INTRODUÇÃO
Aristóteles
Aristóteles
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Nome completo
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Ἀριστοτέλης
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Escola/Tradição:
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Data de
nascimento:
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* Local:
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Data de
falecimento
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322 a.C. (62 anos)
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* Local:
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Principais
interesses:
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Trabalhos
notáveis:
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Aristóteles (em grego
antigo: Ἀριστοτέλης, transl.
Aristotélēs; Estagira,
384 a.C. — Atenas, 322 a.C.) foi um filósofo grego, aluno de Platão e professor de Alexandre,
o Grande. Seus escritos abrangem diversos assuntos, como a física,
a metafísica, as leis
da poesia e do drama, a música, a lógica, a retórica, o governo, a ética, a biologia e a zoologia. Juntamente com Platão e Sócrates (professor de
Platão), Aristóteles é visto como um dos fundadores da filosofia
ocidental. Em 343 a.C.
torna-se tutor de Alexandre
da Macedónia, na época com 13 anos de idade, que será o mais célebre
conquistador do mundo antigo. Em 335 a.C.
Alexandre assume o trono e Aristóteles volta para Atenas, onde funda o Liceu (lyceum) em 335 a.C..
DESENVOLVIMENTO
Repercussão
Seu ponto de vista sobre as ciências
físicas influenciou profundamente o cenário intelectual medieval, e esteve presente
até o Renascimento - embora
eventualmente tenha vindo a ser substituído pela física
newtoniana. Nas ciências biológicas, a precisão de algumas de suas
observações foi confirmada apenas no século XIX. Suas obras
contêm o primeiro estudo formal conhecido da lógica, que foi incorporado
posteriormente à lógica
formal. Na metafísica, o aristotelismo teve uma
influência profunda no pensamento filosófico e teológico nas tradições judaico-islâmicas
durante a Idade Média,
e continua a influenciar a teologia cristã,
especialmente a ortodoxa oriental, e a tradição escolástica da Igreja Católica. Seu estudo
da ética, embora sempre tenha continuado a ser influente, conquistou um
interesse renovado com o advento moderno da ética da virtude. Todos os aspectos
da filosofia de Aristóteles continuam a ser objeto de um ativo estudo acadêmico
nos dias de hoje. Embora tenha escrito diversos tratados e diálogos num estilo
elegante (Cícero descreveu seu estilo
literário como "um rio de ouro"), acredita-se que a maior parte de
sua obra tenha sido perdida, e apenas um terço de seus trabalhos tenham
sobrevivido.
Apesar do alcance abrangente que as obras de Aristóteles gozaram
tradicionalmente, os acadêmicos modernos questionam a autenticidade de uma
parte considerável do corpus aristotélico.
Foi chamado por Augusto
Comte de "o príncipe eterno dos verdadeiros filósofos" por
Platão de "O Leitor" (pela avidez com que lia e por se ter cercado
dos livros dos poetas, filósofos e homens
da ciência contemporâneos e
anteriores) e, pelos pensadores árabes, de o
"preceptor da inteligência humana". Também era conhecido como O
Estagirita, por sua terra natal, Estagira.
Vida
Aristóteles era natural de Estagira, na Trácia, sendo filho de Nicômaco, amigo e médico
pessoal do rei macedônio
Amintas
III, pai de Filipe
II. É provável que o interesse de Aristóteles por biologia e fisiologia decorra da
atividade médica exercida pelo pai e pelo tio, e que remontava há dez gerações.
Segundo a compilação bizantina Suda, Nicômaco era descendente de Nicômaco,
filho de Macaão, filho de Esculápio.
Com cerca de 16 ou 17 anos partiu para Atenas, maior centro intelectual e
artístico da Grécia. Como muitos outros
jovens da época, foi para lá prosseguir os estudos. Duas grandes instituições
disputavam a preferência dos jovens: a escola de Isócrates,
que visava preparar o aluno para a vida política, e Platão e sua Academia, com preferência à
ciência (episteme) como fundamento da realidade. Apesar do aviso de que,
quem não conhecesse Geometria
ali não deveria entrar, Aristóteles decidiu-se pela academia platônica e nela
permaneceu vinte anos, até a morte de Platão, , no primeiro ano da 108a
olimpíada (348 a.C.).
