quinta-feira, 26 de junho de 2014

ORIGEM DOS BACANAIS

Os povos da Antiguidade possuíam objetos representativos de suas divindades, como um ponto focal de adoração. Em geral, o deus maior nessas crenças idolátricas era o sol. Para os babilônicos e assírios, o deus sol era chamado Shamash, vindo a frente de 66 outros deuses, entre os tais, Tamuz (que, segundo sua mãe, Semíramis, seria o Messias, o Filho da promessa). Tamuz se identifica com divindades de diversos outros mitos que teriam ressuscitado após serem assassinados e descerem a profundezas espirituais. Semíramis era mulher de Nimrod, bisneto de Noé e fundador e rei da Babilônia. Ela se dizia a Rainha do Céu (ou Astarote), deusa a quem muitas mulheres judias acendiam incenso nas ruas de Jerusalém, como denunciava o profeta Jeremias. Astarte, ou Asterote - há muitas grafias, pois o nome original nunca foi escrito em nosso alfabeto, no qual a sonoridade do nome pode ter mais de uma representação - tinha a personificação humana em suas sacerdotisas, que assim eram honradas pelo rei e pelo povo, e a personificação celeste no planeta Vênus, que é a estrela mais bela do céu.

Par os egípcios, o deus sol se chamava Rá, mas eles tinham outros deuses famosos, como Osíris, Adônis (equivalente a Tamuz), Ísis, Maat, Ápis, etc., e um vasto panteão. Os Fenícios, ou filisteus da Bíblia, que viviam em Canaã, atual Palestina, adoravam a Baal, Marduk, Moloque, Dagom, Astarte) e muitos outros, sendo que alguns deles, como Moloque, exigiam sacrifícios de crianças. Alguns autores, como Thomas Wright, relatam que esta prática teria sido largamente retomada na Europa durante um longo período no decorrer da Idade Média. Essa afirmação é corroborada por muitos documentos e foi incorporada no consenso popular. Wright exemplifica sua afirmação com um documento oficial da cidade de Bamberg, na Alemanha, do ano de 1659 que relata, entre outras atividades burocráticas, o sacrifício de 29 crianças imoladas pelo fogo à divindade oficial daquela localidade.

A idolatria não era exclusividade dos povos orientais, visto que os ingleses no ano 1000 ainda sacrificavam o Rei Ano no Solstício do verão para que a colheita fosse farta e os camponeses não passassem fome no último mês do inverno. Os gregos adoravam a deuses concebidos segundo o caráter humano, tendo um para cada situação, como Zeus, Poseidon, Hera e muitos outros. O mesmo acontecia com os etruscos, que deram a Roma sua arquitetura e drenaram o pântano onde estabeleceram a cidade. Eles praticavam augúrios, fazendo seus vaticínios no monte sagrado chamado Vaticano através das vísceras de animais e outras ciências ocultas. Profecias e vaticínios não são consideradas idolatria, mas o sacrifício de seres vivos, para qualquer propósito exceto o alimentar e a remoção de enfermidades, é moralmente questionável. Os Latinos, que se entendiam donos de Roma, porque antes da chegada dos etruscos e sabinos eles pastoreavam seus rebanhos nas sete colinas, endeusavam os antepassados mortos e daí vinha a força do soldado romano, que lutava com bravura imbatível, tanto por amor aos antepassados mortos, quanto por medo deles. Contudo, o culto aos ancestrais não implicava no uso de ídolos como os que até hoje se pode ver em templos de outros cultos. E por causa da afluência de povos das inúmeras nações as quais Roma subjugou, o panteão romano chegou a 35.000 deuses, entre eles, Dionísio Baco (Baco é o nome latino do grego Dionisio), o deus do vinho, em honra a quem os jovens romanos faziam, a exemplo dos gregos antes deles, festas que ficaram conhecidas como "bacanais", nas quais o devoto considerava alcançar o êxtase e através da ingestão de álcool, e Marte, o deus da guerra.

Os primitivos "americanos" também adoravam a um panteão de deidades, onde o sol se elevava muito acima de qualquer outro deus. Prova é que sacrificavam milhares de pessoas nos festivais anuais no Templo do Sol. Esta informação se refere ao povo asteca, mas há evidências de que outras civilizações pré-colombianas também o faziam, em especial aquelas dotadas de arte, ciência e organização social mais avançadas e complexas. Isto é curioso, pois tais práticas costumam ser associadas com o primitivismo e os povos americanos que se encontravam no estágio neolítico ou paleolítico não o faziam. Informações incertas dão conta de que, originalmente, essas execuções rituais seriam pouco numerosas. A crise social que se instalou após a invasão dos violentos piratas espanhóis, com seus assassinatos, estupros e pilhagens, levou aqueles povos a um estado de histeria no qual os sacrifícios se multiplicavam de forma assustadora, a maioria em honra às divindades, mas muitos para poupar as mulheres e as crianças da tortura e da morte nas mãos dos bárbaros quando estes se aproximavam.

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