domingo, 19 de dezembro de 2010

UM MATA O OUTRO ESFOLA

Estado brasileiro matou 556 civis em 32 conflitos esquecidos do século XX
Reportagem do Estado resgata revoltas populares sem ideologia nem tutela de partidos políticos ou de instituições religiosas.

Tropas legais fuzilaram ou causaram a morte de pelo menos 556 civis e tiveram 100 baixas ao reprimir 32 revoltas desconhecidas ou simplesmente esquecidas no Brasil ao longo do século XX. Os episódios mostram a paranoia do Estado brasileiro em usar seu poder de fogo para conter beatos barbudos, rezadeiras, descontentes com a política econômica ou pequenos agricultores em busca de terra, e tomar partido de latifundiários e grileiros nas brigas com posseiros.

Foram revoltas populares sem ideologia ou tutela de partidos políticos e instituições militares ou religiosas. Neste caderno, essas revoltas não são chamadas de guerras pelo grau do confronto de forças e sim pelo poderio de fogo da repressão e pelas marcas deixadas nos lugares onde ocorreram. O que ficou são traumas de guerra - e é assim que, do Norte ao Sul do País, testemunhas e protagonistas referem-se ao episódio do qual participaram. A máquina policial do Estado nunca olhou o tempo histórico para tratar revoltosos dos sertões. A fúria da repressão foi igual em momentos de exceção ou de democracia.

A elaboração do mapa das revoltas e as reportagens deste caderno tiveram como ponto de partida a consulta a coleções de inquéritos criminais, das Secretarias de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Paraná, Pará, Pernambuco e Minas Gerais - Estados sempre citados nos estudos sobre conflitos rurais, da década de 1930 aos anos 1960. O levantamento das revoltas se baseou ainda nos dados dos Departamentos de Ordem Política e Social (Dops) dos Estados e das atas do Conselho de Segurança Nacional (CSN) e dos relatórios do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI), relativos aos anos 1970 e 1980, guardados no Arquivo Nacional. Pesquisas complementares foram feitas em centros culturais e cartórios criminais e cíveis.
Investigação. Foram consultados ainda diários de famílias, cartas, atas de compra e venda de terras, livretos mimeografados, papéis de paróquias, telegramas, cartões postais, boletins policiais, denúncias de comarcas, bilhetes de rebeldes, dados de hospitais e cemitérios, documentos de prefeituras, gravações, recortes de jornais regionais, álbuns particulares de fotos, arquivos privados de agentes policiais e das Forças Armadas. Para localizar testemunhas e participantes dos conflitos, recorreu-se até a cadastros de fregueses de compra a fiado no comércio.

Uma viagem aos cenários das revoltas genuínas da terra põe em debate a versão de que a população civil dos sertões assistiu calada a duas ditaduras do período republicano - os regimes Vargas e militar. Embora sem conexão, esses conflitos revelam, em sua soma, a face de inconformismo dos brasileiros, que vivem em rincões tão distantes e isolados que parecem integrar outra nação.

A pobreza, a falta de alternativas de renda e a confiança em beatos messiânicos são características de boa parte das revoltas e elos com movimentos como Canudos e Pedra do Reino, no Nordeste. E em cada revolta o Estado via Antônio Conselheiro, líder de Canudos.

A pesquisa não contabilizou mortes em conflitos que ganharam destaque nacional e são sempre lembrados por entidades não-governamentais, como o que resultou no assassinato do líder seringueiro Chico Mendes, em 1988, no Acre, o de Corumbiara, em Rondônia (1995), e Eldorado do Carajás, no Pará (1996) - apoiados pelo Movimento dos Sem-Terra - , além de outros mais antigos, como a Guerra do Contestado, em Santa Catarina (1912-1916) e Revoltas da Vacina (1904) e da Chibata (1910), no Rio.

Ficaram ainda de fora mortes causadas por repressão em greves nas grandes cidades.

SÓ FALTAVA ESSA! PARA FECHAR COM "CHAVE DE OURO"

Governo Lula vai pagar indenização de R$ 44,6 milhões para a UNE
Dinheiro deverá ser aplicado integralmente na construção de nova sede, no Rio, no mesmo lugar em que o antigo foi metralhado e incendiado em 31 de março de 1964, dia do golpe militar.

No apagar das luzes, o governo Luiz Inácio Lula da Silva autorizou o pagamento de uma bolada de R$ 44,6 milhões à União Nacional dos Estudantes (UNE), como reparação pelos danos causados à entidade durante a ditadura militar (1964-1985). A primeira parcela, de R$ 30 milhões, caiu na conta da entidade na sexta-feira, 17, mesmo, depositada pela Comissão da Anistia, escalada para saldar a conta. Os R$ 14,6 milhões restantes entrarão no orçamento de 2011.

Sede histórica. Prédio doado por Vargas em 1942 foi destruído por incêndio em abril de 1964.

O dinheiro, segundo compromisso da direção da UNE, será integralmente aplicado na construção da nova sede, projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer. Com 13 andares, o prédio será erguido no mesmo terreno, na praia do Flamengo, onde o antigo foi metralhado e incendiado em 31 de março de 1964, dia do golpe militar. Doado à entidade pelo ex-presidente Getúlio Vargas em 1943, o local é hoje um dos endereços mais caros do País.

A pedra fundamental da obra será simbolicamente lançada em alto estilo na próxima segunda-feira, às 17hs, com a presença de autoridades, artistas e intelectuais de todo o País. Com dinheiro em caixa, a construção será iniciada no primeiro semestre em 2011 e a inauguração está prevista para 2013. Esta é primeira indenização coletiva paga pelo governo brasileiro por danos da ditadura.

A lei da anistia (1979) só ampara reparações de caráter pessoal a familiares e vítimas da repressão política. A reparação decorre de lei (número 12.260), proposta pelo Executivo e aprovada pelo Congresso em junho passado. Responsável pelo presente natalino, o presidente de Lula é o convidado de honra e deverá estar presente. Todos os ex-presidentes da entidade foram convidados, entre os quais o ex-governador de São Paulo José Serra, que está em viagem ao exterior e não confirmou presença.

A medida abre um precedente para indenização institucional a outras entidades civis, religiosas e políticas que sofreram perseguições nos anos de chumbo. Mas elas terão de se articular e seguir o mesmo caminho da UNE para aprovação de lei no Congresso. “É justo do ponto de vista político e histórico e totalmente defensável do ponto de vista jurídico”, afirmou o secretário nacional da juventude, ligado à Secretaria-Geral da Presidência, Beto Cury, que coordenou a tramitação do processo na comissão que fixou o valor.

O presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, explicou que a maioria dos países até prefere fazer reparações coletivas, sobretudo os que tiveram massacres de comunidades inteiras. É o caso do Chile, Peru, Colômbia, Bolívia e El salvador. “No caso da UNE, a agressão transpassa o dano individual, pois todo brasileiro estudante na ditadura foi subtraído no seu direito representativo”, explicou. “Aquele incêndio simboliza tudo o que foi ceifado em termos estudantis no país”.

Com a reparação, segundo Abrão, o estado democrático reconhece a importância do movimento estudantil na vida do país. “Além disso, o Brasil ganha mais um patrimônio histórico de um ícone da arquitetura mundial”, disse ele, referindo-se a Niemeyer. “Vamos causar inveja ao mundo, pois não haverá outra entidade estudantil no planeta com uma sede desse porte”, acrescentou. Segundo o dirigente, a nova sede será uma referência cultural dos tempos pré-64 e simbolizará a retomada do protagonismo do movimento estudantil na vida da nação.

Mas a conquista abre espaço, a seu ver, para correção de uma das maiores injustiças do País: a reparação coletiva devida a centenas de camponeses atingidos pela guerrilha do Araguaia, apanhados no fogo cruzado entre guerrilheiros e as forças da repressão. Até agora, apenas 44 agricultores tiveram reconhecido o direito a uma modesta pensão mensal de três salários mínimos (R$ 1.545), além de uma indenização retroativa de menos de R$ 100 mil para recomposição patrimonial.

Aprovada há mais de um ano, a reparação até agora não foi paga porque a justiça federal do Rio concedeu liminar suspendendo o benefício, em ação popular movida por um deputado carioca. “A ditadura causou danos significativos a vários segmentos da sociedade, mas entre os mais injustiçados, sem dúvida, estão os camponeses do Araguaia”, afirmou.

Nos anos 80, ainda na ditadura, o escombro da antiga sede da UNE foi demolido e em 1987 o terreno foi invadido por um grileiro, que explorou o espaço até 1994, quando o presidente Itamar Franco devolveu a escritura à entidade. Em meio a uma disputa judicial, a UNE invadiu o terreno em 2007 e iniciou o trabalho político para reconstrução da sua sede.

E conseguiu será que foi devido o apoio dado ao fracasso do ENEM PARTE III ?

Perguntar não ofende.

BUSCANDO A INTERAÇÃO NAS PRÁTICAS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL (ANO 2010)

A Educação Ambiental enquanto prática educativa não deve resumir-se apenas a algumas comemorações de datas como o dia mundial do meio ambiente, o dia da árvore o dia do índio etc...,. mas também ao desenvolvimento de atividades de longa duração por parte da comunidade escolar. É este tipo de atividade que vai realmente causar alguma correção de rota no comportamento do ser humano e, nas crianças, fará germinar a semente da cidadania, da responsabilidade em todos.

Devemos lançar mão dela, a Educação Ambiental (EA), que pode ser definida como sendo elemento integrador dos sistemas educativos de que dispõe a sociedade para fazer com que a comunidade tome consciência do fenômeno do desenvolvimento e de suas implicações ambientais. Para tanto, deverá servir não só para transmitir conhecimentos, mas também para desenvolver habilidades e atitudes que permitam ao homem atuar efetivamente no processo de manutenção do equilíbrio ambiental de modo a garantir uma qualidade de vida condizente com suas necessidades e aspirações. ,A Educação Ambiental não é a solução "mágica" para os problemas ambientais, é um processo contínuo de aprendizagem de conhecimento e exercício de cidadania, capacitando o indivíduo para uma visão crítica da realidade e uma atuação consciente no espaço social.
Portanto, a mudança de paradigmas no que concerne às relações do homem com seu meio é de vital importância de tal forma que possamos mudar crenças, atitudes e posturas em relação ao meio ambiente.

Para poder dar respostas ao conjunto das suas missões, a educação deve organizar-se em torno de quatro aprendizagens fundamentais que, ao longo de toda a vida, serão de algum modo para cada indivíduo, os pilares do conhecimento: 1- Aprender a conhecer, isto é, adquirir os instrumentos da compreensão; 2- Aprender a fazer , para poder agir sobre o meio envolvente; 3_Aprender a viver juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas e, finalmente, 4- Aprender a ser, via essencial que integra aos três precedentes.
Segundo Delors, 2001 O ensino formal “...orienta-se, essencialmente, se não exclusivamente, para o aprender a conhecer e, em menor escala, para o aprender a fazer.

No contexto da prática pedagógica e curricular, o trabalho de Educação Ambiental deve ser desenvolvido a fim de ajudar os alunos a construírem uma consciência global das questões relativas ao meio para que possam assumir posições afinadas com os valores referentes à sua proteção e melhoria. Para isso é importante que possam atribuir significado àquilo que aprendem sobre a questão ambiental. E esse significado é resultado da ligação que o aluno estabelece entre o que aprende e a sua realidade cotidiana, da possibilidade de estabelecer ligações entre o que aprende e o que já conhece, e também da possibilidade de utilizar conhecimento em outras situações. A perspectiva ambiental oferece instrumentos para que o aluno possa compreender problemas que afetam a sua vida, a de sua comunidade, e de seu país e a do planeta. Muitas das questões políticas, econômicas e sociais são permeadas por elementos diretamente ligados à questão ambiental. Nesse sentido, as situações de ensino devem se

organizar de forma a proporcionar oportunidades para que o aluno possa utilizar o conhecimento sobre o Ambiente para compreender a sua realidade e atuar sobre ela. O exercício da participação em diferentes instâncias (desde atividades dentro da própria escola, até movimentos mais amplos referentes a problemas da comunidade) é também fundamental para que os alunos possam integrar o que foi apreendido à sua realidade. A possibilidade do aluno poder agir no seu ambiente escolar ou no entorno da escola é a melhor resposta ao nosso trabalho e permite que possamos observar ali, “in loco” seu desenvolvimento.


