.C. É um Patrimônio
Mundial.
Além de construir estradas que ligavam todo o
império, os romanos edificaram aquedutos
que levavam água limpa até as cidades e também desenvolveram complexos sistemas
de esgoto para dar vazão à água servida e aos dejetos das casas.
A arquitetura romana sofreu uma enorme influência
da arquitetura
grega, porém, adquiriu algumas características próprias. Os romanos,
por exemplo, modificaram a linguagem arquitetônica que receberam dos gregos,
uma vez que acrescentaram aos estilos herdados (dórico, jônico e coríntio) duas novas formas
de construção: os estilos toscano
e compósito.
As características que abrangiam os traços arquitetônicos gregos e romanos
foram chamadas de Arquitetura Clássica por muitos escritores. Alguns exemplos
característicos deste estilo expandiram-se por toda a Europa, devido ao
expansionismo do Império Romano, nomeadamente o aqueduto, a basílica, a estrada romana, o Domus, o Panteão, o arco do triunfo, o anfiteatro, termas e
edifícios comemorativos.
A Via Ápia (Via Appia),
uma estrada romana que liga a
cidade de Roma ao sul da Itália, permanece
utilizável até hoje.
A evolução da arquitetura
romana reflete-se fundamentalmente em dois âmbitos principais: o das
escolas públicas e o das particulares. No âmbito das escolas públicas, as obras
(templos, basílicas, anfiteatros, etc) apresentavam dimensões monumentais e
quase sempre formavam um conglomerado desordenado em torno do fórum - ou praça
pública - das cidades.
As obras particulares, como os palácios urbanos e
as vilas de veraneio da classe patrícia, se desenvolveram em regiões
privilegiadas das cidades e em seus arredores, com uma decoração deslumbrante e
distribuídas em torno de um jardim.
A plebe vivia em construções de insulae,
muito parecidos com nossos atuais edifícios, com portas que davam acesso a
sacadas e terraços, mas sem divisões de ambientes nesses recintos. Seus característicos
tetos de telha de barro cozido ainda subsistem em pleno século XXI.
Cultura
Os balneários romanos espalharam-se pelas grandes
cidades. Eram locais onde os senadores e membros da aristocracia romana iam
para discutirem política e ampliar seus relacionamentos pessoais.
A língua romana era o latim, que depois de um tempo espalhou-se
pelos quatro cantos do império, dando origem, na Idade Média, ao português,
francês,
italiano,
romeno e espanhol
(línguas
neolatinas).
A mitologia romana
representava formas de explicação da realidade que os romanos não conseguiam
explicar de forma científica. Trata também da origem de seu povo e da cidade
que deu origem ao império. Entre os principais mitos romanos, podemos destacar
o mito da Fundação
de Roma, com Rômulo e Remo
e o Rapto das Sabinas.
Língua
A língua nativa dos romanos
era o latim, uma língua
itálica. Seu alfabeto
era baseado no alfabeto
etrusco, que por sua vez era baseado no alfabeto grego. Embora a
maior parte da literatura
latina sobrevivente seja composta quase inteiramente pelo latim clássico, uma língua
literária e altamente estilizada, polido e artificial do século I
aC, a língua
falada do Império
Romano era o latim
vulgar, que diferia significativamente do latim clássico em aspectos
como gramática e vocabulário, e,
eventualmente, na pronúncia.
Enquanto o latim continuou a ser a principal língua
escrita do Império Romano, o grego veio a ser a língua
falada pela elite bem-educada, visto que a maioria da literatura estudada pelos
romanos era escrito em grego. Na metade oriental do Império Romano, que mais
tarde se tornou o Império
Bizantino, o latim nunca foi capaz de substituir o grego e, após a
morte de Justiniano
I, o grego se tornou a língua oficial do governo
bizantino. A expansão do Império Romano
espalhou o latim em toda a Europa e
o latim vulgar evoluiu para dialetos
em diferentes locais, mudando gradualmente e se tornando as muitas línguas
românicas distintas atuais.
Religião
Desde os tempos da fundação de Roma, havia a crença em muitos deuses. Ao
longo dos séculos, os romanos assimilaram numerosas influências religiosas. No
princípio, as divindades eram cultuadas nos lares e, com a consolidação do
Estado, os deuses passaram a ser cultuados publicamente, com sacerdotes
presidindo as cerimônias. Conquistada a Magna Grécia, os deuses
romanos se confundiram com os gregos, aos quais foram atribuídos nomes latinos.
