domingo, 28 de junho de 2015

AMOR DE AVÔ SEM MEDIDA

CARTA  RELATÓRIO A NETO (as)
AOS MEUS NETO (AS) GABRIEL/GABRIELLE/KAILA/LUISA 

            Nunca imaginei que seria tão difícil iniciar um relatório, de minha própria existência, buscarei  ser o mais simples  e  sucinto  possível tanto na linguagem escrita, como no relato propriamente dito.

            O que abordarei? Por que a iniciativa de fazer a trajetória de  minha vida? Pois bem! Devo começar pelo quem sou EU? Em todo o decorrer do relato devo fazer indagações, e obrigatoriamente o neto ou/e neta  devem responder para  si mesmo.

LUCINO SARAIVA DE CAMPOS FILHO, nasci no dia  23/05/1956  ás 9h30 minutos
MÃE (falecida)  RAIMUNDA SILVA DE CAMPOS
PAI:  LUCINO SARAIVA DE CAMPOS
CINCO IRMÃOS  JOSÉ MARIA QUIRINO DA SILVA (cagado ---na verdade primo  e irmão adotivo)
LUIS CARLOS SILVA DE CAMPOS (bolinha)//LUCIVALDO SILVA DE CAMPOS (careca)// LAÉRCIO SILVA DE CAMPOS(cebola) //LUCINILDO SILVA DE CAMPOS (pato)