A Escola Estadual Antonio Gondim Lins foi inaugurada na década de 80 sem uma árvore sequer que proporcionasse um ambiente mais agradável aos alunos através da sua sombra e do visual mais ameno da escola. Buscando melhorar essa situação e, ao mesmo tempo, desenvolver uma prática de sensibilização para a conservação ambiental entre os alunos e os professoras é que o Professor TENÓRIO criou o Núcleo Ecologia humana – Educação Cidadania meio ambiente ( NEHUMANA) que se propunha a desenvolver, como práticas de Educação Ambiental, um programa de plantio de árvores diversas nos espaços livres da Escola Gondim Lins bem como também a criação de horta que deveria ser o complemento da merenda escola em uma época em que então funcionava os níveis fundamental e médio na escola isso desde a década de 90 , lutava não só pela arborização mais também pela coleta de lixo seletiva de lixo nas dependências da escola.
A arborização da escola foi iniciada com o cuidado de gerar uma discussão prévia com os alunos (as) e os (as) professores (as) a respeito do problema contextualizando-os. sob a orientação, do professor TENÓRIO o plantio de mudas de árvores nativas como açaí ipês, pau brasil,, manga, caramba e outras. . Para tanto, receberam antes explicações de como plantar e como cuidar das mudas. A partir do plantio, os alunos passaram a ser seus padrinhos e madrinhas. Da mesma forma, para implantar um processo de coleta seletiva de lixo foi antes feito um questionário com os alunos dos três turnos para sabermos seus conceitos de reciclagem, do que era lixo e assim por diante. Feito isso, foi criada uma área específica para a acumulação do lixo reciclável – garrafas Pet, latinhas de alumínio, garrafas de vidro etc.

RESULTADOS

Como resultado do sucesso da primeira arborização feita no ano de ..19998 os alunos solicitaram a continuidade da atividade o que foi prontamente atendida pela direção da escola Professora OSMARINA BASTOS DE DEUS, e desde o ano de 2008 está surtindo efeito paisagístico na frente da escola no canteiro central, em que foram plantadas árvores por iniciativa própria do PROFESSOR LUCINO CAMPOS, que dá um charme não só na via mais também na própria escola. . O aspecto da escola hoje é digno de elogios que não param de chegar aos ouvidos da diretora isso em se tratando da arborização. Um fato deve ser ressaltado: nenhuma muda foi até hoje depredada pelos alunos. Em relação à coleta seletiva, os alunos não deram mais importância,deduzo que tenha sido devido a aposentadoria do Professor TENÓRIO ou a direção da escola não teve o apoio devido por parte de quem de direito em relação as caixas coletoras devidamente identificadas como: coleta seletiva. . Podemos verificar que há uma mudança de comportamento de vários de nossos alunos e até mesmo pela comunidade no entorno no desprezo pela coisa pública ou seja nosso patrimônio esta sendo depredado, nota-se logo na entrada, o muro sem cuidados devidos e as grades estão sendo roubadas bem como os portões de ferros das salas de aulas por parte de pessoas inescrupulosas.
.
“A Educação Ambiental é a adoção de procedimentos e atitudes fundamentadas no conhecimento de conceitos e fatos da natureza, objetivando uma melhor qualidade de vida, em harmonia com os componentes do meio ambiente. É um processo de aprendizagem relacionado à interação do ser humano com o ambiente natural”.

Por isso, é fundamental o desenvolvimento de práticas educativas além, é claro, das comemorações citadas anteriormente. E essas práticas devem, preferencialmente, serem atividades de longa duração por parte da comunidade escolar. Portanto “A Educação Ambiental é um processo continuo e muitas vezes longo, dirigido a cada indivíduo, visando a torná-lo consciente da realidade do mundo que o cerca e também do seu papel como participante dos destinos do mundo”.

BUSCANDO A INTERAÇÃO NAS PRÁTICAS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
(ANO 2010) , NA E.E.E.M.PROFº ANTONIO GONDIM LINS
ELABORAÇÃO TURMA 2001 TURNO NOITE
COORDENADOR E ORIENTADOR: PROFº LUCINO SARAIVA DE CAMPOS
COLABORAÇÃO: PROFº TENÓRIO
AGRADECIMENTOS AOS PATROCINADORES
01- BELLAS TAPUIAS:
02- PROFº TENÓRIO

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

POR QUE SERÁ QUE ESSAS COISAS NÃO SÃO DIVULGADAS?

CONHEÇA AS TRÊS UTILIDADES QUE ESTÃO ESCONDIDAS EM SEU CELULAR.

03 coisas que você nunca soube sobre seu celular.
Será útil manter essas informações com você.
Existem algumas coisas que podem ser feitas em caso de emergência.
Seu celular é uma ferramenta que pode salvar sua vida.
Veja o que ele pode fazer por você:

Emergência I
O número universal de emergência para celular é 112
Se você estiver fora da área de cobertura de sua operadora e tiver alguma emergência, disque 112 e o celular irá procurar conexão com qualquer operadora possível para enviar o número de emergência para você, e o mais interessante é que o número 112 pode ser digitado mesmo se o teclado estiver travado. Experimente!

Emergência II *3370#
Vamos imaginar que a bateria do seu celular esteja fraca. Para ativar, pressione as teclas: *3370#
Seu celular irá acionar a reserva e você terá de volta 50% de sua bateria. Essa reserva será recarregada na próxima vez que você carregar a bateria.

Emergência III *#06#
Para conhecer o número de série do seu celular, pressione os seguintes dígitos: *#06#
Um código de 15 dígitos aparecerá. Este número é único. Anote e guarde em algum lugar seguro. Se seu celular for roubado, ligue para sua operadora e dê esse código. Assim eles conseguirão bloquear seu celular e o ladrão não conseguirá usá-lo de forma alguma. Talvez você fique sem o seu celular, mas pelo menos saberá que ninguém mais poderá usá-lo. Se todos fizerem isso, não haverá mais roubos de celular.

PS: Essas informações não são conhecidas, por isso passe para seus amigos e familiares.


Peróxido de hidrogênio A popular àgua oxigenada


Geral

Nome IUPAC Peróxido de hidrogênio
Nomes usuais Água oxigenada
peróxido de di-hidrogênio
dióxido de diidrogênio
Fórmula química H2O2
Massa molar 34 g/mol
Aparência Líquido claro
Número do CAS 7722-84-1
Comportamento de fase
Ponto de fusão 262 K (-11°C)
Ponto de ebulição 414 K (141°C)
Propriedades sólidas
ΔfH0sol -200 kJ kJ/mol
S0sol ? J/mol·K
Propriedades líquidas
Densidade 1,476 g/cm³
Solubilidade em água miscível
Viscosidade 1,245 cP a 20°C
ΔfH0liq -188 kJ/mol
S0liq 110 J/mol·K
Propriedades gasosas
ΔfH0liq -136,11 kJ/mol
S0liq 232,95 J/mol·K

O peróxido de hidrogênio que, em solução aquosa, é conhecido comercialmente como água oxigenada, é um líquido claro de fórmula química H2O2.

Trata-se de um líquido viscoso e poderoso oxidante. É incolor à temperatura ambiente e apresenta característico sabor amargo. Quantidades pequenas de peróxido de hidrogênio gasoso ocorrem naturalmente no ar. O peróxido de hidrogênio é instável e quando perturbado, rapidamente se decompõe em oxigênio e água com liberação de calor. Embora não seja inflamável, é poderoso agente oxidante que pode sofrer combustão espontânea em contato com matéria orgânica ou alguns metais como o cobre ou o bronze.

O peróxido de hidrogênio é encontrado em concentrações baixas (3-9%) em muitos produtos domésticos para uso medicinal e como clareador da roupa e do cabelo. Na indústria, o peróxido de hidrogênio é usado em concentrações mais elevadas para clarear tecidos, pasta de papel, e ainda como combustível para ajuste e correção nas trajetórias e órbitas de satélites artificiais no espaço. Na área médica é usado como desinfetante ou agente esterilizante em autoclave de plasma. Na área química é usado como componente da espuma de borracha orgânica e outras substâncias químicas. Em outras áreas como na investigação é usado para medir a actividade de algumas enzimas como a catalase.

O peróxido de hidrogênio atua ainda em diversos mecanismos de degradação de aminoácidos (em associação com amino-oxidases), por conta de seu poder oxidante elevado. Tal composto ainda pode atuar na fotossíntese (ciclo do glioxilato), e na síntese de glicose a partir de fontes que não contenham carboidratos (gliconeogênese).

Usos

clareamento de cabelos, daí vindo a expressão loira oxigenada;
como antisséptico a 3%;
usada junto com o peróxido de benzoíla no tratamento da acne;
no clareamento dental.
na medicina veterinária.
em processos de esterilização a baixa temperatura, na forma de plasma
OBS: A água oxigenada vendida comercialmente é uma mistura de água e peróxido de hidrogênio, sendo que o peróxido de hidrogênio representa entre 3% e 9% desta mistura. Apesar de ser muitas vezes empregada dessa forma, "água oxigenada" não é sinônimo de "peróxido de hidrogênio".


E a água oxigenada, que é poderosissima e pouco é comercializada, sabe por que?

Barata, fácil manuseio, solução para vários problemas. e não interresa para a indústria de modo geral que você compre um produto barato.

Usando a água oxigenada você acabaria com o uso de vários tipos de medicamentos e detergentes, ou você acredita piamente mesmo que a cura da AIDS e de outros tipos de câncer não é possivel com a utilização de um único medicameto.

Passe a usar água oxigenda até como bochecho

CRÉDITOS são da: Wikipédia, a enciclopédia livre

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

OEA condena Brasil por não punir crimes contra guerrilheiros.

Brasil se esforçará para cumprir sentença da OEA

O Ministério das Relações Exteriores afirmou hoje (15), em nota, que o Brasil está cumprindo várias determinações da sentença anunciada ontem pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que puniu o país pelo desaparecimento de 62 pessoas na Guerrilha do Araguaia. A nota ainda afirma que essas medidas continuarão a ser implementadas e que “o Brasil também envidará esforços para encontrar meios de cumprir as determinações remanescentes da sentença”.

O Itamaraty também afirmou que o Estado brasileiro reconheceu sua responsabilidade pela morte e pelo desaparecimento de pessoas durante o Regime Militar, apresentando informações sobre medidas implementadas, nos planos legal e político, em sua defesa junto à CIDH. Cita como exemplos o pagamento de indenizações a familiares das vítimas e o julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal, da constitucionalidade da Lei da Anistia em abril deste ano.

“Essas medidas também incluíram os esforços, ainda em curso, de localização e identificação de restos mortais; de compilação, digitalização e difusão de documentos sobre o período do regime militar; e de preservação, divulgação e valorização da memória histórica associada àquele período” afirmou a nota.

Entretanto a OEA não cita os familiares dos soldados mortos pelo membros do PCdoB, os quais não receberam qualquer idenização de seus filhos mortos, por serem soldados do serviço obrigatório e morreram as dezenas feitos baratas tontas, por guerrilheiros na região de conflito no bico do papagaio.

Volto a repetir se eles pegaram nas armas para tomar o poder, sabiam do risco, não aprenderam a lição de HITLER, que não se toma o poder pelas armas.

Volta e meia os ESTADOS UNIDOS mete o bedelho em assuntos internos, daqui a pouco vão querer ensinar o povo a votar.

A prisão de guantanamo eles não falam, das barbaries contra o povo Iraquiano eles apenas punem os praças no máximno sargentos. No exterminio dos Apaches e outras étinias eles já enterraram, na morte covarde de SADDAM HUSSEIN ocorrida dia 30 de dezembro de 2006 que durou 3 minutos nem se fala mais, nas bombas H contra o Japão no término da II grande Guerra, até aos japoneses fizeram calar, só está faltando acusarem Julian Assange, criador do site WikiLeaks, é um desconhecido que mostrou que os Estados Unidos podem ser desafiados e colocados moralmente de joelhos.



As freqüentes reportagens sobre a “Guerrilha do Araguaia”, de autoria de uma parcela da imprensa autodenominada de investigativa, vêm alimentando ressentimentos e ódios represados que o passar de mais de três décadas ainda não conjurou.