A expansão territorial e o advento do Império
levaram à incorporação de cultos orientais, além daqueles de origem
helenística. Os romanos cultuavam, por exemplo, o deus persa Mitra, o que incluía a
crença em um redentor que praticava o batismo e a comunhão pelo pão e pelo
vinho.
Conversão ao cristianismo
Pórtico
do Templo de Antonino e Faustina, mais tarde transformado em uma
igreja.
Na Judeia,
uma das províncias
romanas no Oriente,
facções políticas locais se digladiavam em fins do século I a.C. De um lado, a
aristocracia e os sacerdotes judeus aceitavam a dominação romana, pois os
primeiros obtinham vantagens comerciais e os segundos mantinham o monopólio da
religião. Entre as várias seitas judaicas que coexistiam na região, estavam a
dos fariseus, voltados para a
vida religiosa e estudo da Torá, e a
dos essênios, que pregavam a
vinda do Messias, um rei poderoso que lideraria os judeus rumo à independência.
Nesse clima de agitação, durante o governo de Augusto, nasceu, em Belém,
um judeu chamado Jesus.
Apegados ao monoteísmo,
os cristãos não juravam o
culto divino ao imperador, provocando reações violentas. As perseguições
ocorreram em curtos períodos, embora violentos, na medida em que o culto divino
ao imperador, estabelecido por Augusto
mas formalizado por Domiciano,
era aplicado nas províncias . Muitos foram perseguidos, outros morreram nas
arenas, devorados por feras. Ao mesmo tempo, cada vez mais pessoas se
convertiam ao cristianismo, especialmente pobres e escravos, que se voltavam
para a Igreja por acreditarem na promessa de vida eterna no Paraíso.
Em 313, o imperador
Constantino I fez publicar
o Édito de
Milão, que instituía a tolerância religiosa no império, beneficiando
principalmente os cristãos. Com isso, recebeu apoio em sua luta para se tornar
o único imperador e extinguir a tetrarquia. Em 361, assumiu o trono Juliano,
o Apóstata, que tentou reerguer o paganismo, dando-lhe
consistência ético-filosófica e reabrindo os templos. Três anos depois o
imperador morreu e, com ele, as tentativas de retomar a antiga
religião romana. Em 391, Teodósio I (379-395)
oficializou o cristianismo nos territórios romanos e perseguiu os dissidentes.
Após seu reinado, o império foi dividido em duas partes. Os filhos de Teodósio
assumiram o poder: Arcádio
herdou o Império
Romano do Oriente, cujo centro político era Constantinopla (antiga
Bizâncio, rebatizada em homenagem ao imperador Constantino, localizava-se onde
hoje é a cidade turca de Istambul);
a Honório coube o Império Romano do Ocidente, com capital em Roma.
Pintura
de uma mulher tocando cítara.
A cultura
romana foi muito influenciada pela cultura grega. Os romanos
adotaram muitos aspectos da arte, pintura e arquitetura grega. Ao longo de sua
história, a arte romana sofreu três
grandes influências: a etrusca
(na técnica), a grega (na decoração) e a
oriental (na monumentalidade). É comum se dizer que Roma conquistara a Grécia militarmente, fora
por ela conquistada culturalmente. No começo do período imperial, destacavam-se
os romanos que dominavam a língua grega, vestiam-se
como os gregos e conheciam as notícias sobre Atenas e Corinto. Em Roma, as casas
da elite eram decoradas com estátuas e vasos gregos, originais ou réplicas.
Roma tornara-se "a maior cidade grega do mundo".
A arte romana desenvolveu-se principalmente a
partir do século II
a.C. Para os romanos, a arquitetura era uma arte prática por
excelência. Construíram obras importantes, como pontes, viadutos, aquedutos,
arcos e colunas triunfais, estradas, termas, teatros, anfiteatros e circos.
Destacavam-se as técnicas do arco pleno ou de meia circunferência, que
permitiam a construção de abóbadas e cúpulas, e da coluneta ou conjunto de
colunas. Embora se valessem de estilos gregos - jônico e coríntio -, os romanos
desenvolveram dois tipos de colunas: a toscano e o compósito (uma sobreposição
dos dois estilos gregos mencionados). Desenvolvendo novas concepções de espaço,
os arquitetos romanos souberam solucionar problemas de ventilação, iluminação e
circulação. Utilizaram largamente pedras e tijolos bem cozidos para edificar e
argamassas e mármore nos revestimentos.
