Poder público deve investir na prevenção, afirma ex-usuário
Alberto continuou a contar sobre
a vida de drogas e os motivos que o levaram a finalmente pedir ajuda e ser
internado. Ele começou a usar drogas aos 12 anos, sem levantar suspeitas. No
início, relatou, a família não desconfiou do envolvimento dele com o tráfico.
"Eu usava camisas com dizeres ‘Não beba’, ‘Drogas, tô fora’, algo assim.
Minha família no início não desconfiou de nada. Eu bebia e fumava, mas era
isso. Depois fui para drogas ilícitas. Um amigo mais velho, em quem eu aplicava
cocaína na veia despertou a minha atenção e, vendo aquilo, comecei a ficar
interessado. Ele me disse que era traficante e que ninguém sabia disso no nosso
bairro. Ele começou a me vender a droga e eu, curioso, comecei a me drogar pra
valer", relatou.
Alberto passou de usuário a
traficante. "Eu era adolescente e virei traficante. Mas não durou muito,
se você comparar com outros traficantes poderosos por aí. O motivo é que quando
você usa, acaba devendo à alguém e fica com dívidas altas. Eu vendia para
consumir mais drogas".
Antes de se internar, Alberto
chegou ao fundo do poço e havia ido da maconha ao uso do crack. "Foi a
última droga que usei quando era viciado. A minha situação estava complicada. Na
hora do almoço eu me drogava ao invés de comer. Perdi tudo por causa das
drogas. Fui ameaçado de morte. Decidi que deveria sair dessa vida",
completou o ex-usuário, acrescentando que nunca foi preso.
Para ele, o governo precisa
investir mais na prevenção. "Eu caí nessa vida porque faltou um amigo,
alguém que me orientasse e fizesse com que eu não entrasse nessa das drogas. Eu
perdi muita coisa. Perdi tudo, perdi minha identidade. Virei traficante para
sustentar o vício e ganhar dinheiro. Mas o que você ganha rápido, perde muito
mais rápido no mundo do crime e das drogas. O governo deve investir no
tratamento dos dependentes que estão iniciando nesse mundo e na prevenção em
escolas e bairros", acredita.
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