A abordagem do assunto, quase sempre unilateral por falta de profundidade ou por facciosismo, privilegia uma esquerda melindrada e revanchista, não contemplando as forças legais com a isenção que deveria cercar a análise de um momento político importante da História recente do País. Por outro lado, o silêncio que o Exército Brasileiro insiste em manter sobre o tema reforça o peso do relato de vertente única e estimula a crença no assentimento de culpa por acusações de desmandos e crueldades.

O Grupo Terrorismo Nunca Mais (TERNUMA), com base nos princípios programáticos pelos quais existe e julgando-se apto a discutir o assunto com objetividade, propõe apresentar a sua visão, de forma a contribuir para o estabelecimento definitivo da verdade, apontando para o público as veleidades e paixões que turvam a realidade histórica.

Assim, o TERNUMA analisará a matéria em três capítulos, enfocando a atuação dos contendores com base nas premissas político-doutrinárias que nortearam as ações, comentando alguns desvios sobre o conflito e concluirá com uma interpretação crítica.

Os nomes e fatos relatados são de domínio geral e, portanto, não se encontram protegidos por nenhuma legislação sobre assuntos sigilosos, nem se restringem ao conhecimento exclusivo de personalidades ou entidades públicas ou privadas.

A Guerra Popular Prolongada do Partido Comunista do Brasil (PC do B)

Em 1956, o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética (PCUS) traçou novos rumos para o movimento comunista internacional, propondo a coexistência amistosa entre os blocos antagônicos da “guerra fria” e pregando a transição pacífica - via eleitoral, principalmente – para a chegada ao socialismo. No Brasil, o Partido Comunista Brasileiro (PCB), inteiramente alinhado à matriz soviética, resolveu também abrandar as formas de agir, decisão tomada no seu V Congresso, em 1960, quando foram expulsos dos seus quadros Maurício Grabois e João Amazonas, entre outros, que teimavam em postular a priorização da luta armada. Os comunistas do “Partidão”, assim, passaram a adotar a defesa da “via democrática” para a chegada ao poder e a conseqüente implantação da ditadura do proletariado, dentro da concepção leninista de que “a Democracia não é mais do que uma tática descartável como todas as táticas”.

Em 1962, enquanto o Brasil vivia a plenitude do exercício de um regime político inteiramente democrático, o PC do B, surgido do cisma ideológico do PCB, passou à defesa intransigente da tomada do poder pela “violência revolucionária”, para a imposição de um “governo popular e revolucionário”. A expressão “violência” não era mero instrumento de retórica para caracterizar um eventual incremento no ardor da revolução, mas, sim, um conceito doutrinário pelo qual não aceitavam nenhuma transição que não passasse pelo caminho das armas, como ensinava Mao Tse-tung, maior ideólogo da revolução chinesa: “não é possível transformar o mundo a não ser com o fuzil”. Dessa maneira, rompido com o centro irradiador tradicional, o PC do B foi buscar na China o exemplo a seguir, encontrando a fórmula da “Guerra Popular Prolongada”, pela qual atuaria o “Exército Popular”, a surgir da mobilização e organização das massas camponesas e “capaz de travar a guerra regular e empreender batalhas decisivas”. Para realizar toda essa intrincada estratégia revolucionária, urgia um começo, logo imaginado com a tentativa de organizar um movimento guerrilheiro, definido como: “a forma principal de luta na fase inicial da guerra popular, através da qual é que se poderá iniciar a ação armada contra os inimigos da Nação e começar a estruturar as Forças Armadas Populares”.

A formação de quadros do PC do B para a constituição do emergente núcleo guerrilheiro teve origem com o envio à China, em 1964 e ainda durante o governo João Goulart, do primeiro de um total de três grupos de militantes para treinamento na Academia Militar de Pequim.

A área escolhida para a implantação da guerrilha foi o “Bico do Papagaio”, no Estado de Tocantins, limitado, ao sul, pelo paralelo que passa pelo município de Araguanã; pelo rio Araguaia, a oeste; e pelo rio Tocantins, ao norte e leste. Genericamente chamado de Araguaia pelas partes conflitantes, o palco de operações, forrado por exuberante floresta equatorial, reunia excelentes condições para o esforço do PC do B na conquista do apoio da rarefeita população de cerca de 20 mil habitantes, em aproximados 7000 km2, historicamente esquecida por todas as esferas governamentais e vítima de graves carências sócio-econômicas. Os conflitos de terra e a pobreza eram motes valiosos para o trabalho de massas, assim como qualquer paliativo que viesse trazer alívio aos efeitos das deploráveis condições médico-sanitárias existentes.

Desde 1966 o PC do B passou a infiltrar militantes para o Araguaia, os quais logo tentaram conquistar a simpatia dos locais, por meio de alguma assistência social e de noções de organização comunitária, tudo acompanhado de crescente proselitismo político. Enquanto isso, os infiltrados passaram a familiarizar-se com o terreno hostil e apurar o adestramento militar, com a prática de: tiro; sobrevivência, orientação e deslocamento em área de selva; e técnicas de incursões armadas, fustigamentos e emboscadas. Os primeiros elementos chegados à região eram eminentes membros do Partido e quadros com o curso de capacitação militar realizado na China. Dentre os pioneiros citam-se: Osvaldo Orlando da Costa, Maurício Grabois, Líbero Giancarlo Castiglia, Elza Monerat, Ângelo Arroyo, João Amazonas, João Carlos Haas Sobrinho, José Genuino e Nélson Piauhy Dourado. Desses, não morreram na luta João Amazonas, Elza Monerat José genuino e Ângelo Arroyo, que desertaram em fases diferentes do conflito.

As “Forças Guerrilheiras do Araguaia” (FOGUERA) surgiam como o embrião de um movimento guerrilheiro com o qual o PC do B pretendia a sua Guerra Popular Prolongada. Premente se tornava dar-lhes forma para passar às operações de combate, sobretudo pela inevitável presença do oponente, ainda em pleno processo de organização delas. Para esse mister debruçou-se a Comissão Executiva do Partido, integrada por elementos do Comitê Central e única responsável pelos contatos das Forças com o mundo exterior. Subordinada, então, à Comissão Executiva estruturou-se a Comissão Militar (CM), encarregada de estabelecer, segundo estritas diretrizes recebidas: a estratégia de atuação guerrilheira; o treinamento militar dos destacamentos subordinados; e, entre outras, a atuação dos destacamentos junto às massas. Finalmente, à CM enquadravam-se três Destacamentos, constituídos de Grupos de sete elementos cada, assim nomeados: o “A”, com atuação na região da Transamazônica; o “B”, atuante no vale do Gameleira; e o “C”, com ações a sudoeste da serra das Andorinhas. Ao todo e até o final das operações o efetivo das FOGUERA beirou os setenta integrantes.

A organização das Forças era celular e obedecia a rigorosa “compartimentação”, com vistas à proteção do sigilo das operações e a preservar a identidade dos componentes. Assim, apenas o comandante o subcomandante de Destacamento conheciam as áreas de atuação de seus Grupos e de outros Destacamentos, bem como somente os comandantes de Destacamentos conheciam os locais de encontro com os integrantes da Comissão militar.

Pelo pretexto de não dispor de uma estrutura administrativa que lhes permitisse isolar desertores, elementos não-colaboradores ou militares eventualmente caídos prisioneiros ou feridos, as FOGUERA constituíam os “Tribunais Revolucionários” para “julgar” e “justiçar” indesejáveis. A esse poder supremo são creditadas as mortes de Rosalino Cruz Souza, militante desertor, e dos moradores locais Osmar, Pedro “Mineiro” e João “Mateiro”. A eliminação fria de inimigos foi tacitamente admitida no chamado Relatório de Ângelo Arroyo (Editora Anita Garibaldi – 1996), de autoria de um dos dirigentes da Comissão Militar, que assinalava como erro de “certa importância” para a derrota no Araguaia: “Não se ter justiçado determinados inimigos. É o caso dos bate-paus como Pernambuco, Antônio e o irmão, e talvez os elementos que haviam chegado de fora, suspeitos de pertencerem ao Exército”. Tais “órgãos de justiça” eram motivo de intensa propaganda, objetivando desestimular delações e constituir elemento de pressão psicológica. Irracional e vítima da “racionalidade guerrilheira”, a cadelinha “Diana”, mascote do Destacamento “A”, foi justiçada a facadas, pelo militante Micheas Gomes de Almeida, o “Zezinho”, acusada de denunciar a posição do Destacamento, por deslocar-se, levada pelo instinto materno, do ponto onde se encontrassem os seus amigos homens até o lugar onde estavam os seus filhotes, para, simplesmente, dar-lhes de mamar.

Quase oito anos se passaram na tentativa do PC do B de formar um movimento guerrilheiro que viesse empolgar as massas para a Guerra Popular Prolongada. O Relatório Arroyo exagerou e muito no “sucesso” obtido junto à população, contabilizando o apoio de 90% dela. Admite-se que, no máximo, cerca de 180 (cento e oitenta) habitantes locais, direta ou indiretamente, tenham aderido como combatentes ou colaboradores.

Durante tempo considerável, as FOGUERA ficaram isoladas do restante do País e sujeitas à sobrevivência pelos meios próprios e pelo que pudessem amealhar na selva onde se embrenharam. A caça e a pesca, apesar de abundantes, eram as únicas fontes de alimentos disponíveis. Por essa razão, o prosaico jabuti tornou-se verdadeiro símbolo da sobrevivência, merecendo a folclórica promessa da CM de eternizá-lo em estátua, “quando viesse a vitória do movimento”. Essa desesperadora situação de 1973 e o total abandono a que foram relegadas pelo Partido mereceram a crítica de Pedro Pomar, integrante do Comitê Central, que em 1976 admitiu ter o Exército conseguido, na ofensiva final, em menos de três meses dispersar os destacamentos guerrilheiros e até mesmo atingir e desmantelar a Comissão Militar. Segundo ele, a direção do Partido nas cidades perdeu o contato com os camaradas do sul do Pará, e não sabia quantos deles sobreviveram ou se sobreviveram. Ainda segundo Pomar, por dois anos o Comitê Central e o Partido ficaram em compasso de espera, confiando que alguma coisa ou informação desfizesse as dúvidas sobre o destino dos camaradas que se encontravam no Araguaia e sobre o fim ou não da luta guerrilheira.

A autocrítica é ainda mais ácida no Relatório Arroyo que apontou, dentre os inúmeros erros da Comissão Militar, o pequeno número de ações provocadas de moto próprio em dois anos de luta, o que ele constatou pelo fato de que a imensa maioria das baixas decorreu do fator surpresa, em decorrência do Exército ter mantido sempre a iniciativa das ações.

O PC do B também não dedicou nenhuma atenção ao restante dos militantes de base, que até 1976 desconheciam o fracasso no Araguaia e durante todo o tempo mantiveram-se iludidos pela propaganda ufanista provinda da Rádio Tirana da Albânia.

O fanatismo, a cega devoção à causa, e o entorpecimento de valores éticos e morais transformaram alguns integrantes das FOGUERA em lendas vivas aos olhos de humildes moradores locais, que, crédulos, chegavam a considerá-los verdadeiros totens e senhores da imortalidade, como Osvaldo Orlando da Costa, o “Osvaldão”, e Dinalva Conceição Teixeira, a " Dina".

A “saga” dos combatentes das FOGUERA e os seus decantados “heróis” não foram suficientes para levar a aventura a nenhum resultado prático, sobretudo pela falta de efetivo apoio político externo, já que a China, fonte inspiradora inicial, já buscava estabelecer relações diplomáticas com a “ditadura fascista brasileira”. Curiosamente, hoje a esquerda brasileira, malgrado críticas do próprio PC do B, dá ares de vitória ao movimento, ao qual rotula de “guerrilheiro” e, por conseguinte, merecedor do amparo das leis da guerra, especialmente da Convenção de Genebra. Desmemoriada por interesse, não considera que a violência revolucionária era um princípio ilegal, de uma entidade clandestina, que não contemplava a Democracia como um fim e nem mesmo como etapa política, e que transgredia o ordenamento jurídico de uma Nação soberana e legalmente reconhecida no concerto das Nações. Tudo, em suma, denota simplesmente o esforço em sacralizar um bando fora-da-lei, banalizando o crime em nome de uma finada ideologia.

As campanhas das Forças Legais

Desde 1969, os órgãos de inteligência, particularmente os das Forças Armadas, possuíam indícios de atividades do ilegal PC do B na região do Bico do Papagaio.