Espeusipo, sobrinho de
Platão, foi por ele nomeado escolarca da academia, e assim Aristóteles partiu
para Assos com alguns ex-alunos.
Dois fatos parecem se relacionar com esse episódio: Espeusipo representava uma
tendência que desagradava Aristóteles, isto é, a matematização da filosofia; e
Aristóteles ter-se sentido preterido (ou rejeitado), já que se julgava o mais
apto para assumir a direção da Academia, no entanto não assumira devido
principalmente ao fato de que não era grego, mas imigrante da Macedônia.
Em Assos, Aristóteles fundou um pequeno círculo filosófico com a ajuda
de Hérmias,
tirano de Atarneu e eventual ouvinte
de Platão. Lá ficou por três anos e casou-se com Pítias, sobrinha de
Hérmias. Assassinado Hérmias, Aristóteles partiu para Mitilene, na ilha de Lesbos, onde realizou a maior parte das
famosas investigações biológicas. No ano de 343 a.C. chamado por Filipe II, tornou-se
preceptor de Alexandre, função que exerceu até 336 a.C., quando Alexandre
subiu ao trono.
Neste mesmo ano, de volta a Atenas, fundou o Lykeion, origem da
palavra Liceu (lyceum) cujos alunos
ficaram conhecidos como peripatéticos (os que
passeiam), nome decorrente do hábito de Aristóteles de ensinar ao ar livre,
muitas vezes sob as árvores que cercavam o Liceu. Ao contrário da Academia
de Platão, o Liceu privilegiava as ciências
naturais. Alexandre mesmo enviava ao mestre exemplares da fauna e flora das regiões conquistadas. O trabalho
cobria os campos do conhecimento clássico de então, filosofia, metafísica, lógica, ética, política, retórica, poesia, biologia, zoologia, medicina e estabeleceu as
bases de tais disciplinas quanto a metodologia
científica.
Aristóteles dirigiu a escola até 324 a.C., pouco depois da
morte de Alexandre. Os sentimentos antimacedônicos dos atenienses voltaram-se
contra ele que, sentindo-se ameaçado, deixou Atenas afirmando não permitir que
a cidade cometesse um segundo crime contra a filosofia (alusão ao julgamento de
Sócrates). Deixou a escola
aos cuidados do principal discípulo, Teofrasto (372 a.C. - 288 a.C.) e retirou-se para
Cálcis, na Eubeia. Nessa época, Aristóteles já era
casado com Hérpiles, uma vez que Pítias havia falecido pouco tempo
depois do assassinato de Hérmias, seu protetor. Com Hérpiles, teve uma filha e
o filho Nicômaco. Morreu a 322 a.C.
O pensamento aristotélico
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A tradição representa um elemento vital para a compreensão da filosofia
aristotélica. Em certo sentido, Aristóteles via o próprio pensamento como o
ponto culminante do processo desencadeado por Tales de Mileto. A
filosofia pretendia não apenas rever como também corrigir as falhas e
imperfeições das filosofias anteriores. Ao mesmo tempo, trilhou novos caminhos
para fundamentar as críticas, revisões e novas proposições.
Aluno de Platão,
Aristóteles discorda de uma parte fundamental da sua filosofia. Platão concebia
dois mundos existentes: aquele que é apreendido por nossos sentidos, o mundo
concreto -, em constante mutação; e outro mundo - abstrato -, o das ideias,
acessível somente pelo intelecto, imutável e independente do tempo e do espaço
material. Aristóteles, ao contrário, defende a existência de um único mundo:
este em que vivemos. O que está além de nossa experiência sensível não pode ser
nada para nós.
Lógica
Para Aristóteles, a Lógica é
um instrumento, uma introdução para as ciências e para o conhecimento e
baseia-se no silogismo, o raciocínio
formalmente estruturado que supõe certas premissas colocadas previamente para
que haja uma conclusão necessária. O silogismo é dedutivo, parte do
universal para o particular; a indução, ao contrário,
parte do particular para o universal. Dessa forma, se forem verdadeiras as
premissas, a conclusão, logicamente, também será.
Física
A concepção aristotélica de Física parte do movimento, elucidando-o nas
análises dos conceitos de crescimento, alteração e mudança. A teoria do ato e
potência, com implicações metafísicas,
é o fundamento do sistema. Ato e potência relacionam-se com o movimento
enquanto que a matéria se forma com a ausência de movimento.