A arte cristã primitiva nasceu na fase da
perseguição, o que provavelmente explica os poucos exemplares restantes.
Perseguidos e impedidos de demonstrar sua fé entre os séculos I e IV, os cristãos desenhavam
e pintavam símbolos nas paredes das catacumbas.
Feudalismo
O feudalismo foi um modo de organização
social e político baseado nas relações servo-contratuais (servis). Tem suas
origens na decadência do Império Romano. Predominou
na Europa durante a Idade Média.
Segundo o teórico escocês do Iluminismo, Lord Kames, o feudalismo é
geralmente precedido pelo nomadismo
e sucedido pelo capitalismo
em certas regiões da Europa. Os senhores feudais conseguiam as terras porque o
rei lhes dava. Os camponeses cuidavam da agropecuária dos feudos e, em troca, recebiam o direito a uma
gleba de terra para morar, além da proteção contra ataques bárbaros. Quando os servos
iam para o manso
senhorial, atravessando a ponte, tinham que pagar um pedágio, exceto
quando para lá se dirigiam a fim de cuidar das terras do Senhor Feudal.
O feudalismo tem suas origens no século IV a partir das
invasões germânicas
(bárbaras) ao Império Romano do Ocidente (Europa).
Com a decadência e a destruição do Império Romano do Ocidente,
por volta do século V
d.C. (de 401 a 500), em decorrência das inúmeras invasões dos
povos bárbaros e das péssimas políticas econômicas dos imperadores romanos,
várias regiões da Europa passaram a
apresentar baixa densidade populacional e ínfimo desenvolvimento urbano.
O esfacelamento do Império Romano do Ocidente e as
invasões bárbaras, ocorridas em diversas regiões da Europa, favoreceram
sensivelmente as mudanças econômicas e sociais que vão sendo introduzidas e que
alteraram completamente o sistema de propriedade e de produção característicos
da Antiguidade principalmente
na Europa Ocidental. Essas mudanças acabam revelando um novo sistema econômico,
político e social que veio a se chamar Feudalismo. O Feudalismo não coincide
com o início da Idade Média (século V d.C.), porque este sistema começa a ser
delineado alguns séculos antes do início dessa etapa histórica (mais
precisamente, durante o início do século IV), consolidando-se
definitivamente ao término do Império Carolíngio, no século IX d.C.
Em suma, com a decadência do Império Romano e as
invasões bárbaras, os nobres romanos começaram a se afastar das cidades levando
consigo camponeses (com medo de serem saqueados ou escravizados). Já na Idade
Média, com vários povos bárbaros dominando a Europa
Medieval, foi impossível unirem-se entre si e entre os descendentes
de nobres romanos, que eram donos de pequenos agrupamentos de terra. E com as
reformas culturais ocorridas nesse meio-tempo, começou a surgir uma nova
organização econômica e política: o feudalismo.
Características
As características gerais do feudalismo são:
poder descentralizado, economia baseada na agricultura de subsistência, trabalho servil e economia
amonetária e sem comércio, onde predomina a troca (escambo). Tudo isso só será
modificado com os primeiros indícios das Revoluções
Burguesas.
Sociedade
A sociedade feudal era composta por três estamentos (mesmo que
grupos sociais com status praticamente fixo, não se pode dizer que a mudança de
classe social não existia, pois alguns camponeses tornavam-se padres e passavam
a integrar o baixo clero, por exemplo, mas essa mudança era rara e um servo
dificilmente ascenderia à outra posição): os Nobres (guerreiros, bellatores), o
Clero (religiosos, oratores), e os servos (mão de obra, laboratores). O que
determinava o status social era o nascimento. Havia também a relação de suserania entre os Nobres,
onde um nobre (suserano) doa um feudo para um outro nobre (vassalo).
Apresentava pouca ascensão social e quase não existia mobilidade social (a
Igreja foi uma forma de promoção de mobilidade).