A suspeita ensejou, em novembro de 1970, a realização de um exercício militar – a Operação Carajás -, manobra que coroava o ano de instrução e que se constituía em excelente oportunidade de adestramento para os recrutas incorporados naquele mesmo ano, dentro de um quadro tático de contra-guerrilha em ambiente de selva. A manobra também envolveu efetivos das outras Forças Singulares, realizando-se com objetivo dissuasório e de levantamento de informes. A iniciativa, todavia, não confirmou nenhuma evidência sobre atividade guerrilheira, mas reforçou a necessidade de urgente ação governamental na área considerada verdadeira terra-de-ninguém, por situar-se em confluência de três Estados da União, Pará, Maranhão e Goias (hoje a região de Tocantins), a exemplo de Xambioá, sem precisa definição de responsabilidade para nenhum deles.

A presença do PC do B no Bico do Papagaio ficou finalmente assinalada com a prisão, no Ceará, no início de 1972, do casal Pedro Albuquerque Neto e Tereza Cristina Albuquerque, militantes evadidos do Araguaia pelo fato de que Tereza engravidara e lhe fora determinado, pela Comissão Militar das FOGUERA, realizar o aborto, no que se insubordinaram.

No início de abril de 1972, a região recebeu equipes especializadas em inteligência, que da busca do conhecimento sobre a atividade clandestina logo efetuaram as primeiras prisões, a saber: a 13 de abril, o morador local Francisco Amaro Lins; a 14 de abril, Eduardo José Monteiro Teixeira, nas proximidades de Araguatins, quando tentava incorporar-se ao movimento; a 15 de abril, Rioco Kayano, em um hotel de Marabá, abandonada por Elza Monerat que fugiu na iminência da prisão de ambas; e, a 18 de abril, uma das mais importantes prisões, a de José Genoíno Neto.

Em 08 de maio de 1972, o Exército sofreu as suas primeiras baixas, ao ter uma equipe de busca de informes emboscada por elementos liderados por “Osvaldão”. Na refrega morreu um Cabo, Odílio Cruz Rosa, e foi ferido um Sargento. O episódio marcou o surgimento da lenda em torno do militante, que desafiou o Exército a ir resgatar no local da emboscada o corpo que ele, de propósito, deixara insepulto como “isca”. O resgate, no entanto, foi normalmente realizado, embora sem o apoio de guias mateiros, amedrontados com as bravatas de Osvaldão.

Derrubado o sigilo de parte a parte, o Exército retraiu a maioria das equipes de inteligência e passou a empregar tropa convencional, enquadrada por um Destacamento formado por três Pelotões de Selva e cinco Pelotões de Infantaria Motorizados (PELOTARES), além de efetivos de apoio, particularmente da Aeronáutica. O Destacamento, na verdade, não realizou ações de combate, limitando-se a operações de vigilância e à execução de Ações Cívico-Sociais, estas para neutralizar qualquer apoio da população aos sediciosos.

Em vista dos resultados obtidos até então, e consoante diretriz baixada pelo Estado-Maior do Exército, a partir de 18 de setembro de 1972 executou-se nova manobra de adestramento de recrutas, por doze dias, com cerca de 2500 (dois mil e quinhentos) homens reunidos em cinco Batalhões de efetivos reduzidos, três Companhias e cinco PELOTARES, e reforçados por elementos dos Fuzileiros Navais, frações de Operações Especiais e da Aeronáutica.

As autoridades imaginaram que a expressiva presença militar e a resultante demonstração de força estimulariam o PC do B a abandonar a região. Ao contrário, a saída da tropa foi interpretada pela Comissão Militar como mostra de fraqueza ou de impotência, o que estimulou a continuação da aventura guerrilheira e atiçou a propaganda do PC do B, notadamente a veiculada pela Rádio Tirana da Albânia.

Terminada a manobra, permaneceram na área tropas da Polícia Militar do Pará, historicamente estigmatizadas pela prática de arbitrariedades e por um estreito alinhamento aos senhores da terra, resultando latente o clima de tensão social, fato que motivou ainda mais a disposição dos comunistas ao trabalho de massas.

Mantido o cenário, o Governo convenceu-se do fracasso na tentativa de resolver o problema sem confronto. Assim, o Exército planejou e conduziu nova operação de inteligência – a Operação Sucuri -, dessa feita com base em muito bem elaborada infiltração de agentes na região, todos eles experimentados profissionais adaptados às rotinas e características da área, tudo com o eficiente apoio do INCRA e SUCAM. Ao longo de mais de quatro meses, a operação foi cercada de êxito e colheu preciosos resultados, graças a uma inédita manutenção do sigilo, considerando-se o vulto dos recursos humanos empregados, o tempo decorrido e a gama de “estórias-coberturas” desenvolvidas. O PC do B, por outro lado, descuidou-se da segurança, superestimando a solidez de sua presença e subestimando a capacitação da inteligência militar. Além disso, a CM das FOGUERA demonstrou excesso de confiança e inteiro desleixo no tratamento de informes, desprezando significativos indícios sobre atividades de agentes militares.

Com os dados colhidos pela Operação Sucuri, o Exército foi suprido de farto material acerca dos rebeldes, de seus contatos, da rede de apoio, das direções gerais de concentração e homizio e, fundamentalmente, da sua provável composição e poder de combate. Logo que reunido todo esse conhecimento, e com a surpresa assegurada, procedeu-se ao cerco estratégico da área com o emprego das Polícias Militares de Goiás e do Pará no bloqueio das estradas e caminhos de saída, retirando completamente das FOGUERA qualquer apoio do mundo exterior e o contato com o Partido. De pronto, os insurretos também foram privados da sua rede de apoio, pela prisão e o isolamento de cerca de 160 (cento e sessenta) colaboradores ou suspeitos de colaboração, logo evacuados com seus familiares para acampamentos sob o resguardo da autoridade militar. Tais colaboradores, então conscientizados sobre a ilegalidade das peripécias com que compactuavam, tiveram atendidas importantes necessidades básicas, como a expedição de certidões, registros de identidade e titulação de terras, o que neutralizou a doutrinação político-ideológica a que estiveram submetidos por longo período. A privação da rede de apoio foi severo revés infligido às FOGUERA, uma vez que se constituíam na mais importante base de informes e na única fonte de suprimentos, como o simples e imprescindível sal de cozinha.

Concomitantemente, desencadeou-se o emprego da tropa de combate, compostas por frações constituídas de profissionais especializados em operações de selva, com o seguro apoio dos agentes da Operação Sucuri transformados em guias, pela perfeita familiaridade com as trilhas e picadas que tinham levantado no trabalho anterior. O efetivo empregado foi de 750 (setecentos e cinqüenta) , na maioria provindos da própria região amazônica e perfeitamente adaptados ao ambiente operacional. A utilização de trajes descaracterizados e de equipamento não convencional, bem como o uso de codinomes e a ausência de insígnias de postos e graduações, aumentaram o conforto, a segurança e a operacionalidade da tropa. O armamento era o de dotação para Unidades de selva, fato que propiciava considerável poder de fogo e desequilibraria o combate em favor da tropa legal. O planejamento de emprego considerava também o prolongamento das operações por tempo indeterminado, o que indicou o revezamento do efetivo total entre três grupos de 250 (duzentos e cinqüenta) homens, resultando em preciosa recomposição no moral e estado físico dos combatentes.

Iludidas com o “modus operandi” do Exército nas etapas anteriores, pelo qual não recebeu engajamento decisivo, as FOGUERA foram surpreendidas pela determinação com que a tropa lhes dava combate e firmemente adentrava pela selva sob as difíceis condições impostas pelo período chuvoso. A falta de apoio e a penúria dos meios de subsistência também lhes limitavam o ânimo, a mobilidade e a capacidade de reação. Em tais circunstâncias, as suas baixas naturalmente surgiriam pesadas, o que, sem dúvida, daria por encerrada a suicida tentativa de preparo e desencadeamento de um movimento guerrilheiro. Tragicamente, finava o delírio que embalava o sonho do PC do B de transformar o Brasil, pela violência revolucionária, na sua ditadura do proletariado.

Se o PC do B não quis ou não soube contar os seus mortos e desaparecidos, não é culpa das Forças Legais.

Pelo que registra a História, as Forças Armadas do Brasil nunca tiveram o hábito de esquecer os seus, mesmo no desatino de um conflito provocado por essa insanidade política que lhe resultou dois mortos e seis feridos sem contar com os do serviço obrigatorio.

Os ressentimentos e a guerrilha das redações

“A sociedade brasileira merece e exige ser esclarecida sobre os fatos da Guerrilha do Araguaia”.

É o argumento justo e irrefutável de todos os que têm cobrado resposta a indagações sobre esse pesadelo político. Alguns na busca honesta de realmente aclarar um passado nebuloso. Outros, infelizmente, na ânsia de tingir de marrom uma parte da mídia ávida só por vender notícia. Outros ainda que, na abstinência do modismo revolucionário, insistem em remoer ressentimentos pela derrota nos campos da luta armada e das idéias.

Aos primeiros, dedicamos o esforço sincero de preencher o vazio deixado pela palavra oficial, pois entendemos que Forças Armadas cumpriram o papel que a lei lhes determinava, não havendo, portanto, justificativa para a opção pelo silêncio. A eles os dois capítulos anteriores já bastam para conformar uma opinião desapaixonada.

Aos demais, impomo-nos a tarefa de prosseguir, com o fim de apontar distorções e denunciar preconceitos. A mentira e a desavergonhada maquinação da notícia não raras vezes são instrumentos de maus profissionais, renomados ou não, mais preocupados com o próprio nome associado às “denúncias” do que propriamente com a veracidade e o conteúdo do que denunciam.

Dessa maneira, temos lido com freqüência “primorosas” reportagens, algumas flagrantes ridicularias, que chegam ao disparate de dar crédito a sandices como a exumação de uma cabeça humana, sangrando, após três meses de enterrada dentro de um saco. Da mesma forma, alguns jornalistas expõem-se ao escárnio por dar crédito a “insuspeitos” testemunhos, como o de um caboclo do Araguaia, que disse ter visto um morador ficar pendurado pelos testículos, que, ao final da tortura, tinham meio metro de comprimento. A qualidade das provas apresentadas também beira o grotesco, como o “reconhecimento” de sua ex-companheira “Valquíria” por “Zequinha” – o já citado matador da cadelinha Diana –, pelo formato do crânio e pelos dentes, em restos mortais desenterrados, após quase trinta anos de sepultados.

Uma ruidosa expedição, enviada ao Araguaia às expensas do contribuinte, aliás, sobrevoou, exaustivamente, a Serra das Andorinhas, em um helicóptero da FAB, guiada por um “arrependido” Coronel da reserva e ex-piloto das Forças Legais, com o objetivo de localizar sepulturas clandestinas na mata densa que recobre a região. O inevitável insucesso do mirabolante intento os decepcionados expedicionários creditaram ao “branco” que turvou os sentidos paranormais do militar. O histriônico episódio teve seu “grand finale” no desembarque em Brasília dos briosos integrantes da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, liderados pelo Deputado Luiz Eduardo Greenhalg, que, pessoalmente, fazia questão de ser documentado pelas luzes da mídia conduzindo ossadas humanas que trazia de humildes jazigos do Araguaia, associando-as espetaculosamente a guerrilheiros. Toda essa pantomima ocorreu em outubro de 2001, e, até agora, os despojos jazem esquecidos em alguma gaveta médico-legal. Estão à espera da mágica que os faça adquirir identidade política ou da comiseração cristã de alguém desapaixonado que lhes traga respeito, restituindo-os aos túmulos violados.

De algumas redações têm saído verdadeiros cultores de mitos, que alçam o negro Osvaldão como o Zumbi da Guerra Popular. Dão-lhe destaque até por ser presumido gerador de herdeiros sem paternidade, nascidos de românticas incursões noturnas para serem depois afastados dos pais naturais pelos cruéis militares. Delas também pontuou um açodado cronista político que se deu o exagero de equiparar a vida de João Amazonas de Souza Pedroso ao resumo da história do Brasil.