Para Aristóteles, os objetos caíam para se localizarem corretamente de
acordo com a natureza: o éter, acima de tudo; logo
abaixo, o fogo; depois o ar; depois a água e, por último, a terra.
Psicologia
A Psicologia é a teoria da alma e baseia-se nos conceitos de alma (psykhé)
e intelecto (noûs). A alma é a forma primordial de um corpo que possui
vida em potência, sendo a essência do corpo. O intelecto, por sua vez, não se
restringe a uma relação específica com o corpo; sua atividade vai além dele.
O organismo, uma vez
desenvolvido, recebe a forma que lhe possibilitará perfeição maior, fazendo
passar suas potências a ato. Essa forma é alma. Ela faz com que vegetem,
cresçam e se reproduzam os animais e plantas e também faz com que os animais
sintam.
No homem, a alma, além de suas
características vegetativas e sensitivas, há também a característica da
inteligência, que é capaz de apreender as essências de modo independente da
condição orgânica.
Ele acreditava que a mulher era um ser incompleto, um meio homem. Seria
passiva, ao passo que o homem seria ativo.
Biologia
A biologia é a ciência da vida e situa-se no âmbito da física (como a
própria psicologia), pois está centrada na relação entre ato e potência.
Aristóteles foi o verdadeiro fundador da zoologia - levando-se em
conta o sentido etimológico da palavra. A ele se deve a primeira divisão do
reino animal.
Aristóteles é o pai da teoria da abiogênese, que durou até
séculos mais recentes, segundo a qual um ser nascia de um germe da vida, sem
que um outro ser precisasse gerá-lo (exceto os humanos): um exemplo é o das aves que vivem à beira das lagoas, cujo germe da vida estaria nas plantas
próximas.
Ainda no campo da biologia, Aristóteles foi quem iniciou os estudos
científicos documentados sobre peixes sendo o precursor da ictiologia (a ciência que
estuda os peixes), catalogou mais de cem espécies de peixes marinhos e
descreveu seu comportamento. É considerado como elemento histórico da evolução
da piscicultura e da aquariofilia.[11]
Metafísica
O termo "Metafísica"
não é aristotélico; o que hoje chamamos de metafísica era chamado por
Aristóteles de filosofia
primeira. Esta é a ciência
que se ocupa com realidades que estão além das realidades físicas que possuem
fácil e imediata apreensão sensorial.
O conceito de metafísica em Aristóteles é extremamente complexo e não há
uma definição única. O filósofo
deu quatro definições para metafísica:
- a
ciência que indaga e reflete acerca dos princípios e primeiras causas;
- a
ciência que indaga o ente
enquanto aquilo que o constitui, enquanto o ser do ente;
- a
ciência que investiga as substâncias;
- a
ciência que investiga a substância supra-sensível, ou seja, que excede o
que é percebido através da materialidade e da experiência sensível.
Os conceitos de ato e potência, matéria
e forma, substância e acidente possuem especial
importância na metafísica
aristotélica.
As quatro causas
Para Aristóteles, existem quatro causas implicadas na existência de
algo:
- A causa
material (aquilo do qual é feita alguma coisa, a argila, por exemplo);
- A causa
formal (a coisa em si, como um vaso de argila);
- A causa
eficiente (aquilo que dá origem ao processo em que a coisa surge, como as
mãos de quem trabalha a argila);
- A causa
final (aquilo para o qual a coisa é feita, cite-se portar arranjos para
enfeitar um ambiente).
Essência e acidente
A essência é algo sem o qual aquilo não pode ser o que é; é o que dá identidade a um ser, e sem
a qual aquele ser não pode ser reconhecido como sendo ele mesmo (por exemplo:
um livro sem nenhum tipo de história ou informações estruturadas, no caso de um
livro técnico, não pode ser considerado um livro, pois o fato de ter uma
história ou informações é o que permite-o ser identificado como
"livro" e não como "caderno" ou meramente "maço de
papel").
O acidente é algo que pode ser inerente ou não ao ser, mas que, mesmo
assim, não descaracteriza-se o ser por sua falta (o tamanho de uma flor, por
exemplo, é um acidente, pois uma flor grande não deixará de ser flor por ser
grande; a sua cor, também, pois, por mais que uma flor tenha que ter,
necessariamente, alguma cor, ainda assim tal característica não faz de uma flor
o que ela é).
