domingo, 17 de junho de 2012

O FUNDO DO POÇO


Espia só: BRT






Poder público deve investir na prevenção, afirma ex-usuário

Alberto continuou a contar sobre a vida de drogas e os motivos que o levaram a finalmente pedir ajuda e ser internado. Ele começou a usar drogas aos 12 anos, sem levantar suspeitas. No início, relatou, a família não desconfiou do envolvimento dele com o tráfico. "Eu usava camisas com dizeres ‘Não beba’, ‘Drogas, tô fora’, algo assim. Minha família no início não desconfiou de nada. Eu bebia e fumava, mas era isso. Depois fui para drogas ilícitas. Um amigo mais velho, em quem eu aplicava cocaína na veia despertou a minha atenção e, vendo aquilo, comecei a ficar interessado. Ele me disse que era traficante e que ninguém sabia disso no nosso bairro. Ele começou a me vender a droga e eu, curioso, comecei a me drogar pra valer", relatou.

Alberto passou de usuário a traficante. "Eu era adolescente e virei traficante. Mas não durou muito, se você comparar com outros traficantes poderosos por aí. O motivo é que quando você usa, acaba devendo à alguém e fica com dívidas altas. Eu vendia para consumir mais drogas".

Antes de se internar, Alberto chegou ao fundo do poço e havia ido da maconha ao uso do crack. "Foi a última droga que usei quando era viciado. A minha situação estava complicada. Na hora do almoço eu me drogava ao invés de comer. Perdi tudo por causa das drogas. Fui ameaçado de morte. Decidi que deveria sair dessa vida", completou o ex-usuário, acrescentando que nunca foi preso.

Para ele, o governo precisa investir mais na prevenção. "Eu caí nessa vida porque faltou um amigo, alguém que me orientasse e fizesse com que eu não entrasse nessa das drogas. Eu perdi muita coisa. Perdi tudo, perdi minha identidade. Virei traficante para sustentar o vício e ganhar dinheiro. Mas o que você ganha rápido, perde muito mais rápido no mundo do crime e das drogas. O governo deve investir no tratamento dos dependentes que estão iniciando nesse mundo e na prevenção em escolas e bairros", acredita.

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