- O clero tinha como
função oficial rezar. Na prática, exercia grande poder político sobre uma
sociedade bastante religiosa, onde o conceito de separação entre a
religião e a política era desconhecido. Mantinham a ordem da sociedade
evitando, por meio de persuasão e criação de justificativas religiosas,
revoltas e contratações camponesas.
- A nobreza (também
chamados de senhores feudais) tinha como principal função a de guerrear,
além de exercer considerável poder político sobre as demais classes. O Rei
lhes cedia terras e estes lhe juravam ajuda militar (relações de suserania
e vassalagem).
- Os servos da gleba
constituíam a maior parte da população camponesa: estavam presos à terra,
sofriam intensa exploração, eram obrigados a prestarem serviços à nobreza
e a pagar-lhes diversos tributos em troca da permissão de uso da terra e
de proteção militar. Embora geralmente se considere que a vida dos
camponeses fosse miserável, a palavra "escravo" seria imprópria.
Para receberem direito à moradia nas terras de seus senhores, juravam-lhe
fidelidade e trabalho. Por sua vez, os nobres, para obterem a posse do
feudo faziam o mesmo juramento aos reis.
- Os Vassalos oferecem ao senhor ou suserano, fidelidade e trabalho em troca de proteção e um lugar no sistema de produção. As redes de vassalagem estendiam-se por várias regiões, sendo o rei o suserano mais poderoso.
Economia e prosperidade
A produção feudal própria do Ocidente europeu tinha
por base a economia agrária, de escassa circulação monetária, auto-suficiente.
A propriedade feudal pertencia a uma camada privilegiada, composta pelos
senhores feudais, altos dignitários da Igreja, (o clero) e longínquos descendentes
dos chefes tribais germânicos. As estimativas de renda per capita da Europa
feudal a colocam em um nível muito próximo ao mínimo de subsistência.
A principal unidade econômica de produção era o
feudo, que se dividia em três partes distintas: a propriedade individual do
senhor, chamada manso senhorial ou domínio, em cujo interior se erigia um
castelo fortificado; o manso servil, que correspondia à porção de terras arrendadas
aos camponeses e era dividido em lotes denominados tenências; e ainda o manso
comunal, constituído por terras coletivas - pastos e bosques - , usadas tanto
pelo senhor quanto pelos servos.
Devido ao caráter expropriador do sistema feudal, o
servo não se sentia estimulado a aumentar a produção com inovações
tecnológicas, uma vez que tudo que produzia de excedente era tomado pelo
senhor. Por isso, o desenvolvimento técnico foi pequeno, limitando aumentos de
produtividade. A principal técnica adaptada foi a de rotação trienal de culturas, que evitava o esgotamento do
solo, mantendo a fertilidade da terra.
Para o economista anarco-capitalista
Hans
Hermann Hoppe, como os feudos são supostamente propriedade do Estado (neste caso, representado pelos
senhores feudais), o feudalismo é, consequentemente, considerado por ele como
sendo uma forma de manifestação socialista - o socialismo
aristocrático (servismo).
Tributos e impostos da época
As principais obrigações dos servos consistiam em:
- Corveia: trabalho
compulsório nas terras do senhor (manso senhorial) em alguns dias da
semana;
- Talha: parte da
produção do servo deveria ser entregue ao nobre, geralmente um terço da
produção;
- Banalidade: tributo
cobrado pelo uso de instrumentos ou bens do feudo, como o moinho, o forno, o celeiro, as pontes;
- Capitação: imposto
pago por cada membro da família (por cabeça);
- Tostão
de Pedro ou dízimo:
10% da produção do servo era pago à Igreja, utilizado para a manutenção da
capela local;
- Censo: tributo que os
vilões (pessoas livres, vila) deviam pagar, em dinheiro, para a nobreza;
- Taxa
de Justiça: os servos e os vilões deviam pagar para serem
julgados no tribunal do nobre;
- Formariage: quando o nobre resolvia se casar, todo servo era
obrigado a pagar uma taxa para ajudar no casamento, regra também válida
para quando um parente do nobre iria casar. Todo casamento que ocorresse
entre servos deveria ser aceito pelo suserano. No sul da França,
especificamente, o Senhor poderia ou não determinar que a noite de núpcias
de uma serva seria para o usufruto dele próprio e não do marido oficial.