João Amazonas, fundador do PC do B e um dos pais da aventura da Araguaia, dela desertou para deixar as FOGUERA entregues à própria sorte. Anos depois - precisamente a 16 de maio de 1996, em depoimento à “justa” Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados -, esgrimiu a mentira, sem nenhum respeito à sua condição de homem provecto, ou a menor reverência à memória política do País, declarando com desfaçatez:

“As greves foram proibidas. Os sindicatos interditados. Enfim, com o chamado Ato Institucional n° 5, impôs-se um regime de terror contra o povo, isso sem falar nos planos terroristas do Rio-Centro e das maquinações monstruosas do brigadeiro Burnier, denunciadas pelo capitão Sérgio, conhecido como Macaco.

É nesse ambiente que surge o Araguaia, organizado e dirigido na clandestinidade pelo Partido Comunista do Brasil. Araguaia não era um movimento subversivo, como costuma dizer a repressão, não visava implantar o socialismo no Brasil. Destinava-se a organizar a resistência armada contra a ditadura, já que outras formas de luta não havia espaço para se concretizar nas cidades.

O objetivo político da Guerrilha do Araguaia estava expresso em um documento largamente distribuído entre a população do sul do Pará, intitulado União pela Liberdade e pelos Direitos do Povo. Esse era de fato o objetivo da luta guerrilheira do Araguaia, um movimento intimamente ligado à população camponesa pobre e sofrida da região”.


A mentira atropelou épocas e objetivos. Amazonas nem de leve se corou ao falar de um movimento com berço programático em 1962, em plena vigência da normalidade democrática, embevecendo os atentos comissários dos direitos humanos com alusões a fatos políticos de uma “ditadura” posterior ao início da tentativa de implantação da sua Guerra Popular Prolongada. A “União pela Liberdade e pelos Direitos do Povo” nada mais foi do que o nome de fantasia das suas Foguera, já quando o movimento estava em seus estertores, assim denominado em erudito panfleto totalmente fora da compreensão da gente simples e sem instrução da área. Enlouquecido em sua impostura, Amazonas delirou, ao avaliar o efetivo do Exército que seus comandados enfrentaram, citando a presença de vinte mil soldados. Ora, esse número, se verdadeiro, representaria o mesmo que população nativa, o que é um grande absurdo. Ademais, seria inimaginável para o Governo sustentar vinte mil homens em operações, durante três anos, sem despertar nenhuma atenção da opinião pública. Manter essa balela é lamentável, por representar uma ridícula estultice, que ofende o bom senso do povo brasileiro.

Conclusões

A Guerrilha do Araguaia não passou de uma aventura de um grupo verdadeiramente pequeno e residual, sejam quais forem os ângulos por quais ela possa ser analisada.

Pelo enfoque político não passou do desvario de um Partido ilegal e clandestino em engendrar a incoerência de uma guerra popular sem apoio do povo, para impor-lhe o socialismo. Do ponto de vista militar, foi ação de um bando quixotesco a infligir mais prejuízos a si mesmo, perdido na selva e no emaranhado dos próprios erros. Nem os seus ideólogos resistiram a tanta bisonhice político-militar, como está claro na acidez das críticas de Ângelo Arroyo e Pedro Pomar, plenamente de domínio público. Aliás, o relatório de Arroyo é verdadeira confissão coletiva de culpa por tantas mazelas.

Exigir autocrítica de João Amazonas de Souza Pedroso é o mesmo que pedir a um ateu a contrição e o acolhimento de que a sua vida foi um longo suceder-se de pecados capitais. Cobrar-lhe a responsabilidade penal e moral, porém, deveria ser a obrigação da sociedade e das famílias que tiveram seus filhos levados ao infortúnio por ele, que se esconde na mentira para encobrir vários crimes, em que despontam o assassínio e a formação da quadrilha da qual desertou.

Eminentes guerrilheiros de redações queixam-se de que as Forças Armadas teriam infringido as leis da guerra e a Convenção de Genebra, assacando fantasiosos e lúgubres “testemunhos” de cuja idoneidade já se tratou. Omitem, entretanto, que se tratava de reprimir um bando fora-da-lei, que se conduzia por um procedimento que negava aos oponentes quaisquer sentidos éticos ou de justiça que não viessem de seus “tribunais revolucionários”. Deixar cadáveres insepultos e “justiçar”, como faziam os “mitológicos” Osvaldão e companhia, certamente, não estão listados como comportamentos de combatentes a merecer amparo por qualquer código legítimo. Ademais, argumentar com a falácia de que combatiam uma “ditadura militar” é coonestar atividade criminosa, pois, à época, aceitem ou não os senhores das redações, havia no Brasil um Governo legal. Usar oposição criminosa como reação a um momento político é o cínico argumento dos que consideram mero detalhe o fato de a sociedade brasileira nunca ter autorizado usar em seu nome a violência revolucionária.

Finalmente, Sr João Amazonas de Souza Pedroso, para pôr término a tanto mal e dar definitivo esclarecimento aos fatos, mostre ao Brasil onde estão os jovens mortos e os desaparecidos que o seguiam em tantos desatinos. Liberte-se, senhor da guerra popular, de todo o seu ódio, de tanta culpa e de toda essa maldade. Tenho dito.

OS CRÉDITOS SÃO DE: TERNUMA REGIONAL BRASÍLIA

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Caudilho
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.Ir para: navegação, pesquisa
A palavra caudilho (em espanhol, caudillo) refere-se a um líder político-militar no comando de uma força autoritária. Está comumente associada à América Latina do século XIX e início do século XX ou relacionado à época Franquista.


Origem

O caudilhismo é um fenômeno cultural que primeiro surgiu durante o início do século XIX na América do Sul revolucionária, como uma forma de líder de milícia com personalidade carismática e um programa suficientemente populista de reformas genéricas a fim de auferir larga adesão, ao menos no início, das pessoas comuns. O caudilhismo eficaz sustenta-se em culto à personalidade.

A raiz do caudilhismo assenta-se na política colonial espanhola de suplementar pequenas forças de soldados profissionais com vastas milícias recrutadas a partir de populações locais a fim de manter a ordem pública. Milicianos ocupavam postos civis, mas eram convocados em intervalos regulares para treinamento e inspeção. O salário pago pela Coroa era meramente nominal; a sua recompensa assentava-se no prestígio, sobretudo por causa do foro militar, que os isentava de certas taxas e tarefas comunitárias obrigatórias (compare-se com o corvée feudal), e, mais significativamente, de persecução civil ou criminial. Longe das capitais coloniais, as milícias ficavam a serviço dos proprietários de terra.

Imagem carismática

Caudilhos tipicamente atribuíam a tarefa de conquistar poder sobre a sociedade e posicionar-se como líder. Eram capazes de comandar grande número de pessoas e de prender a atenção de vastas multidões entusiasmadas. No período final da República Romana, homens como Caio Mário, Júlio César e Otaviano foram comandantes populistas que possuíam fortes laços pessoais com seus soldados, e a imagem de retomada de valores romanos é freqüentemente utilizada para conquistar apoio ao caudilhismo. Na Itália dos séculos XIII a XVI, fenómeno similar trouxe repetidamente ao poder o condottiere, líder carismático de um bando de mercenários, quando as instituições falhavam temporariamente.

Estrutura de governo

Como o caudilho tipicamente mantinha seu poder controlando redes de apoio que não toleravam qualquer estrutura rival, alguns caudilhos adotaram posições anti-clericais. Muitos usaram seu poder recém-conquistado (ainda irrestrito, uma vez que era extra-constitucional) para aumentar sua riqueza e promover os seus próprios interesses. No ápice do caudilhismo, como na Venezuela, o exército nacional tornou-se supérfluo diante dos exércitos pessoais dos caudilhos: em 1872, as tropas federais venezuelanas foram integralmente dissolvidas.

Caudilhos famosos

Juan Vicente Gómez (1857 – 1935). Alguns exemplos de caudilhos poderosos nas América Latina do início do século 19 incluem Juan Manuel de Rosas e Juan Facundo Quiroga na Argentina, Antonio López de Santa Anna no México, José Rafael Carrera na Guatemala e José Gaspar Rodríguez de Francia, “El Supremo”, no Paraguai. Na Venezuela, um século de caudilhismo iniciou-se com o golpe de 1848 de José Tadeo Monagas e prosseguiu, depois da Guerra Federal, com o governo de Antonio Guzmán Blanco. A tradição de caudilhismo, porém, arrefeceu gradualmente. Após o golpe pelo qual o vice-presidente Juan Vicente Gómez depôs o presidente eleito, Gómez governou a Venezuela, sustentado em sua autoridade pessoal, até à morte.

Caudilhos notórios posteriores incluem Gabriel García Moreno, no Equador, e Rafael Trujillo, na República Dominicana. Ditadores apoiados por militares que controlam eventos políticos mantêm-se como um fator de instabilidade em sociedades latino-americanas.

O governante espanhol Francisco Franco usou, a partir de 1936, o título “Caudillo de España, por la gracia de Dios”, ecoando (como era comum à época) os títulos de “Führer” de Hitler e “Il Duce”de Mussolini. Em Portugal e Espanha, o termo “caudilho” não tem conotação necessariamente pejorativa, pois remonta a antigos guerreiros históricos. A palavra já havia sido usada em referência a homens como Cid Campeador e, em retrospecto, Viriato.

Juan Domingo Perón, contemporaneo de Franco, contudo, teve de combater a conotação dos incultos caudilhos argentinos do século XIX. A despeito do nacionalismo do peronismo, a imprensa pró-Perón preferia o anglicismo líder (do inglês “leader”).

A morte de Cirilo Vázquez, um cacique de Acayucan, Veracruz, foi manchete em jornais do México e dos Estados Unidos.

No Brasil, Getúlio Vargas era conhecido como o pai dos pobres.

Outra classificação

Alguns classificam os caudilhos da seguinte maneira:

Podem ser Esclarecidos: na Bolívia - Andrés Santa Cruz; na Venezuela - Guzmán Blanco; no Paraguai - Carlos Antonio López.
Caudilhos reacionários: na Argentina - Rosas; na Colômbia - Rafael Núñez.
Teocráticos: no Equador - Gabriel García Moreno; no México - Pancho Villa.
Sanguinários: na Argentina - Juan Facundo Quiroga.
Orgiásticos: na Bolívia - Mariano Melgarejo.
Populistas: no Brasil - Getúlio Vargas e Luiz Inácio Lula da Silva.

Observações finais

Caudilhos são lembrados com admiração em histórias nacionalistas populares: Rosas ascendeu da condição de um dos maiores e mais produtivos estancieiros da área, Santa Anna foi o grande líder militar do México, bem como tirano, mais conhecido pelo seu triunfo no Álamo; os irmãos Monagas aboliram a escravidão; Dr. Francia era um creole com diploma em direito que usou apenas três homens quando liderou seu país.

O QUE É DÉSPOTA?

Despotismo


O Despotismo é uma forma de governo em que o poder se encontra nas mãos de apenas um governante. Nesta, os súditos são tratados como escravos. Diferentemente da ditadura ou da tirania, este não depende de o governante ter condições de se sobrepor ao povo, mas sim de o povo não ter condições de se expressar e auto-governar, deixando o poder nas mãos de apenas um, por medo e/ou por não saber o que fazer. No Despotismo, segundo Montesquieu, apenas um só governa, sem leis e sem regras, arrebata tudo sob a sua vontade e seu capricho.

Vigorava em realezas existentes antes dos gregos, cretenses, micênicos, impérios orientais, etc. A autoridade era pessoal e arbitrária do patriarca sobre uma comunidade. Com o crescimento demográfico através dos casamentos, expansões territoriais causadas pelas conquistas militares, e divisão social do trabalho pelas funções domésticas exercidas pelas mulheres e o trabalho escravo exercido por prisioneiros de guerras, passou a existir repartições de funções. Os delegados do patriarca e conselheiros o ajudavam a exercer controle cerrado sobre seus súditos e sobre aqueles que usufruíam de suas terras.

O despotismo é, sem dúvida, a forma mais simples de governo. É baseado em um conceito simples: o poder detém a razão. Numa sociedade despótica, o poder é mantido inquestionavelmente por aqueles que detêm o poder sobre as forças armadas e conseqüentemente, podem reforçar suas ordens. Por causa da opressão experimentada neste tipo de regime, os déspotas freqüentemente percebem que sua aptidão para controlar a população é proporcional ao uso de tropas armadas nas cidades e nas cidades em que as pessoas moram. Uma caracteristica tipics do despotismo destacada por Tocquevilleé a falta de ligacao entre os governados. Em seu livro Democracia na America Cap. IV: "O despotismo, que, por sua natureza, é temeroso, vê no isolamento dos homens a mais segura garantia de sua duração"

Além disso, por ser uma forma de governo tão centralizada, o despotismo tem dificuldades de combater eficazmente rebeliões e impedir o desvio de finanças do Estado se seu território crescer demasiadamente. Déspotas pagam um preço alto demais pelo desperdício e corrupção em suas sociedades. E, com o desenvolvimento de formas de governo mais sofisticadas, déspotas se dão conta de que dar um golpe de estado é necessário para aumentar o crescimento.

