quinta-feira, 20 de junho de 2013

"ONDE SE GANHA O PÃO, NÃO SE COME A CARNE"

Professora denuncia assédio sexual em escola

Ontem foi instaurado inquérito policial para apurar um caso de suposta violência sexual dentro de uma escola em Ananindeua. Uma professora da escola estadual no conjunto Julia Seffer acusa outro professor de ter abusado dela sexualmente dentro de uma das salas da biblioteca, no dia 27 de maio deste ano. O caso só foi denunciado ao DIÁRIO porque, segundo a vítima, “há omissão e descaso por parte da direção escolar e da própria Secretaria de Educação”, que já teriam sido comunicados dos fatos oficialmente.
A professora procurou o DIÁRIO para relatar que foi vítima de abuso sexual, supostamente praticado por um professor que ministra aula há 13 anos naquela escola.

“O meu único contato com esse professor sempre foi limitado e profissional. Nesse dia, por volta das 20h30, quando ele já havia passado prova para os alunos, foi até a biblioteca comigo e pediu um livro. Lá ele puxou outros assuntos sobre a escola e algumas aulas que iríamos ministrar. Na biblioteca existem outras duas salas e foi quando ele pediu para eu abri-las para ver o que tinha dentro delas. Ao abrir a sala de livros infantis, ele me puxou, me agarrou, começou a passar a mão em mim e ficou me cheirando. Nessa hora, senti muito nojo, não tive reação de gritar nem bater nele, mas queria me livrar dele. Ele ainda colocou a cabeça no meu colo e continuou me apertando. Ele só me largou porque escutou um barulho da escada do lado de fora”, detalhou a professora.

Segundo a mulher, ela não se intimidou e denunciou o suposto agressor à polícia, à direção da escola e até mesmo à ouvidoria da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), mas nada teria sido feito. “Ele está trabalhando normalmente. Ficou afastado por 10 dias, estava de atestado, mas acredito que por vergonha mesmo, porque eu coloquei a boca no mundo. Mas agora parece que nada foi feito, até mesmo o documento que entreguei na direção foi ignorado. Tentei resolver internamente, mas parece que nada vai ser feito. Aqui todos da direção passam a mão na cabeça dele”, denuncia.

A reportagem foi até a escola onde ambos trabalham. A agente de portaria só liberou a entrada da equipe porque a professora estava junto. A diretora não se encontrava. As únicas coordenadoras que poderiam falar sobre o assunto preferiram evitar porque estariam, segundo os professores, em estágio probatório e não queriam se comprometer.

Durante conversa com a vítima e alguns professores na tarde de ontem, a professora denunciante foi alertada na coordenação que seria advertida porque estaria incitando confusão naquela escola.
Aqueles professores contaram que o acusado ainda seria suspeito de abusar de outra funcionária dentro do banheiro do mesmo colégio. Em boletim de ocorrência, outra professora, também membro do Conselho Escolar, denuncia “que já ouviu queixas de funcionárias e alunas, referentes à conduta maliciosa do professor.

O OUTRO LADO

O professor acusado conversou com a reportagem por telefone. Ele negou as acusações e disse ser “acostumado abraçar as colegas de trabalho como forma de cumprimento. O que poderia ter acontecido, neste caso, foi certo exagero nesse abraço, por isso a professora pode ter confundido. Mas em nenhum momento houve a intenção de agarrá-la forçadamente”, afirma.
Quanto à outra acusação, o professor riu e disse que “seria loucura demais tentar agarrar uma funcionária em um ambiente público, ainda mais dentro da escola”, acrescenta. Segundo ele, as acusações são verdadeiras “armações”, pois não teria no histórico profissional nada que viesse macular sua imagem.

PALAVRA DA SEDUC

Em nota, a Seduc informou que o caso de possível assédio está “na Ouvidoria da instituição em fase de apuração preliminar. Se comprovada a responsabilização do servidor, será imediatamente instaurado um Processo Administrativo Disciplinar, assegurando a ele o direito ao contraditório e ampla defesa. Caso a denúncia seja comprovada, caberá ser aplicada punição compatível ao caso”, diz.
O caso foi levado à polícia e, posteriormente, professora está decidida a prosseguir até a Justiça. “Vou ter de conviver com o agressor? Não vou aceitar uma coisa dessas. Não vou aceitar que a escola seja omissa”, reclama.

Crédito (Diário do Pará)

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