Papel higiênico e acetona eram usados em açaí
Dois pontos de venda de açaí foram interditados e um vendedor preso em flagrante ontem, na operação especial envolvendo o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), Delegacia do Consumidor (Decon), Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), Guarda Municipal e Departamento de Vigilância Sanitária de Belém (Devisa) nos bairros do Guamá e Terra Firme.
A ação conjunta flagrou vendedor adulterando o suco do açaí com diversos produtos e, em um dos casos foi detectado até o uso de papel higiênico e acetona. O material foi apreendido e será avaliado pelo Instituto Médico Legal (IML).
Farinha de mandioca e corante também “engrossam” a lista de itens encontrados nos pontos de venda. Os itens são utilizados por batedores da capital para adulterar o suco neste período de entressafra, dando mais cor e volume ao açaí.
Os estabelecimentos tinham problemas relacionados ao registro da vigilância sanitária, a não utilização de uniformes, a falta da carteira de saúde de manipulação de alimentos, o estoque ilegal de açaí, a falta de procedimentos dos donos para a prevenção da doença de chagas (processo de branqueamento) e a adulteração.
A fraude vem sendo praticada em diversos pontos. Segundo Estela Avelar, médica veterinária responsável pelo Programa de Monitoramento da Qualidade do Açaí, da Devisa, em seis anos desde que o programa foi implantado para fiscalizar diariamente a venda de açaí em Belém e distritos, o departamento ainda não havia encontrado o flagrante apesar de exames laboratoriais já terem apontado o uso da farinha de mandioca em amostras feitas em anos anteriores.
“Já encontramos, neste ano, batedores com a mão suja de corante, produtos escondidos em baldes e em sacos plástico. Isso não ocorria antes, em nenhum outro ano. O crime configura fraude e o indivíduo pode ir preso em flagrante”, alertou.
QUEIXAS
Segundo a técnica, as queixas têm se tornado cada vez mais frequentes. “Consumidores se dirigem para denunciar principalmente o sabor e qualidade do produto, muitos até depois de sofrer mal estar. O consumidor pensa que está levando um açaí de qualidade, mas está levando gato por lebre sem saber que está colocando a própria saúde e de toda família em risco”, disse Avelar.
De acordo com denúncias, a mistura acontece principalmente no sábado e no domingo, quando não há fiscalização nos pontos e os vendedores aproveitam para adulterar com produtos alheios a forma de preparo correta. No caso da bacaba, a técnica também revelou já ter encontrado a utilização de sal e leite que melhoram o aspecto do suco.
Pessoas alérgicas e com sensibilidade ao corante têm sentido os efeitos da adulteração realizada com o produto que melhora o aspecto do açaí neste período de entressafra. Já a farinha de mandioca tem sido o item mais comum encontrado nas operações rotineiras e a maior queixa é em relação à alteração do sabor.
Já o papel higiênico encontrado ontem ainda não havia sido detectado em outras operações realizadas apenas pela Devisa. “Ao que tudo indica, o papel amolece em água e depois é colocado na máquina junto com o fruto para dar mais consistência. Também encontramos jornal no local que pode ter sido utilizado na mistura”, explicou.
A doença de chagas também aumenta o nível de preocupação. Só neste ano, cinco pessoas foram diagnosticadas com a doença em decorrência do consumo do açaí. Por isso, aumenta a necessidade de atenção e cuidado do consumidor na hora de escolher o estabelecimento onde vai comprar o produto. A atenção deve ser redobrada em relação a higiene do local, do fruto e do manipulador, segundo a técnica.
O consumidor também deve estar atento a estrutura do estabelecimento, se há pia para o manipulador lavar a mãos e nos procedimentos de manuseio.
(Diário do Pará)
quinta-feira, 26 de junho de 2014
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