sexta-feira, 11 de maio de 2012

MESSIANISMO

Messianismo

O messianismo é, em termos restritos, a crença divina - ou no retorno - de um enviado divino libertador, um messias [mashiah em hebraico, christós em grego], com poderes e atribuições que aplicará ao cumprimento da causa de um povo ou um grupo oprimido. Há entretanto um uso mais amplo - e às vezes indevido - do termo para caracterizar movimentos ou atitudes movidas por um sentimento de "eleição" ou "chamado" para o cumprimento de uma tarefa "sagrada".

As tendências messiânicas são visíveis em certos fenômenos nacionais, como o Sebastianismo em Portugal ou o Ciclo Arturiano com origem na Bretanha. Em Portugal, pode-se considerar mesmo a obra "O Quinto Império" do Padre António Vieira de um teor messiânico que se encontrará também, transfigurado, na "Mensagem" de Fernando Pessoa, onde conceitos filosóficos, como o do Super-Homem hegeliano, se misturam com elementos do ocultismo e da idéia de destino ou fado, também próprio da identidade cultural portuguesa.

Origem do Messianismo

O profeta Isaías é um dos primeiros a proclamar a idéia de um Messias, embora esta idéia já se encontrasse na Pérsia entre os zoroastristas. Ele antecipou a ameaça babilônica no horizonte do povo judeu - A Captividade Babilônica. E escreveu relatos que ainda não tinham ocorrido mas estavam prestes, como a vinda do messias aceito e conhecido Jesus Cristo.

Na historia do Brasil, o termo messianismo é usado para dar nome aos movimentos sociais nos quais milhares de sertanejos fundaram comunidades comandadas por um líder religioso.

Movimentos messiânicos

Borboletas Azuis

Fundado em Campina Grande pelo empresário Roldão Mangueira de Figueiredo, os Borboletas Azuis passaram a se identificar com os atos messiânicos em 1977, ano em que se apresentaram vestidos de um timão azul e branco impecável.

Roldão pregava que o mundo seria destruído por um dilúvio na década de 80. Houve uma dramática redução do número de fiéis depois do fiasco do dilúvio anunciado, o número de seguidores passou de aproximadamente 700 para somente 67 pessoas.
Os Borboletas Azuis são um marco histórico na Paraíba.

Caldeirão de Santa Cruz do Deserto

Surgiu no Crato, interior do Ceará, sob a liderança do beato José Lourenço.

Consistia numa comunidade igualitária onde todos os habitantes tinham direitos e deveres iguais. Tal ideal não agradava o governo estadual e os fazendeiros da região.

O Caldeirão era protegido pelo Padre Cícero, que inclusive ajudou beato José Lourenço a arrendar o terreno. Após a morte do sacerdote, governo e fazendeiros se aproveitaram para destruir a comunidade.

Canudos

Ocorreu no sertão baiano no século XIX. O líder Antônio Conselheiro defendia a volta da monarquia e classificava o republicanismo como uma manifestação contra a Cristandade.

Como a fama do movimento começou a se espalhar pelo país, os governos estadual e federal se uniram para destruí-lo. Em 1897, Canudos foi completamente destruída.

Sem dúvida foi o maior movimento messiânico ocorrido no Brasil.

 Contestado

Surgido em 1912 na divisa dos estados de Santa Catarina e Paraná, era um movimento liderado por monges que defendiam a volta do Império (um fazendeiro da região chegou a ser nomeado imperador do Brasil por um dos monges).

Em 1916 a comunidade foi destruída pelo exército brasileiro.

Muckers

Em 1868 começa o movimento messiânico dos Muckers, em Sapiranga, Rio Grande do Sul, liderado por Jacobina Mentz Maurer. Em 1874, depois de três ataques do Exército Brasileiro e da Guarda Nacional, são finalmente afogados em um banho de sangue, vencida a sua resistência. É sabido que alguns dos remanescentes desse movimento participaram de Canudos.

Monges do Pinheirinho

Surgido em 1902 na região da cidade de Encantado, Rio Grande do Sul. Tratava-se de uma seita religiosa semelhante à dos Muckers de Sapiranga, mas suportada majoritariamente por caboclos em confronto com os imigrantes italianos há poucos anos ali residentes e as forças de segurança do Estado. O movimento messiânico teve o mesmo destino trágico dos Muckers, seus integrantes foram massacrados pela Brigada Militar. É sabido que remanescentes deste movimento participaram do Contestado havendo inclusive menção do Monge João Maria no movimento, entretanto é discutível se tratava-se da mesma pessoal, já que tal identidade era comumente invocada por inúmeros líderes de movimentos similares.

Monges Barbudos

VOTO DE CABRESTO

As próximas eleições... “de cabresto”, charge de 1927 publicada na revista Careta. A legenda original era a seguinte:

Ella – É o Zé Besta?

Elle – Não, é o Zé Burro! O voto de cabresto é um sistema tradicional de controle de poder político através do abuso de autoridade, compra de votos ou utilização da máquina pública. É um mecanismo muito recorrente nos rincões mais pobres do Brasil como característica do coronelismo.

A figura do coronel era muito comum durante os anos iniciais da República, principalmente nas regiões do interior do Brasil. O coronel era um grande fazendeiro que utilizava seu poder econômico para garantir a eleição dos candidatos que apoiava. Era usado o voto de cabresto, onde o coronel (fazendeiro) obrigava e usava até mesmo de violência para que os eleitores de seu "curral eleitoral" votassem nos candidatos apoiados por ele. Como o voto era aberto, os eleitores eram pressionados e fiscalizados por capangas do coronel, para que votassem nos candidatos por ele indicados. O coronel também utilizava outros recursos para conseguir seus objetivos políticos, tais como compra de voto, votos fantasmas, troca de favores, fraudes eleitorais e violência.

No sistema político e eleitoral brasileiro, nos dias atuais, é muito difícil controlar o voto das pessoas. Mas há novos mecanismos de pressão que são usados. Por exemplo, anotar as secções em que os eleitores de uma determinada família ou localidade votam, para depois conferir se a votação do candidato correspondeu ao que se esperava dos eleitores. Embora não seja possível se determinar "quem" votou em "quem" por este método, ele é eficaz entre a população mais pobre como instrumento de pressão psicológica.

Mas há também o uso de poder das milicias, nas comunidades pobres, que obrigam os moradores locais a votar em quem eles querem, ou não permitem o voto em candidatos cujo a milicia não aceita; se a população não cumpre a milícia pode abusar do poder e causar mortes ou parar de "ajudar" os moradores.



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