O cavaleiro a empunhar sua espada se vê frente a frente com um enorme dragão. Seu reino foi devastado por um poderoso inimigo. Suas terras ardem em chamas. Os campos estão condenados. A população lutou bravamente mas sucumbiu. No horizonte não há nuvens brancas, o céu está cinza, trovões e raios anunciam uma tempestade. É hora de bater em retirada? O que deve fazer esse bravo guerreiro, ainda de pé, apesar dos inúmeros golpes que o atingiram? O que você faria se estivesse no lugar dele?
Muitos (a maioria) iria depor as armas. Entregar-se seria a solução. Abrir mão das terras, do castelo, do futuro de seu povo em troca da preservação da vida não seria considerado indigno. Ainda mais depois de tantas batalhas vencidas e perdidas, em que o nosso herói sempre demonstrou sua valentia, seu destemor, seu apego a terra e ao povo...
Ou seria melhor lutar até morrer? Racionalmente falando essa seria, sem dúvida, a pior das opções. Poderiam pensar os mais afeitos ao pensamento lógico que a perda da vida desse guerreiro implicaria na impossibilidade de novas batalhas numa perspectiva futura. O amanhã, de acordo com esses racionais pensadores, poderia ver uma reversão do cenário tenebroso em que esse cavaleiro se encontra nesse exato momento...
Mas quem garante que esse valoroso lutador teria o seu pescoço preservado por seus inimigos? Afinal de contas, preservar tão valentes combatentes poderia significar, mais para a frente no tempo, a possibilidade de novos confrontos, com revézes e infortunios para os vencedores de hoje, não acham... Pensando assim, o melhor seria lutar até a última chama que alimenta a vida estar acesa...
E se os vencedores forem piedosos e magnânimos? E se, nesse caso, sua vida fosse preservada e, na pior das hipóteses nosso corajoso soldado fosse aprisionado ou escravizado? Sua vida seria mantida, não seria?
Digo apenas que preferiria lutar até a última gota de sangue de meu corpo se esgotar... Não aprendi a me render, como nos diz Renato Russo em sua composição... Prefiro acreditar que, na pior das hipóteses, minha saga seria preservada através dos cânticos e folguedos populares, sendo passada de pai para filho ao longo dos tempos para que me eternizasse numa Ilíada ou numa Odisséia...
Luto pela minha terra. Pelejo por justiça. Quero paz e civilidade, mas vejo muitos erros. A corrupção que atinge nossa sociedade e a torna cada vez mais vil. A insensibilidade das autoridades. A destruição do meio-ambiente. O analfabetismo e a exclusão social. As epidemias e o descaso na saúde... Temos muitas frentes de batalha pelas quais lutar e não podemos nos omitir. Temos que manifestar nossa insatisfação e abandonar a letargia... Sejamos pois os guerreiros valorosos que querem contar histórias felizes, com coisas bonitas para relatar... O sonho não pode acabar...
Afinal, é a verdade o que me assombra, o descaso o que condena e a estupidez o que destrói, não é...
Jamais aceitaria o cárcere, muito menos a escravidão. Se nos submetemos perdemos a dignidade, a honra... Abdicar da liberdade em qualquer circunstância é inaceitável... Se a batalha é justa, se os valores defendidos são éticos e se atrás de si há uma legião de pessoas que dependem de suas forças, não fuja a responsabilidade, entregue-se de peito aberto a luta... Ecoe suas crenças e seus valores pela eternidade, lute até o fim, não se entregue jamais
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
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