sexta-feira, 16 de março de 2012

O PASSADO PRECISA SER CONTADO NÃO CRUCIFICADO

Curió: o "torturador de farda" no Araguaia

Crédito diário Online

Sebastião Curió Rodrigues de Moura gravou depoimento sobre o regime militar em novela do SBT (Foto: Reprodução/ SBT TV)
Sebastião Curió Rodrigues de Moura, mais conhecido como Major Curió, é coronel da reserva do Exército brasileiro e tido como um dos militares responsáveis pela repressão à Guerrilha do Araguaia na década de 1970.

Em entrevista concedida ao jornal O Estado de S.Paulo em junho de 2009, ele revelou que de um total de 67 mortos que pertenciam ao movimento de resistência contra o governo militar, teria sido responsável por prender, amarrar e executar 41 pessoas envolvidas. Até a abertura dos arquivos de Curió, apenas se tinha o conhecimento de 25 casos de execução feitas pelo Exército.

Guardados em uma pasta de couro há mais de três décadas, os documentos, acompanhados de relatos escritos à mão, descrevem com riqueza de detalhes a forma de execução dos guerrilheiros.
Curió foi preso em Brasília em março de 2011 na capital federal durante uma operação de busca e apreensão a documentos da ditadura militar. A prisão foi feita após ordem dada pela 1ª Vara da Justiça Federal, que atendeu a um pedido do Ministério Público Federal do Distrito Federal (MP-DF). Ele prestou novo depoimento à Justiça e ao MPF e depois foi conduzido à Superintendência da Polícia Federal, onde fora autuado em flagrante por porte ilegal de arma. Logo depois, Curió foi posto em liberdade.

Nesta terça (13), o Ministério Público Federal (MPF) informou que vai pedir à Justiça a condenação do oficial de reserva pelo envolvimento do sequestro de cinco militantes na Guerrilha do Araguaia. É a primeira ação penal proposta pelo Estado contra autores de graves violações de direitos humanos cometidos durante a ditadura militar.

Os sequestros ocorreram durante a última operação de repressão à guerrilha, deflagrada em outubro de 1973. Na ação, denominada Operação Marajoara, tropas comandadas pelo major Curió capturaram os militantes Hélio Luiz Navarro Magalhães, Maria Célia Corrêa, Daniel Ribeiro Callado, Antônio de Pádua Costa e Telma Regina Corrêa. De acordo com o MPF, as vítimas foram levadas a bases militares, submetidas à tortura e permanecem desaparecidas.

A ação envolvendo o major Curió é resultado de um procedimento investigatório criminal aberto pela Procuradoria da República em Marabá, em 2009. Se for condenado, o militar pode pegar de dois a 40 anos de prisão.

“Homenagem” - De acordo com registros do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município de Curionópolis, localizado no sudeste paraense, recebeu o nome em homenagem ao Major Curió, figura conhecida por exercer liderança sobre os garimpeiros entre os anos de 1981 e 1982, período em que foi coordenador do garimpo de Serra Pelada.

Originalmente, Curionópolis surgiu como desdobramento da cidade de Marabá, uma espécie de núcleo de apoio à cidade vizinha, e abrigava principalmente mulheres e filhos de garimpeiros que eram impedidos de entrar em Serra Pelada. Com a expansão do comércio e de serviços, consolidou-se após a ‘febre do ouro’ até que foi alçado à condição de município em 1988 por meio da lei estadual nº 5.444.

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