sexta-feira, 20 de julho de 2012

GUERRILHA NO BRASIL

Relatório de 1972 aponta mortes na ditadura

         

            Um relatório do Centro de Informações do Exército (CIE), órgão de repressão da ditadura militar (1964-1985) extinto há duas décadas, comprova que o governo brasileiro sabia oficialmente 30 anos atrás da morte do desaparecido político Ruy Carlos Vieira Berbert, cujas fotos já morto foram achadas pelo jornal “O Estado de S. Paulo” no Arquivo Nacional. Berbert é um dos 12 integrantes da luta armada - um dos outros é Virgílio Gomes da Silva, comandante do sequestro do embaixador dos EUA Charles Elbrick em 1969, também oficialmente desaparecido - dados como mortos no documento do CIE “Terroristas da ALN com cursos em Cuba (Situação em 21jun72)” guardado no Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro(Aperj).

            Segundo o texto, o homem cujas fotos depois de morto foram divulgadas no sábado, 7 de julho, integrou na ilha, sob o codinome Joaquim, uma das turmas de treinamento de guerrilha da ALN (Ação Libertadora Nacional), organização fundada pelo ex-deputado pelo PCB Carlos Marighela. As fotografias mostram o cadáver de Berbert em Natividade, hoje no Estado de Tocantins. Depois da publicação da reportagem, a Comissão da Verdade, criada para investigar crimes contra direitos humanos ocorridos de 1946 a 1988, decidiu reabrir as investigações sobre o paradeiro dos restos mortais do guerrilheiro. Foi a primeira iniciativa desse tipo tomada pelo órgão, que começou a trabalhar em maio.

O III DA ALN

             O documento do CIE é parte do acervo do antigo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) carioca guardado no Aperj. O texto aponta que oito dos 12 mortos eram do “III Exército da ALN”, nome dado a uma das turmas do curso de guerrilha - são citadas quatro. O detalhamento do relatório - com codinome de cada guerrilheiro na ilha, nomes de quase todos, período do treino (maio a dezembro de 1970, no caso do III Ex), turma (são citadas quatro), situação (morto, foragido, preso ou banido) e até cursos específicos que só alguns frequentaram (explosivos, enfermagem)- levantou suspeitas entre ex-ativistas. Para alguns sobreviventes da organização, havia um agente infiltrado, presumivelmente da Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA, na sigla em inglês) em Cuba, delatando-os.

              O III Ex da ALN teve características especiais. Seus integrantes formaram o “Grupo dos 28”, que rachou com a organização e formou o Molipo (Movimento de Libertação Popular), dizimado ao tentar se instalar no Brasil.

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