Déspota é uma qualificação dada à pessoa que governa de forma arbitrária ou opressora. Muitas vezes atingem o poder pelas vias democráticas ou movimentos populares, mas com o tempo busca enfraquecer as demais instituições, reger leis de interesse próprio e adquirir autoridade absoluta. É o mesmo que ditador, ou seja, o indivíduo que exerce todo o poder político sozinho ou com um pequeno grupo de pessoas sufocando seus opositores.

Déspota Esclarecido é uma junção do absolutismo com as idéias iluministas, recebem este nome pois são tiranos esclarecidos. Grandes déspotas esclarecidos foram: Frederico II, Catarina II, Marquês do Pombal e José II.

Grandes déspotas da História
País Déspota Foto
França Napoleão Bonaparte
Itália Benito Mussolini
Alemanha Adolf Hitler
União Soviética Josef Stalin
Portugal Oliveira Salazar
Espanha Francisco Franco
China Mao Tsé-Tung
Brasil Floriano Peixoto
Brasil Getúlio Vargas
Brasil Costa e Silva
Brasil Zumbi dos Palmares
Uganda Idi Amin
Paraguai Alfredo Stroessner
Cuba Fidel Castro
Chile Augusto Pinochet
Iraque Saddam Hussein
Coréia do Norte Kim Il-sung
Coréia do Norte Kim_Jong-Il

BELGRADO

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.Belgrado (Београд / Beograd em sérvio ?

É a capital e maior cidade da Sérvia, e está localizada entre dois cursos d'água internacionais, na confluência dos rios Danúbio e Sava, no norte da Sérvia, onde a planície da Panônia se limita com a região da península balcânica. Com uma população de 1.689.000 habitantes (estimativa oficial de 2006[2]), Belgrado é a maior cidade no território da ex-Iugoslávia, a segunda maior cidade sobre o rio Danúbio,[3] bem como a quarta maior do Sudeste da Europa, após Istambul, Atenas e Bucareste.

Uma das cidades mais antigas da Europa, com uma história continuamente documentada por 7.000 anos,[4][5] Belgrado foi o berço da cultura pré-histórica mais importante da Europa, a cultura Vinča.[6] Na Antigüidade, cidade foi alcançada pelos gregos, fundada e nomeada pelos celtas como Cidade Branca, nome que ainda ostenta,[7] depois colonizada pelos romanos e definitivamente ocupada por sérvios brancos a partir da década de 600.

Belgrado tem o status de unidade territorial autônoma dentro da Sérvia, com o seu próprio governo.[8] O seu território é dividido em 17 municípios, cada um com sua própria câmara municipal.[9] O distrito abrange 3,6% do território da Sérvia e 24% da população do país vive na cidade.[10] Belgrado é o principal centro econômico, político e cultural da Sérvia.


História

Estipula-se que os arredores de Belgrado sejam povoados há 7 mil anos, a partir das evidências arqueológicas obtidas em Vinča e outros sítios próximos. A região foi povoada por celtas no século III a.C. e recebeu o nome Singidunum sob ocupação romana. O registro mais antigo da palavra "Belgrado" data do ano 878 d.C. O local seria governado pelos sérvios apenas em 1284, sob Rei Estêvão Dragutino. Entre 1404 e 1427, a cidade viveu um surto de crescimento cultural e comercial, tornando-se a capital do Império da Sérvia sob o regime do Déspota Estevão Lazarević. Depois, seria sucessivamente ocupada, construída e destruída pelo Império Otomano e Império Austro-Húngaro. No decorrer de sua história longa e conturbada, a cidade foi conquistada por mais de 40 exércitos e foi reconstruída das cinzas 38 vezes. Foi capital da ex-Iugoslávia.

De Singidunum à conquista otomana

O Cerco a Belgrado (1456).Ver artigo principal: Kalemegdan
A cultura de Vinča, que dominou os Balcãs desde cerca de 5000 a.C., deixou evidências da sua presença no território de Belgrado e de áreas vizinhas.[11] A partir do século III a. C., Houve uma liquidação celta e mais tarde romana, com a fundação da civites de Singidunum, que mais tarde passou para as mãos do Império Bizantino.[12]

Singidunum sofreu sucessivas invasões dos hunos, sármatas, ostrogodos e ávaros antes da chegada dos eslavos em 630. O nome "Belgrado" foi mencionado pela primeira vez no ano de 878, pelo Primeiro Império Búlgaro. Nos quatro séculos que se seguiram, a posse da cidade foi disputada por Bizâncio, pelo Reino da Hungria e pelo Primeiro Império Búlgaro.[13] Em 1284, foi integrada à entidade sérvia do Reino da Sírmia, sendo governada por Estêvão Dragutino (1276-1282), o primeiro rei sérvio de Belgrado, que a recebeu como um dote do seu padrasto, o rei da Hungria, Ladislau IV.[14]

Após a derrota na Batalha de Maritsa em 1371, e, em seguida, na Batalha do Kosovo em 1389, o Império Sérvio começou o seu declínio, com a conquista do território do sul pelos otomanos.[15][16] No entanto, o norte foi capaz de manter a sua independência, sob a forma do Despotado da Sérvia, com capital em Belgrado.

A cidade prosperou durante o governo dos "déspotas", como Estêvão Lazarević, filho do Príncipe Lázaro Hrebeljanović, governante sérvio que perdeu a vida na Batalha do Kosovo. As suas antigas muralhas, castelos, igrejas e portos foram refortificados, o que ajudou a resistir à pressão das forças otomanas durante quase 70 anos. Nessa altura, com uma população entre 40 e os 50 mil habitantes, Belgrado tornou-se uma cidade de refúgio para pessoas em fuga do domínio dos otomanos nos Balcãs. Durante o reinado de Jorge da Ráscia, quando a maior parte do território do despotado ficou sob jugo otomano, Belgrado pediu ajuda ao Reino da Hungria.[14] O ataque das forças otomanas, para as quais Belgrado constituía um obstáculo no caminho para a Europa Central, ocorreu em 1456 e culminou na batalha do Cerco a Belgrado (1456), na qual o exército sérvio, sob o comando de João Corvino venceu.[17]

Império Otomano

Belgrado no século XVI.Liderados por Solimão, o Magnífico, os otomanos conseguiram entrar em Belgrado, a 28 de Agosto de 1521. A cidade foi saqueada e queimada, permitindo avanço em direção à Europa Ocidental e ameaçando o Sacro Império Romano, o que resultou no primeiro Cerco de Viena. Belgrado tornou-se a capital do Sandjak, a circunscrição administrativa do Império Otomano para a Sérvia, e por mais de 150 anos gozou de um período de calmaria que permitiu o florescimento do comércio, particularmente com as cidades-estado de Ragusa (atual Dubrovnik) e Veneza, bem como com a Grécia e a Áustria. Com muitos artesãos de diferentes grupos étnicos, como os armênios, os turcos e os ciganos, e renovada com uma nova aparência elogiada pela arquitetura oriental, Belgrado tornou-se um ponto de conexão das rotas comerciais entre o oriente e o ocidente atingiu o seu pico no século XVII. Nessa época, Belgrado contava já com uma população de 100.000 pessoas.[18] No final do século XVI, surgiram os primeiros sinais de recrudescimento de tensões na região, como o episódio da Insurreição do Banato em 1594, a maior revolta dos sérvios frente à ocupação otomana. A repressão das autoridades otomanas, após a neutralização dos rebeldes, se voltou contra a população cristã e os seus símbolos, queimando igrejas e as relíquias de São Sava em Vrátchar, onde mais tarde foi edificado um grande templo ortodoxo, o Templo de São Sava, em sua memória.[19]


Cerco de Belgrado em 1717 pelas tropas austríacas durante a Guerra turco-austríaca (1716-1718).No final do século XVII, Belgrado foi atingida pela peste, que varreu a Europa e as rebeliões da janízaros, que contribuiu para a estagnação da cidade. O lugar se tornou palco das sucessivas campanhas militares entre os austríacos e os otomanos, ue foi temporariamente ocupada pelas tropas habsburgas entre 1688 e 1690, e depois entre 1717 e 1739, e pelas forças dos Habsburgo-Lorena entre 1789-1791, até voltar ao controle otomano.[18] Durante este período, a cidade foi parcialmente despovoada, como resultado dos movimentos das populações deslocadas desde a migração de sérvios, através do qual centenas de milhares de pessoas, liderados pelos seus patriarcas religiosos, refugiaram-se nas terras da Voivodina e na moderna Eslavônia, no então Sacro Império Romano, em 1690 e de 1737 a 1739[20] A Primeira Insurreição Sérvia permitiu o controlo da cidade pelos sérvios entre 1806 e 1813, quando foi retomada pelos otomanos.[21]

Em 1817, Belgrado passou a ser a capital do Principado da Sérvia, organismo autônomo criado sob suserania do Império Otomano. Mas, pouco tempo depois, a corte se transferiu para Kragujevac, entre 1818 e 1841.[22]

Independência da Sérvia

A principal rua de Belgrado, Knez Mihailova, no início do século XX.Após a retirada das últimas guarnições militares otomanas, em 1867, o Príncipe Miguel Obrenović mudou novamente a capital de Kragujevac para Belgrado. No ano de 1878, foi proclamando o Reino da Sérvia, garantindo a independência em última instância, o que favoreceu um rápido desenvolvimento do município, de vocação regressaram às suas rotas comerciais que atravessam as Balcãs.[21][23] Apesar da lentidão da industrialização do país, lançou-se a abertura de uma via férrea, para Niš, a segunda maior cidade do reino, e uma economia agrícola, o que fez a cidade que contava com apenas 69.100 habitantes em 1900, aumentar para 80.000 em 1905, e ultrapassando novamente os 100.000, às vésperas da eclosão da Primeira Guerra Mundial.[24][25][26]

Naquela época, a cidade sofreu uma notável vitalidade cultural com a presença dos Irmãos Lumière, que realizaram na cidade em Junho de 1896, o primeiro filme a mostrar os Balcãs. No mesmo ano, Johann Strauss, Jr. realizou um concerto na cidade.

Primeira Guerra Mundial e Entre-Guerras

Durante a Primeira Guerra Mundial, a 29 de Julho de 1914, Belgrado foi bombardeada a partir de barcaças ou monitores e foi ocupada a 30 de Novembro pelo exército austro-húngaro, comandado por Oskar Potiorek. No entanto, a 15 de Dezembro do mesmo ano, as tropas do marechal Radomir Putnik retomaram o controle da cidade até que ela foi novamente ocupada pelos austríacos a 9 de Outubro de 1915, desta vez com apoio do exército alemão do campo marechal Agosto von Mackensen. Muitas estruturas e edifícios da cidade estavam danificados ao final da batalha iniciada no dia 6 de Outubro. A cidade permaneceu sob controlo austro-húngaro até quase ao final do conflito, quando sérvios e as tropas francesas sob o comando do marechal Louis d'Franchet Espérey e do Príncipe Alexandre entraram na cidade a 5 de Novembro de 1918.


Ponte férrea de Belgrado.Durante as décadas de 1920 e 1930, Belgrado sofreu um rápido desenvolvimento e modernização enquanto capital do Reino da Iugoslávia, crescendo para 239.000 habitantes em 1931, incluindo o Zemun, até então parte do território austro-húngaro, e 320.000 em 1940, com uma taxa média de crescimento de 4,08% ao ano, entre 1921 e 1948.[26]

Aeroporto de Belgrado começou a operar em 1927, e, em 1929, a primeira estação de rádio iniciou as transmissões.

