domingo, 25 de dezembro de 2011

TUDO O QUE EU DEVERIA TER ESCRITO E NÃO TIVE CORAGEM

OLHA O QUE NOS ENSINA A PERERECA DA VIZINHA.


Essa questão do descumprimento de acordo da Norte Energia com o Governo do Estado é apenas filigrana.


Ou, pior ainda, miçanguinha e espelhinho, para toldar o discernimento do distinto público.


Se a Norte Energia causa prejuízos ao Pará por comprar R$ 100 milhões ou R$ 500 milhões em maquinário fora do estado, isso é apenas uma gota d’água no oceano, em relação ao massacre que a hidrelétrica de Belo Monte representa.


Massacre das populações indígenas. Massacre da floresta amazônica. Massacre das cidades atingidas por esse projeto criminoso.


Em Altamira ou Vitória do Xingu de há muito já se vivencia o horror decorrente da chegada de milhares e milhares de migrantes sem que exista dinheiro para atender às demandas por eles geradas.


E a verdade é que as “mentes brilhantes” de Brasília não estão nem aí para as violências cometidas por esses projetos megalomaníacos contra a nossa gente. Para as “mentes brilhantes” de Brasília, a Amazônia e o Pará só existem como “exotismo” ou como armazém de onde tudo se retira a qualquer tempo.


Belo Monte é um crime hediondo.


Um crime hediondo contra o meio ambiente, os direitos humanos, os cofres públicos e a própria Democracia.


E mesmo que a Norte Energia comprasse R$ 100 milhões, R$ 1 bilhão, R$ 3 bilhões em maquinários no Pará, ainda assim esse projeto continuaria a ser uma patifaria - e um tapa na cara de todos nós que acreditamos que crimes assim não poderiam se repetir em pleno Século XXI.


Esse Belo Monte de roubalheiras, Belo Monte de ratazanas, Belo Monte de violências tem é de ser cessado – e não simplesmente “embaraçado” por causa de uma merreca de R$ 100 milhões.


Merreca, sim!


Merreca diante do desrespeito e de todas as atrocidades cometidas contra o Pará e os paraenses por esse Belo Monte de mafiosos.


Há poucos dias os jornais locais estamparam a miséria, o sofrimento de milhões de pessoas na capital deste estado, que é, certamente, a pior capital brasileira em termos de qualidade de vida.


Temos metade da população da Região Metropolitana a viver em favelas – gente de carne e osso condenada a viver que nem bicho, que nem urubu.


E é esse, talvez, o melhor retrato deste nosso tão amado e sofrido Pará: estamos todos condenados a viver atolados na lama.


Na lama da corrupção e da falta de Cidadania. Na lama do desrespeito cotidiano a direitos básicos, garantidos pela Constituição desse país tão distante chamado Brasil.


E é isso o que mais dói: dia sim, dia não o Brasil inteiro toma conhecimento das violências e das patifarias impressionantes que acontecem no estado do Pará.


Nada aqui funciona. É como se os cidadãos estivéssemos sitiados por verdadeiras hordas, que se digladiam em torno do butim.


O governante de plantão – e isso serve para todos os partidos – só quer saber é de se locupletar e aos seus parentes, aderentes e correligionários, à custa do erário.


O Poder Judiciário cai aos pedaços, de tão podre e atravancado. E, não raras vezes, só quem obtém sentenças favoráveis são os “eupátridas”, ou aqueles que têm condições de molhar o pé da planta.


No Legislativo, também com raras e honrosas exceções, as nossas “excelências”, de cima a baixo, da vereança ao Senado, só estão preocupadas é em mamar nas generosas tetas do Estado.


Nas nossas cortes de contas, o que há é um nepotismo desabrido, vergonhoso, prostituição às escâncaras.


A nossa imprensa vive do “é dando que se recebe”. E aqueles que não se curvam diante desse lodaçal são perseguidos, censurados, espancados, ameaçados de prisão e de morte - e não têm simplesmente a quem recorrer.


E o nosso Ministério Público, com tão poucos promotores e tão parcas condições de trabalho, mais parece aqueles 300 de Esparta diante dessa muralha de podridão. Os nossos promotores não têm mãos a medir. E sabem que, na maioria esmagadora das vezes, trabalham em vão...


Tudo isso é do conhecimento desse distante país chamado Brasil, que, no entanto, permanece de costas para nós.


E quando de nós se lembra, é apenas para ajudar a nos violentar ainda mais, com projetos nazistas, como esse Belo Monte de crimes contra a humanidade.


Durante anos, o linhão de Tucuruí passou em cima de povoações inteiras, que viviam às escuras, enquanto a energia produzida no Pará, à custa do sangue e das lágrimas dos paraenses, ia abastecer as indústrias do Sudeste e as grandes mineradoras que só pagam impostos é a esse distante país chamado Brasil.


Durante décadas temos assistido à chegada de levas e levas de migrantes, todos atraídos pelas decantadas riquezas deste “oásis” que seria o Pará.


E, no entanto, só o que temos visto crescer nestes anos todos são os lucros da Vale – além da impressionante miséria a que nós e os nossos irmãos migrantes somos submetidos.


O Pará é riquíssimo, é verdade. Mas toda essa riqueza só tem servido para encher o bolso da Vale, dos executivos da Vale, das empresas que comercializam com a Vale, das indústrias do Sudeste desse distante país chamado Brasil, e, também, o bolso dessas quadrilhas que dominam o estado do Pará.


A nós, povo do Pará, tem restado apenas a lama, essa vida de bicho, de caranguejo, sem escola, sem saúde, sem saneamento, sem segurança, sem Democracia, sem rigorosamente nada que lembre a República ou o Estado de Direito.


A nós tem restado, cada vez mais, apenas a rabeira da rabeira do Brasil.


E, apesar de tanta miséria, de tantas violências contra os direitos humanos que temos tido de suportar, ainda querem nos enfiar goela abaixo esse Belo Monte de nazismo.


E fica aí o nosso governador - que ainda passará à história como “Simão, o Mendigo” - a implorar ora 30 mil casas, ora R$ 800 milhões da Vale, ora R$ 100 milhões da Norte Energia, como se isso representasse alguma coisa diante da pilhagem desses bucaneiros.


Em verdade, o que precisamos é de uma grande “macumbaria” para incorporar o espírito do Papudinho.


Hélio Gueiros podia ter todos os defeitos do mundo. Mas, ao contrário do bovídeo Simão Jatene, certamente saberia mandar a Norte Energia ir enfiar esse Belo Monte de merda em outro lugar.

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