            Quando despertei para o mundo? Ou seja, quando passei a ter consciência de que estava no mundo?  Aos 4 anos de idade em uma manhã tomando o café com farinha, me deparei com meu pai estava me olhando e admirado com um olhar meigo, e minha mãe uma mulher magra e feição linda parecia um anjo a me olhar, com profundo  amor, ao redor percebi uma casa com poucos móveis, mas  tudo bem limpo e o piso vermelho brilhando tanto que chegava a refletir a luz do dia, assim foi meu despertar para a vida.
            Isso na avenida duque de Caxias  número 613   hoje o número da casa é 1141 no perímetro VILETA E TIMBÓ,  vileta nunca descobri o que significa a palavra,  já timbó é  palavra de origem tupi que significa "o que tem cor branca ou cinzenta"; "vapor", "exalação" ou "fumaça" designa um conjunto de plantas, diferenciadas aparentemente por associação da palavra timbó à uma outra característica como por exemplo guaratimbó, timbosipo, timbó iurari, cururu-apé, mafone, cipó-timbó, timbó-cipó. Entre as plantas identificadas com esse nome encontra-se um cipó trepador muito conhecido no norte do Brasil, (regionalismo usado no Norte e Nordeste para o ato de intoxicar peixes jogando pedaços de timbó ou tingui esmagados na água. Os peixes começam a boiar e podem ser facilmente apanhados à mão. Deixados na água, recuperam-se, podendo ser consumidos sem inconveniente).
            Na frente de minha casa existia um **clipe (**ponto final de ônibus), o ônibus denominado VILETA, fazia o trajeto Almirante  Barroso, Avenida Nazaré com destino ao Ver-o-Peso, as carrocerias eram em madeira, e tinha um ônibus comprido chamado de "PAPA FILA  ou ZEPPELIN", naquele tempo as pessoas faziam filas para entrarem no ônibus, tinha também uns pequenos que eram chamados de lotação e só podia levar passageiros sentados, não permitindo ninguém andar em pé no ônibus. Minha tia ADELAIDE irmã de minha mãe MUNDICA, vendia  tacacá no CLIP, o local em nada parecia com minha casa, em se tratando de higiene o piso era sempre sujo e *encardido (*Diz-se de algo sujo; imundo; coisa que não foi bem lavada), eu sentia prazer em acender  o fogareiro, o ato de abanar para que o carvão pegasse fogo, pra mim era um barato, sempre ela me dava uma cuia de tacacá, e perguntava quantos camarões  você quer? eu sempre dizia 10 mais ela só colocava 4, eu ia comendo cada camarão e contado um, dois, três e dez, ela  sempre ria eu nunca entendia por que ela ria, quando perguntava, sempre ela inventava uma história e nunca me dizia a verdade.
            Meu primeiro dia no grupo escolar (hoje escola) Paulino de Brito na Avenida TITO FRANCO hoje Almirante barroso, foi emocionante e assustador, eu já estava com 7 anos de idade, não lembro-me mais o nome da primeira professora, mais a diretora professora LUCIMAR OLIVEIRA PACHECO, nunca esqueci mulher alta, magra e feição carrancuda, totalmente diferente de minha mãe, mulher de estatura mediana e feição meiga/angelical, antes de entramos na sala de aula, fomos colocados no pátio da escola e as professoras cantaram o hino NACIONAL, e todos os dias foi assim, hino Nacional, hino a Bandeira, hino ao Pará, foram ensinado na sala de aula e cantado exaustivamente todos os dias, um  e/ou outro nunca se adentrava na sala sem cantar qualquer um dos hinos e acompanhar o hasteamento do pavilhão Nacional (mastro das bandeiras), naquela época eram hasteadas as bandeiras do Brasil, do Pará e do Município.
Minha mãe no trajeto de casa para a escola ia dizendo o nome da rua e mostrava alguma casa que chamasse atenção por cor viva, e dizia grave bem o trajeto, amanhã você vem sozinho, e olhe para os dois lados, para não ser machucado por bicicleta e nem ser atropela por nenhuma carroça, não mecha com cachorro eles mordem, nunca desvie o caminho é de casa para o GRUPO ESCOLAR e do GRUPO PARA CASA, você me entendeu?
            Já com 8 anos vendia aos sábados e domingo na feira da Duque com a a Humaitá, coloral, cebola, tomate e pimenta e cominho, com 12 e 13 vendia jornal a Folha do NORTE Pará e a Província do Pará, isso pela manhã, a tarde vendia unha de caranguejo feito pelo meu pai e minha mãe, minha vizinhança todos me conheciam, sempre me pagavam para capinar a frente das casas ou limpar o quintal, e também encerava a casa da vizinha NENENZINHA, que sempre me dava uns trocados o dinheiro era o CRUZEIRO, com 14 e 15 anos fui cachorreiro (vendia  cachorro quente), uma família que morava na casa da esquina da vila, eu queria namorar  a filha da dona, o nome da moça  JUREMA, mais ela nunca nem olhava  pra mim, acho que tive foi sorte de não namorar aquela moça, ela era mimada demais e só queria saber de gastar todo o dinheiro da mãe dela..
E assim estudei por quatro anos, até  fazer o *exame de admissão (era uma prova para saber se o aluno poderia ser matriculado na 5ª série), fiz a prova no bairro da jabatiteu no  Grupo escolar desembargador Augusto Olimpio, fui aprovado, para alegria de minha mãe, a prova foi emocionante, uma questão que nunca esqueci O QUE SIGNIFICA A SIGLA  ONU? Foi na mosca, quando minha mãe depois de uns dias recebeu a prova de volta e com a noticia que da minha sala fui o único que havia alcançado a nota máxima, fui ganhando beijos e abraços até chegar em casa, minha mãe confessou-me nunca tinha ouvido falar na ONU e queria saber o que era, eu disse  só sei o significado de cada letra O = Organização  N= Nações  U= Unidas, ela disse deve ser alguma coisa importante, mas depois você me diz o que ela faz.
