sábado, 17 de abril de 2010

FENÍCIOS

Fenícia
Foi um reino da Antiguidade, cujo centro se situava na planície costeira do que é hoje o Líbano, no Mediterrâneo oriental. Esta civilização desenvolveu-se entre os séculos X e V a.C., estabelecendo colónias em todo o norte de África e sul da Europa.

História
A civilização fenícia tinha um plano econômico centralizado no comércio marítimo. Entre os séculos X e I a.C., os fenícios criaram entrepostos comerciais ao longo de todo o Mediterrâneo, chegando às costas atlânticas da península Ibérica e norte da África.

Seus principais adversários comerciais, e consequentemente bélicos, eram os gregos, que são uma de suas primeiras e mais importantes influências (principalmente os micênios) sociais e políticas. Infelizmente, os fenícios não deixaram a literatura ou registros escritos em materiais resistentes ao tempo, e por esse motivo o que se sabe da sua escrita provém apenas de curtas inscrições em pedra.

As suas cidades principais foram Sídon, Tiro, Biblos e Beritus (atual Beirute), na Costa do Levante. Biblos, Sidon e Tiro foram, de forma sucessiva, capitais desse império comercial. No norte da África, existiram Cartago, Útica dentre outras. Na atual Itália, no extremo oeste da ilha da Sicília, havia uma cidadela portuária estratégica, rodeada de muralhas, chamada Motya. Sarepta, no sul da Fenícia, região do atual Oriente Médio, é onde se realizaram as mais profundas escavações arqueológicas. Os Fenícios chegaram à Espanha e a atual Itália, fundando colônias onde hoje repousam cidades como Cádis (Espanha) e Palermo e Cagliari (Itália).

A marinha fenícia era uma das mais poderosas do mundo antigo. Com a frota feita a base de cedro, árvore típica da região, símbolo inclusive registrado na bandeira do Líbano. Suas embarcações, dotadas de aríetes de proa, quilha estreita e vela retangular, eram velozes e mais fáceis de manobrar. Com isso, os fenícios mantiveram sua superioridade naval por séculos. Quando a Pérsia tomou controle da Fenícia, no século VI a.C., os persas passaram a utilizar a engenharia naval fenícia para tentar controlar o Mediterrâneo, o que não era tão mal visto pelos fenícios, já que os persas lhes davam certa autonomia política e religiosa, e os gregos eram seus inimigos há séculos. Na expedição de Xerxes em 480 a.C., havia três dos mais renomados "almirantes" fenícios em sua frota. Em certa feita, durante o reinado do rei persa Cambises II da Pérsia, os persas contavam com o apoio naval dos fenícios para conquistar o norte da África. Mas os navios retrocederam após um ataque ao Egito, pois constava nos planos dos persas um ataque à colônia fenícia de Cartago.

Após o século V a.C., quando a Fenícia foi ocupada pelos macedônios de Alexandre, o Grande, a Fenícia deixou de existir como uma unidade política, e seu território original deixou de ser governada pelos fenícios. Vale lembrar que Alexandre tem fortes raízes na Grécia, inimigos dos fenícios. No entanto, suas colônias ao longo da costa do Mediterrâneo, como Cartago na Tunísia, Gadir na Espanha, Panormo na Sicília e Tingis (atual Tânger, no Marrocos) continuaram a prosperar como importantes portos e entrepostos comerciais, especialmente aquela primeira cidade, que se tornaria centro da civilização fenícia.

A influência fenícia declinou após as derrotas nas Guerras Púnicas contra o Império Romano, no século II a.C..

O nome Fenícia deriva do nome grego da área: Φοινίκη — Phoiníkē. O nome Espanha vem de uma palavra fenícia que significa "costa de coelho". Quanto à religião, os fenícios eram politeístas, e talvez admitissem sacrifícios humanos.

Na Bíblia, o rei Hiram I de Tiro é mencionado como tendo cooperado com o rei Salomão na organização de uma expedição ao Mar Vermelho e na construção do Templo de Salomão. Este templo foi construído de acordo com desenho fenício, e as suas descrições são consideradas como a melhor descrição existente que temos do que terá sido um templo fenício. Os fenícios da Síria também eram chamados siro-fenícios.

Os fenícios foram um povo de comerciantes com descendência de Cam (figura da mitologia judaica de existencia não-comprovada) que saíram do norte da região hoje conhecida como Líbano para o norte da África em busca de novas rotas e que por um grande período de tempo dominaram o comércio no Mediterrâneo. Assim, os fenícios fundaram portos e cidades em lugares tão longínquos quanto a costa norte de África e a Espanha.