A Segunda Guerra Mundial

A 25 de Março de 1941, o governo do regente Príncipe Paulo, assinou o Pacto Tripartite (sérvio: Trojni pakt), a adesão ao Eixo na Segunda Guerra Mundial, em uma tentativa de manter o país fora do conflito. No entanto, a iniciativa foi respondida apenas por uma percentagem significativa da população que a 27 de Março manifestou-se nas ruas com o slogan "Antes a guerra que o pacto". O descontentamento tornou-se uma "mossa" nas forças lideradas pelo general Dušan Simović, comandante da Força Aérea, e que organizou um golpe de estado e foi proclamado rei, o Príncipe Pedro, então com 17 anos, mas esta era a idade legal (suficiente) para ser declarado monarca. Este facto levou à intervenção directa do Terceiro Reich cuja Luftwaffe, bombardeou a 6 de Abril de 1941 a cidade de Belgrado, matando milhares de pessoas (um número estimado de 5.000 a 17.500 habitantes).[27]). A Biblioteca Nacional foi destruída juntamente com 300.000 livros e manuscritos da Idade Média, mais de 1.300 deles datados do século XII e XVIII.[27] A Iugoslávia foi invadida pela Wehrmacht e os seus aliados italianos, húngaros e búlgaros, e os seus territórios foram incorporados no estado fantoche ocidental nazista do Estado Independente da Croácia.

Durante o verão e o outono de 1941, em retaliação pela guerrilha em ataques sérvios, os alemães, nas ordens do governador militar, o general Franz Böhme, aplicou a regra de tiro de 100 cidadãos sérvios e judeus para cada alemão morto. Após o estabelecimento do governo "fantoche" do general Milan Nedić, Belgrado foi a sede do governo durante a guerra.

A cidade foi bombardeada pela segunda vez a 16 e 17 de Abril de 1944, pelos Aliados, matando cerca 1.600 pessoas. Tanto este, como o bombardeamento alemão de 1941, ocorreram no dia da Páscoa da Igreja Ortodoxa Sérvia.

Finalmente, a 20 de Outubro de 1944, as forças dos partizans (comunistas) e o Exército Vermelho soviético, conseguiram expulsar os alemães que ocuparam uma parte da cidade. Na sequência do fim da guerra, a 29 de Novembro de 1945, o marechal Josip Broz Tito proclamada a República Socialista Federativa da Jugoslávia, em Belgrado. O coronel Draža Mihailović foi julgado e executado em Belgrado, em 1946.

Durante a II Guerra Mundial, Belgrado perdeu cerca de 50.000 habitantes, e sofreu uma destruição e danos materiais incalculáveis.[23]

Belgrado, capital da Iugoslávia de Tito
Na era pós guerra, Belgrado, mais uma vez, recuperou as suas taxas de crescimento e como capital da nova Jugoslávia, beneficiou com o desenvolvimento, como um centro industrial do país.[23] Em 1958, o primeiro canal de televisão estatal iniciou as suas emissões. Em 1961, realizou-se o Congresso dos Países Não-Alinhados, com Tito como o presidente.

Em 1968, realizaram-se grandes manifestações estudantis contra Tito, o que resultou em vários confrontos entre estudantes e policiais.

Em 1972, Belgrado foi o epicentro do último grande surto de varíola na Europa, o que poderia ser controlado através da quarentena e da vacinação maciça da população[28]

Belgrado: 1991-1999

Monumento Pobednik (O Victor), um dos símbolos de Belgrado.A 9 de Março de 1991 tiveram lugar, as manifestações maciças contra o regime de Slobodan Milošević, sob a liderança de Vuk Draskovic. [29] Duas pessoas morreram, 203 ficaram feridas e 108 foram presas.[30] Segundo estimativas de vários meios de comunicação, as manifestações foram marcadas pela presença de entre 100.000 e 150.000 pessoas. O regime levou os tanques para as ruas para restabelecer a ordem naquele dia.[31][32]

Após a suposta fraude nas eleições municipais, realizaram-se manifestações diárias entre Novembro de 1996 e Fevereiro de 1997, contra o regime de Slobodan Milošević.[33] Estas manifestações deram os seus frutos - Zoran Djindjic tornou-se prefeito de Belgrado, o primeiro prefeito em 50 anos que não pertencia á Liga dos Comunistas da Jugoslávia, ou a sua sucursal, o Partido Socialista da Sérvia.[34]

A 24 de Março de 1999, mais uma vez na sua perturbada história, Belgrado foi alvo de bombardeios, desta vez pelas forças aéreas da OTAN, tendo como pretexto a Guerra do Kosovo em 1999. Edifícios de Administração e instalações sofreram danos significativos assim como os Ministérios da Administração Interna, o Estado-Maior da Nação, a destruição da Rádio-Televisão da Sérvia (que matou 16 técnicos), vários hospitais, o Hotel Jugoslavija, a Torre Ušće, a torre de televisão de Avala, e o edifício da embaixada chinesa (todos estes ficaram seriamente danificados, assim como muitos outros edifícios da cidade de Belgrado). [35]

Belgrado desde 2000

Depois de outra tentativa de fraude eleitoral por parte de Slobodan Milošević nas eleições de 2000, teve lugar em Belgrado as maiores manifestações em termos de presenças na história moderna da Sérvia [36] que levou à derrocada final de Slobodan Milošević, no histórico dia do 5 de Outubro de 2000.[37][38]

Denominações

Refletindo a história da cidade, como um herói dos litígios, entre os poderes que dominou a região e as aspirações de independência da Sérvia, a cidade tem sido conhecida por diferentes nomes:

[editar] Geografia

Geografia física

Vista de satélite de Belgrado.Situada na confluência do rio Sava com o Rio Danúbio, sobre a Planície da Panônia na Península Balcânica, Belgrado localiza-se nas seguintes coordenadas: 44°49'14" norte 20°27'44" leste, com uma altura média sobre o nível do mar de 116,75 metros.

Clima

O clima de Belgrado é do tipo continental temperado com uma média anual de temperaturas de 11,7 °C. O mês mais quente é o mês de julho, com uma média de 22,1 °C. embora seja de 31 dias de média, que superam os 30 °C, e de 95 dias quando a temperatura supera os 25 °C. As precipitações anuais são de mais de 1000 mm. A média das horas de Sol anuais é de 2.096 horas, sendo os meses de julho e agosto, os de maior ensolação, com uma média de dez horas, embora dezembro e janeiro sejam os meses menos ensolarados, com uma média de 2 a 2,3 horas.[39]

Dados referentes ao século XX e XXI.

Geografia humana

A cidade velha, junto ao castelo medieval do Kalemegdan, fica na margem direita do rio Sava e do Danúbio. Conforme a cidade crescia, expandia-se em direcção à margem esquerda do Sava, atingindo os então municípios separados de Nova Belgrado e Zemun. Desde meados do século XX, Belgrado cresceu tanto que acabou incorporando estes dois últimos.

A área urbana da cidade abrange 359,96 quilômetros quadrados, e ab umrangea área metropolitana a de 3222,68 quilômetros quadrados, que é dividida em 17 municípios, dos quais dez são urbanos e sete periféricos. Esta área representa 3,6% do território da República.

A área metropolitana alberga uma população de 1.281.801 habitantes[1][40] que representa 21% da população sérvia,[10][41] sendo por isso, também a quarta cidade mais povoada do sudeste da Europa, depois de Istambul, Atenas e Bucareste.

Belgrado faz fronteira com a província autónoma de Vojvodina (distrito de Srem, Bánato central e do sul), a leste com o distrito de Podunavlje, a sudeste com o distrito de Šumadija, a sudoeste com o distrito de Kolubara e a oeste com o distrito de Mačva.

Belgrado, como muitas cidades, é considerada a travessia entre as linhas de comunicação entre a Europa do leste e oeste.[42]

Subdivisão

A cidade é dividia em 17 municipalidades, dez urbanas e sete suburbanas. Enquanto cada uma tem seu próprio conselho local, as municipalidades suburbanas têm os poderes municipais ligeiramente expandidos, principalmente quanto a construções, planejamento da cidade e serviços públicos.[9]

A maioria das municipalidades estão situadas na zona sul dos rios Danúbio e Sava, na região de Šumadija. Três municipalidades (Zemun, Novi Beograd e Surčin) se localizam na margem norte do Sava, na região de Syrmia e a municipalidade de Palilula, transpondo o Danúbio, fica tanto na região de Šumadija quanto em Banat.

Bandeira

Bandeira.A bandeira de Belgrado é o escudo de Belgrado sem brasão, ocupando toda a superficie da bandeira que tem a forma de um quadrado.

Brasão

O escudo de Belgrado foi mencionado pela primeira vez em 1403, nos tempos do filho do Príncipe Lázaro, Estêvão Lazarević, quando Belgrado se tornou a capital do reino. Em Belgrado existem três escudos oficiais: o pequeno, o médio e o grande.

Escudo Pequeno

Escudo Pequeno.O escudo pequeno tem a forma de um brasão de armas. De cor azul, com muralhas brancas e uma torre, o chão de cor vermelha e duas faixas brancas ondulado, representando os rios Danúbio e Sava.

Escudo Médio

O escudo médio de Belgrado é igual ao pequeno, mas com uma coroa de ouro e uma tiara decorada com pedras preciosas.

Escudo Grande

Escudo Grande.O escudo grande representa uma grande águia branca com a língua e as patas de cor dourada. Uma pata segura a prata com o punho da espada dourada e as maçãs e a outra, o ramo de oliveira. No peito da águia está o escudo pequeno de Belgrado, em cima da águia, a coroa de tiara com pedras preciosas. Abaixo da águia há um ramo de carvalho com o primeiro brasão conhecido da cidade no meio. Em ambos os lados do escudo são as medalhas que a cidade recebeu durante a sua história - para a direita, a medalha da Estrela de Jorge Negro com espadas, Medalha de 4º Grau e da Legião de Honra Francesa, de 5º Grau, e à esquerda, o Herói Nacional, a Medalha Cruz de Guerra e da Tchecoslováquia.

Cultura

Beogradska Arena.Belgrado abriga anualmente, em média, 9 mil eventos culturais, entre peças teatrais, exposições, concertos, performances, e outros espetáculos. A cidade conta com 40 museus, 61 galerias e espaços de exposição, 17 teatros e 29 cinemas, entre outras dezenas de bibliotecas, associações e entidades culturais. Em Belgrado estão localizadas instituições federais, como a Universidade de Belgrado, Academia Sérvia de Artes e Ciências, a Biblioteca Nacional da Sérvia, Museu Nacional, e a Universidade de Artes. A Cidade de Belgrado é mantenedora de 34 instituições culturais (dez teatros, oito instituições de preservação de patrimônio, quatro bibliotecas, 12 centros culturais e galerias) e apóia a realização de projetos e atividades de mais de cem diferentes estabelecimentos.

A Beogradska Arena é um dos maiores estádios cobertos europeus. É um dos mais importantes pavilhões da cidade, e em 2008 recebeu o Festival Eurovisão da Canção.


Turismo

Depois da abertura econômica iniciada em 2000 (ver História da Sérvia), Belgrado voltou a receber um número progressivamente maior de turistas. Tornou-se conhecida nos países vizinhos como uma cidade de vida noturna diversificada e barata. Jovens de países próximos (especialmente das ex-repúblicas da Iugoslávia) viajam centenas de quilômetros para desfrutar os cafés a céu aberto, as casas noturnas nas balsas do rio Sava, a gastronomia das kafanas, a música popular, e a desenvolvida cena underground. Alguns das regiões e monumentos históricos que despertam mais atenção são a Skadarlija, o Kalemegdan (ou Fortaleza de Belgrado), Templo de São Sava, a Catedral de São Marcos, Terazije, a Rua do Príncipe Miguel, a Praça Nikola Pašić, entre outros.

Transportes

Um autocarro ou bonde de Belgrado.Belgrado conta com 112 linhas de ônibus, 12 linhas de bondes e 8 linhas de ônibus elétricos. Passagens podem ser adquiridas diretamente com os motoristas (48 RSD = 0,5 EUR) ou em quiosques (28 RSD = 0,25 EUR). O controle de passagens é feito esporadicamente pelos funcionários das respectivas companhias operadoras. Belgrado concentra um nó ferroviário que permite conexões com as principais capitais da Europa. O Aeroporto Internacional Nikola Tesla voltou receber um número progressivamente maior de vôos depois da retirada, em 2000, das sanções econômicas impostas à antiga Iugoslávia pela ONU.