Até hoje não entendi por que morando na Duque de Caxias, bairro da Pedreira, fui matriculado pela SEDUC na Escola Pedro Amazonas Pedroso no bairro do SOUZA  e  não  no SOUZA FRANCO na  Almirante Barroso. Minha ida para a Escola Pedroso enfrente ao quartel do Exercito Brasileiro, era muito distante, mas  divertida ia  a pé era longe  pra dedeu, o que mais gostava era passar na fábrica de refrigerante GUARASUCO/LARASUCO enfrente ao campo da tuna e Fundação Pestalozzi, na ida bebia dois refrigerantes um de cada, na volta a mesma coisa e dava para o funcionário o dinheiro do ônibus, quando não tinha eu dizia amanhã eu trago o dinheiro, ele me dava só um e dizia não pode encher muito o bucho se não estoura, isso  claro meus pais não sabiam que eu ia a pé só pra beber refrigerantes.
Isso já estava com 16 anos de idade e trabalhava como continuo no Banco Mercantil da Bahia, na Presidente Vargas com 7 de setembro, sai do serviço as 13h30 e tinha que esta na  Escola Pedro Amazonas Pedroso no mesmo horário, caramba! Como podia sair da Presidente Vargas em Belém e chegar no mesmo horário a dezenas de quilômetros, sempre perdia a primeira aula e o porteiro nunca me deixava entrar, eu explicava que trabalhava, mais ela não acreditava, então! Eu  ia pela rua lateral e pulava o muro da escola, na saída já após as 17h00 ele sempre me perguntava como entrei? eu dizia virei fumaça e entrei, ele ficava chateado, até que um dia ele se escondeu atrás de uma coluna na parte dos fundo da escola e me levou na presença do diretor professor ROSAS, isso mesmo professor ROSAS,  e disse ao diretor esta aqui o aluno que vira fumaça, o diretor me olhou com uma cara feia, pensei que ele ia me bater, me deu vontade de correr, mais fiquei quase chorando,  relatei que havia pulado o muro pra assistir aula por que seu ZÉ o porteiro nunca deixava eu entrar por que chegava sempre as 14h00 então!  Contei que trabalhava e o que fazia, ele achou bacana eu ter que pular pra assistir aula e disse: “Seu Zé, a partir de amanhã esse jovem promissor esta autorizado a entrar após o horário normal, e para isso  vou dá uma permissão especial por escrito.
Nas férias escolares, aos 17 anos passei a bater de porta em porta de cada empresa para pedir emprego, pois não gostava do meu trabalho no banco Mercantil da Bahia, tinha que chegar muito cedo pra fazer café e preparar o lanche  de todos os funcionários e o gerente ALBERTO era o mais chato e exigente, sempre reclamava de alguma coisa, até que um dia eu estava muito gripado e resolvi  fazer um sanduiche especial pra ele, foi o dia que ele mais gostou do sanduiche  e ainda disse que estava muito gostoso.
Até que dona LOURDES uma vizinha da vila “BURACO DA TUA VÓ” era como chamavam a descida de ligação das vilas Gama Malcher (vila calango) com a Vila Duque  (vila sapo). Na Duque de Caxias, na mesma casa onde passei minha infância e só sai depois de casado na  década de 80, sabendo que eu estava procurando emprego me informou que na  Brás de Aguiar com a Quintino Bocaiuva  no bairro de Nazaré, estava preste a inaugurar  um hotel o nome era EQUATORIAL PALACE  HOTEL, de imediato fui e preenchi uma ficha solicitando o emprego, nada sabia de hotelaria e nem sabia que pessoas podiam  morar provisoriamente em hotel.
Quando foi no mês de setembro/1973, estava eu assistindo aula de OSPB  (Organização Social Política Brasileira), do Professor Dário na escola Pedro Amazonas Pedroso, quando o Diretor ROSAS, aquele mesmo que havia me dado a autorização especial para adentrar na escola fora do horário, apareceu na porta e disse: “O ALUNO LUCINO é desta sala?” diante da resposta do professor DÁRIO, LUCINO, sim é, o diretor disse  acompanhe-me até a sala da direção, égua!  Pensei o que fiz de errado? Os colegas logo passaram a especular e falar um monte de suposições, acompanhando o diretor bem de perto e ele a passos largos, nada dizia e eu tremia as pernas, com medo da acusação, e não conseguia me lembrar de alguma traquinagem, ao chegar na sala do diretor tinha um  rapaz sentado, e o Diretor Rosas perguntou:  você conhece esse senhor?  Égua!  Eu queria virar fumaça, nunca tinha visto aquele homem, foi quando ele disse: Você esteve no hotel equatorial e fez o cadastro pedindo emprego, você foi pré-selecionado, e deve me acompanhar para entrevista com dona RUTH a supervisora.
Fui admitido como faxineiro (serviços gerais), pois nunca tinha trabalhado em hotel, em poucos meses me mandaram fazer um curso no SENAC na Serzedelo Correa, de COMIM (auxiliar de garçom), já no ano de 1975 fui morar no Rio de Janeiro, na rua Sacadura Cabral e na Joaquim Meier no bairro Meier, cheguei no auge do *TOP LESSE (*as mulheres ficavam sem sutiã na praia), e trabalhei no Hotel Nacional Rio na Oscar Niemayer,  no ano de 1976 voltei para Belém, e imediatamente fui contrato pelo Hotel Regente e logo em seguida pela Camargo Correa  na construção da hidrelétrica de Tucuruí,  já  de volta a Belém em dezembro/1976, em ´10 de janeiro de  1977, já estava na ilha de maracacuera (Ilha do OUTEIRO) pois havia sido selecionado pela Polícia Militar onde permaneci  até o ano de 2003, no ano de 1979 fui admitido na SEDUC (secretaria de Educação) e passei a ter dupla jornada de trabalho orgulhosamente faço parte da EDUCAÇÃO/SEGURANÇA, no mesmo ano de 1979 nasceu  meu primeiro  filho PIMPOLHO, 1980 nascia RONALD e 1981 nascia CHARLES, no ano de 1978 conclui minha primeira formatura professor de educação geral (de 1ª a 4ª série), fiz  muitos cursos no decorrer de minha vida, a  última graduação foi de bacharel/licenciatura HISTÓRIA  na UFPA (Universidade Federal do Pará)  só  nunca fiz  curso de  babá.

, Esse é seu vovô LUCINO.

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