Tal fato era incomum no restante da Europa, pois a igreja
o combatia com veemência;
- Mão Morta: era o
pagamento de uma taxa para permanecer no feudo da família servil, em caso
do falecimento do pai ou da família;
- Albergagem: obrigação do servo em hospedar o senhor feudal caso fosse necessário.
Muitas cidades europeias da Idade Média tornaram-se
livres das relações servis e do predomínio dos nobres. Essas cidades
chamavam-se burgos. Por motivos políticos,
os "burgueses" (habitantes dos burgos) recebiam frequentemente o
apoio dos reis que, muitas vezes,
estavam em conflito com os nobres. Na língua alemã, o ditado Stadtluft
macht frei ("O ar da cidade liberta") ilustra este
fenômeno. Em Bruges, por exemplo,
conta-se que certa vez um servo escapou da comitiva do conde de Flandres e
fugiu por entre a multidão. Ao tentar reagir, ordenando que perseguissem o
fugitivo, o conde foi vaiado pelos "burgueses" e obrigado a sair da
cidade. Desta maneira, o servo em questão tornou-se livre.
Ascensão e queda do sistema
O feudalismo europeu apresenta, portanto, fases bem
diversas entre o século IX,
quando os pequenos agricultores são impelidos a se proteger dos inimigos junto
aos castelos, e o século XIII,
quando o mundo feudal conhece seu apogeu, para declinar a seguir.
No século X, o sistema ainda
está em formação e os laços feudais unem apenas os proprietários rurais e os
antigos altos funcionários ou Ministeriais - administradores da propriedade feudal em nome
de um senhor -, dos quais destacamos os Bailios (tomavam conta de uma propriedade menor) e os Senescais (supervisionavam os vários domínios de um mesmo
senhor). Entre os camponeses existiam homens livres - os Vilões - com propriedades
menores independentes. A monarquia feudal não apresenta a rigidez que caracterizaria
o regime monárquico posteriormente e a ética feudal não está plenamente
estabelecida.
Entretanto, a partir do ano 1000 até cerca de 1150, o Feudalismo entra em transformação: a
exploração camponesa torna-se intensa, concentrada em certas regiões
superpovoadas, deixando áreas extensas de espaços vazios; surgem novas técnicas
de cultivo, novas formas de utilização dos animais e das carroças, o que
permitiu a produção agrícola garantir um aumento significativo, surgindo,
assim, a necessidade de comercialização dos produtos excedentes. Esse renascimento
do comércio e o consequente aumento da circulação monetária, reabilita a
importância social das cidades e suas comunas. Com as Cruzadas, esboça-se uma
abertura para o mundo, quebrando-se o isolamento do feudo.
O restabelecimento do comércio com o Oriente Próximo e o
desenvolvimento das grandes cidades, começam a minar as bases da organização
feudal, na medida em que aumenta a demanda de produtos agrícolas para o
abastecimento da população urbana. Isso eleva o preço dessas mercadorias,
permitindo aos camponeses maiores fundos para a compra de sua liberdade. Não
que os servos fossem escravos; com o excedente produzido, poderiam comprar de
seus senhores lotes de terras e, assim, deixar de cumprir suas obrigações junto
ao senhor feudal. É claro que esta situação poderia gerar problemas já que, bem
ou mal, o servo vivia protegido dentro do feudo e, para evitá-los, tornavam-se
comerciantes ou iam morar em burgos,
dominados por outros tipos de senhores, desta vez, comerciais. Ao mesmo tempo, a expansão do comércio cria
novas oportunidades de trabalho, atraindo os camponeses para as cidades.
Tais acontecimentos, aliados à formação dos
exércitos profissionais — o Rei, agora, não dependeria mais dos serviços
militares prestados por seus vassalos —, à insurreição camponesa, à peste, à
falta de alimentos decorrente do aumento populacional e baixa produtividade
agrária, contribuíram para o declínio do feudalismo europeu. Na França, nos Países Baixos e na Itália, seu desaparecimento
começa a se manifestar no final do século XIII. Na Alemanha e na Inglaterra, entretanto, ele
ainda permanece mais tempo, extinguindo-se totalmente na Europa ocidental por
volta de 1500. Em partes da Europa central e oriental, porém, alguns
remanescentes resistiram até meados do século XX, como, por exemplo, a Rússia, que só viria a se
libertar dos resquícios feudais com a Revolução
de 1917.
Nenhum comentário:
Postar um comentário