Após períodos consecutivos de dominação assíria, persa e macedônica, a região de origem dos fenícios perdeu seu poder, ao passo que uma das colônias fenícias do Mediterrâneo, Cartago, ascendeu como um dos portos mais importantes do Mediterrâneo. Em um intervalo de 120 anos, entre os séculos III e II a.C., os fenícios de Cartago disputaram o controle do mediterrâneo com a República Romana nas Guerras Púnicas. Após sua derrocada em 146 a.C., pouco restou da cultura fenícia no Mar Mediterrâneo.

Economia
Os primeiros habitantes tentaram desenvolver a agricultura, junto com a pesca e a caça, mas isto não foi possível. Apesar disso, a posição geográfica da Fenícia era estratégica, pois localizava-se nos cruzamentos das principais rotas comerciais entre o Ocidente e o Oriente. Então, os fenícios começaram a desenvolver o comércio, que foi a principal atividade econômica da Fenícia. Os habitantes tornaram-se famosos por serem grandes comerciantes e navegadores.

Navegação
O domínio do Mar Mediterrâneo favoreceu a fundação de colônias, como a de Cartago, Sicília e Cádiz. Houve o grande domínio de pontos comerciais. Havia também uma certa pirataria e um segredo das rotas. Por serem grandes navegadores, os Fenícios sabiam rotas estratégicas e atalhos marítimos como ninguém.

Estrutura social
A sociedade, como quase todas as outras sociedades da Antiguidade, era dividida em estratos sociais. O grupo dominante estava entre ricos comerciantes, proprietários de terras, armadores e sacerdotes. O estrato social mais baixo fazia parte da maioria da população: artesãos, camponeses e escravos também habitavam a região.

Artesanato e comércio
A madeira foi uma das maiores fontes de riqueza dos fenícios. As montanhas da região eram cobertas por florestas de cedro, madeira leve e resistente, apropriada para a construção de embarcações.

Além disso, desenvolveram a metalurgia, a tecelagem, a tinturaria, cerâmica, fabricação de vidros, joias e corante púrpura para tecidos, este último extraido de um líquido do caramujo Murex pecten.

A vida política
A região Fenícia era organizada em cidades-Estados independentes. Existia uma certa rivalidade entre as cidades, mas a comunicação entre elas era dificultada, por conta das cadeias de montanhas que existia ao longo da costa. O tipo de governo existente na época era a Talassocracia, que dominava os comerciantes marítimos na política das cidades-Estado. O poder do chefe político que era o rei, era limitado por um conselho de comerciantes e armadores.[1]

Cultura
A constante presença de potências estrangeiras na vida cultural da Fenícia parece ter sido a causa de sua pouca originalidade: as sepulturas fenícias, por exemplo, eram decoradas com motivos egípcios ou mesopotâmicos.Mesmo assim, os Fenícios deixaram para nós o maior legado cultural da Antiguidade: um alfabeto fenício fonético simplificado, com cerca de 22 letras, que inovava em relação a outros sistemas de escrita da antiguidade por basear-se em sinais representando sons, ao invés de pictogramas. Esse alfabeto é ancestral de grande parte dos alfabetos usados no mundo (como o grego, o latino, o árabe e o hebraico). Vale ressaltar que a invenção da escrita é atribuida aos Sumérios, uma das mais antigas civilizações mesopotâmicas(4000 a.C-1900 a.C),com o objetivo de registrar as transações comerciais. O primeiro alfabeto fenício foi adaptado a partir desse sistema silábico de escrita cuneiforme sumério.

Os principais destaques da cultura Fenícia foram: cristais transparentes, tecidos (principalmente de púrpura), armas, jóias, objetos de bronze, couro curtido e estatuetas de barro esmaltado.

Religião
Os fenícios tinham a mesma religião que os cananeus. Cada cidade possuía seu próprio panteão, dominado por uma divindade ou casal divino. Estes deuses eram mais conhecidos pelos seus títulos: "Senhor'" (Baal; Adôn, em grego, Adônis), "Rei da cidade" (Melcart), "Deusa" (Astartéia ou Istar), "Dama" (Baalat). A divindade era frequentemente representada por pedras (bétilos), erguidos em altares nas partes mais altas da cidade.

Baal era o deus associado ao sol e às chuvas. Aliyan, seu filho, era a divindade das fontes. Astartéia era uma deusa vinculada à riqueza e à fecundidade.

Os fenícios conservavam ritos bem arcaicos, como a prostituição divina e o sacrifício de crianças (em particular dos primogênitos) e de animais. A maioria dos rituais religiosos eram feitos ao ar livre.

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