Estradas de grande porte oferecem acesso a Novi Sad (norte), Niš (sul), e Zagreb (oeste, na Croácia). Belgrado possui quatro pontes sobre os rios Sava e Danúbio, sendo as mais importantes a Ponte Branko e a Gazela, que conectam o centro da cidade a Nova Belgrado.

O Porto de Belgrado encontra-se na costa do rio Danúbio. A via fluvial é usada predominantemente para o transporte de mercadorias.

Política e governo

Belgrado tem um status territorial separado dentro da República da Sérvia, cujo ordenamento se encontra regulamentado pela Constituição.[8]

O sistema de governo se divide em três corpos:

A Assembléia da Cidade de Belgrado, com sede no Palácio Antigo, é formada por 90 conselheiros (vereadores) que são eleitos por sufrágio a cada quatro anos. Reúnem-se ao menos uma vez por trimestre e sua principal função é a de administrar a Carta da cidade, aconselhar sobre sua interpretação, aprovar os pressupostos e decidir sobre os planos de urbanismo que afetam as principais infra-estruturas da área metropolitana.

A Prefeitura da Cidade de Belgrado tem a função de representação da cidade e de atuação executiva em seu nome. O prefeito, que é escolhido ao mesmo tempo que a Assembleía sem necessidade de ser um de seus membros, é assistido por um vice-prefeito e é também o presidente do Conselho da Cidade.

O Conselho da Cidade, que tem por função a implementação das decisões tomadas pela Prefeitura e pela Assembléia assim como a gestão administrativa e o desenho do pressuposto, é dirigido por uma representação de nove membros, eleitos pela Assembléia por proposta do prefeito, além do próprio prefeito.

O prefeito de Belgrado é, desde 2004, Nenad Bogdanović, membro do Partido Democrático. Ele substituiu Zoran Đinđić, prefeito de Belgrado em 1996, que foi o primeiro a ser eleito de maneira democrática na história recente do país.

Os municípios periféricos dispõem de maiores competências principalmente nas áreas de urbanismo e de gestão de impostos.[9]

A cidade de Belgrado recebeu várias honrras nacionais e internacionais, incluindo da França, a Legião de Honra em 1920, da Tchecoslováquia, o War Cross, da Sérvia, a Estrela de Jorge Negro com espadas e da Republica Social Federalista da Iugoslávia, a Ordem do Herói Nacional (proclamada a 2 de Outubro de 1974, no aniversário do nazismo, durante a ocupação durante a II Guerra Mundial).[47] Em 2006, a revista Financial Times' e o Foreign Direct Investment concederam a Belgrado o título de Cidade do Futuro do Sudeste Europeu.[48][49]

domingo, 12 de dezembro de 2010

LEMBRANDO ADAM SMITH.

Adam Smith (provavelmente Kirkcaldy, Fife, 5 de junho de 1723 — Edimburgo, 17 de Julho de 1790) foi um economista e filósofo escocês. Teve como cenário para a sua vida o atribulado século das Luzes, o século XVIII.[1]

É o pai da economia moderna, e é considerado o mais importante teórico do liberalismo econômico. Autor de "Uma investigação sobre a natureza e a causa da riqueza das nações", a sua obra mais conhecida, e que continua sendo como referência para gerações de economistas, na qual procurou demonstrar que a riqueza das nações resultava da atuação de indivíduos que, movidos apenas pelo seu próprio interesse (self-interest), promoviam o crescimento econômico e a inovação tecnológica.

Smith ilustrou bem seu pensamento ao afirmar "não é da benevolência do padeiro, do açougueiro ou do cervejeiro que eu espero que saia o meu jantar, mas sim do empenho deles em promover seu "auto-interesse".

Assim acreditava que a iniciativa privada deveria agir livremente, com pouca ou nenhuma intervenção governamental. A competição livre entre os diversos fornecedores levaria não só à queda do preço das mercadorias, mas também a constantes inovações tecnológicas, no afã de baratear o custo de produção e vencer os competidores.

Ele analisou a divisão do trabalho como um fator evolucionário poderoso a propulsionar a economia. Uma frase de Adam Smith se tornou famosa: "Assim, o mercador ou comerciante, movido apenas pelo seu próprio interesse egoísta (self-interest), é levado por uma mão invisível a promover algo que nunca fez parte do interesse dele: o bem-estar da sociedade." Como resultado da atuação dessa "mão invisível", o preço das mercadorias deveria descer e os salários deveriam subir.

As doutrinas de Adam Smith exerceram uma rápida e intensa influência na burguesia (comerciantes, industriais e financistas), pois queriam acabar com os direitos feudais e com o mercantilismo.

Biografia
Adam Smith era filho de um controlador alfandegário em Kirkcaldy, na Escócia. A data exata do seu nascimento é desconhecida, mas ele foi batizado em Kirkcaldy em 5 de junho de 1723, tendo o seu pai falecido seis meses antes.

Aos 15 anos, Smith matriculou-se na Universidade de Glasgow, onde estudou Filosofia moral com o "inesquecível" Francis Hutcheson. Em 1740, entrou para o Balliol College da Universidade de Oxford, mas, como disse William Robert Scott, "o Oxford deste tempo deu-lhe pouca ajuda (se é que a deu) para o que viria a ser a sua obra" e acabou por abdicar da sua bolsa em 1746. Em 1748 começou a dar aulas em Edimburgo sob o patronato de Lord Kames. Algumas destas aulas eram de retórica e de literatura, mas mais tarde dedicou-se à cadeira de "progresso da opulência", e foi então, em finais dos anos 1740, que ele expôs pela primeira vez a filosofia econômica do "sistema simples e óbvio da liberdade natural" que ele viria a proclamar no seu Inquérito sobre a natureza e as causas da riqueza das Nações.

Por volta de 1750, conheceu o filósofo David Hume, que se tornou um dos seus mais próximos amigos.

Em 1751, Smith foi nomeado professor de Lógica na Universidade de Glasgow, passando, no ano seguinte, a dar a cadeira de Filosofia Moral. Nas suas aulas, cobria os campos da ética, retórica, jurisprudência e política econômica ou ainda "polícia e rendimento".

Em 1759, publicou a Teoria dos sentimentos morais, uma das suas mais conhecidas obras, incorporando algumas das suas aulas de Glasgow. Este trabalho, que estabeleceu a reputação de Smith durante a sua própria vida, refere-se à explicação da aprovação ou desaprovação moral. A sua capacidade de argumentação, fluência e persuasão, mesmo que através de uso da retórica, estão ali bem patenteados. Ele baseia a sua explicação, não como o terceiro Lord Shaftesbury e Hutcheson tinham feito, num "sentido moral", nem como David Hume, com base num decisivo sentido de utilidade, mas sim na empatia.

Tem havido uma controvérsia considerável quanto a saber se há ou não uma contradição ou contraste entre a ênfase de Smith na empatia (ou compaixão) como motivação humana fundamental em "sentimentos morais", e o papel essencial do auto-interesse na "riqueza das nações". Este parece colocar mais ênfase na harmonia geral dos motivos e atividades humanas sob uma providência benigna no primeiro livro, enquanto que no segundo livro, apesar do tema geral da "mão invisível" promovendo a harmonia de interesses, Smith encontra mais ocasiões para apontar causas de conflitos e o egoísmo estreito da motivação humana.

Smith começava agora a dar mais atenção à jurisprudência e à economia nas suas aulas, e menos às suas teorias de moral. Esta ideia é reforçada pelas notas tomadas por um dos seus alunos por volta de 1763, mais tarde editadas por Edwin Cannan Aulas de justiça, polícia, rendimento e armas, 1896, e pelo que Scott, que o descobriu e publicou, descreve em "Um esboço inicial de parte da Riqueza das Nações" ("An early draft of part of the Wealth of Nations"), datado de 1763.

No final de 1763, Smith obteve um posto bem remunerado como tutor do jovem duque de Buccleuch e deixou o cargo de professor.

De 1764 a 1766, viajou com o seu protegido, sobretudo pela França, onde veio a conhecer líderes intelectuais como Turgot, d'Alembert, André Morellet, Helvétius e, em particular, François Quesnay, o principal nome na escola fisiocrática da economia, cuja obra ele respeitava muito.

Depois de voltar para Kirkcaldy, dedicou muito do seu tempo nos dez anos seguintes à sua magnum opus, que surgiu em 1776.

Em 1778, recebeu um posto confortável como comissário da alfândega da Escócia e foi viver com a sua mãe em Edimburgo. Faleceu na capital escocesa a 17 de julho de 1790, depois de uma dolorosa doença.

Tinha aparentemente dedicado uma parte considerável dos seus rendimentos a numerosos atos secretos de caridade. -

Posição face à situação nos EUA
Na sua estada em Glasgow, onde foi professor na universidade local entre 1751 e 1764, Adam Smith travou contato com vários dos comerciantes de tabaco da cidade, como por exemplo John Glassford.

Estes punham-no a par dos últimos acontecimentos nas colônias inglesas, nas quais os ingleses impunham uma restritiva política econômica, como altos impostos e frequentemente situações de monopólio.

As manufaturas inglesas tinham nas colônias americanas um importante cliente, e alguns empresários influentes exigiram junto ao parlamento inglês que fosse proibido aos norte-americanos a produção de bens similares, a fim de proteger seus negócios.

Adam Smith sabia que estas restrições acabariam por resultar na revolta dos americanos. Como Benjamin Rush, um doutor e líder cívico da Pensilvânia disse em 1775: "Um povo que depende de estrangeiros para comida e vestimentas será sempre dependente deles". Os americanos não tolerariam essas ingerências.

A solução de Adam Smith para as colónias americanas era fomentar o livre comércio, acabar com os pesados impostos aduaneiros e restrições comerciais e oferecer às colônias uma representação política no parlamento de West.

Obra
Pouco antes da sua morte, os manuscritos de Smith tinham sido quase totalmente destruídos. Nos seus últimos anos, ele teria planejado dois grandes tratados, um sobre a teoria e história do Direito e outro sobre ciências e artes. Os Ensaios sobre temas filosóficos (1795), posteriormente publicados, contém provavelmente partes do que deveriam ter sido o último daqueles dois tratados.

A Riqueza das Nações foi muito influente, uma vez que foi uma grande contribuição para o estudo da economia e para a tornar uma disciplina autônoma. Este livro tornar-se-ia, provavelmente, uma das obras mais influentes no mundo ocidental.

Quando o livro, que se tornaria um manifesto contra o mercantilismo, foi publicado em 1776, havia um sentimento forte a favor do livre comércio, quer no Reino Unido como também nos Estados Unidos. Esse novo sentimento teria nascido das dificuldades econômicas e as privações causadas pela guerra. No entanto, ao tempo da publicação nem toda a gente estava convencida das vantagens do livre comércio: o parlamento inglês e o público em geral continuariam apegados ao mercantilismo por muitos anos.

A Riqueza das nações, e também a Teoria dos sentimentos morais, este de menor impacto, tornaram-se ponto de partida para qualquer defesa ou crítica de formas do capitalismo, nomeadamente influenciando a escrita de Karl Marx e de economistas humanistas. Em anos recentes, muitos afirmaram que Adam Smith foi tomado de rapto por economistas liberais (Laissez-faire economists) e que como a Teoria dos sentimentos morais mostra, Smith tinha uma inclinação pelo humanismo.

Tem havido alguma controvérsia sobre a extensão da originalidade de Smith em Riqueza das nações; alguns argumentam que esta obra acrescentou pouco às ideias estabelecidas por pensadores como David Hume e Montesquieu. No entanto, ela permanece como um dos livros mais influentes neste campo até hoje.

A obra de Smith aclamada quer pelo mundo acadêmico como na prática. O primeiro-ministro britânico William Pitt, a braços com a derrocada econômica e social dos anos que se seguiram à independência americana, foi um partidário do comércio livre e chamou Riqueza das nações de "a melhor solução para todas as questões ligadas à história do comércio e com o sistema de economia política".

A obra Riqueza das Nações popularizou-se pelo uso da expressão da mão invisível do mercado. Segundo Adam Smith os agentes econômicos atuando livremente chegariam a uma situação de eficiência, dispensando assim a ação do Estado para esse efeito. Assim. atuando de forma livre, os mercados seriam regidos como se por uma mão invisível que o regula automaticamente sempre chegando a situação ótima ou de máxima eficiência. Curiosamente a expressão aparece apenas uma vez na obra Riqueza das Nações.