Ética
No sistema aristotélico, a ética é a ciência das condutas, menos
exata na medida em que se
ocupa com assuntos passíveis de modificação. Ela não se ocupa com aquilo que no
homem é essencial e imutável, mas daquilo que pode ser obtido por ações
repetidas, disposições adquiridas ou de hábitos que constituem as virtudes e os
vícios. Seu objetivo último é garantir ou possibilitar a conquista da felicidade.
Partindo das disposições naturais do homem (disposições particulares a
cada um e que constituem o caráter), a moral mostra como essas disposições devem ser
modificadas para que se ajustem à razão. Estas disposições
costumam estar afastadas do meio-termo, estado que Aristóteles considera
o ideal. Assim, algumas pessoas são muito tímidas, outras muito audaciosas. A virtude é o meio-termo e o
vício se dá ou na falta ou no excesso. Por exemplo: coragem é uma virtude e
seus contrários são a temeridade (excesso de coragem) e a covardia (ausência de
coragem).
As virtudes se realizam sempre no âmbito humano e não têm mais sentido
quando as relações humanas desaparecem, como, por exemplo, em relação a Deus. Totalmente diferente é a virtude
especulativa ou intelectual, que pertence apenas a alguns (geralmente os
filósofos) que, fora da vida moral, buscam o conhecimento pelo conhecimento. É
assim que a contemplação aproxima o homem de Deus.
Política
Alexandre
e Aristóteles.
Na filosofia aristotélica a política é um desdobramento
natural da ética. Ambas, na verdade,
compõem a unidade do que Aristóteles chamava de filosofia
prática.
Se a ética está preocupada com a felicidade individual do homem, a política se
preocupa com a felicidade coletiva da pólis. Desse modo, é tarefa da
política investigar e descobrir quais são as formas de governo e as instituições capazes de
assegurar a felicidade coletiva. Trata-se, portanto, de investigar a constituição
do estado.
Acredita-se que as reflexões aristotélicas sobre a política originam-se
da época em que ele era preceptor de Alexandre,
o Grande.
Direito
Para Aristóteles, assim como a política, o direito também é um
desdobramento da ética. O direito para
Aristóteles é uma ciência dialética,
por ser fruto de teses ou hipóteses, não
necessariamente verdadeiras, validadas principalmente pela aprovação da maioria.
Retórica
Aristóteles considerava importante o conhecimento da retórica, já que ela se
constituiu em uma técnica (por habilitar a estruturação e exposição de argumentos)
e por relacionar-se com a vida pública. O fundamento da retórica é o entimema
(silogismo truncado, incompleto), um silogismo no qual se subentende uma
premissa ou uma conclusão. O discurso retórico opera em três campos ou gêneros:
gênero deliberativo, gênero judicial e gênero epidítico (ostentoso,
demonstrativo).
Poética
A poética é imitação (mimesis) e abrange a poesia épica, a lírica e a dramática:
(tragédia e comédia). A imitação visa a
recriação e a recriação visa aquilo que pode ser. Desse modo, a poética tem por
fim o possível. O homem apresenta-se de diferentes modos em cada gênero
poético: a poesia épica apresenta o homem como maior do que realmente é,
idealizando-o; a tragédia apresenta o homem exaltando suas virtudes e a comédia
apresenta o homem ressaltando seus vícios ou defeito.
Astronomia
O cosmos aristotélico é
apresentado como uma esfera
gigantesca, porém finita, à qual se prendiam as estrelas, e dentro da qual
se verificava uma rigorosa subordinação de outras esferas, que pertenciam aos planetas então conhecidos e
que giravam em torno da Terra, que se manteria imóvel no centro do sistema
(sistema geocêntrico).[12]
Os corpos
celestes não seriam formados por nenhum dos chamados quatro
elementos transformáveis (terra, água, ar, fogo), mas
por um elemento não transformável designado "quinta essência". Os
movimentos circulares dos objetos celestes seriam, além de naturais, eternos.
Obra
A filosofia aristotélica é um sistema, ou seja, a relação e
conexão entre as várias áreas pensadas pelo filósofo. Seus escritos versam
sobre praticamente todos os ramos do conhecimento de sua época (menos as
matemáticas).
Embora sua produção tenha sido excepcional, apenas uma parcela foi
conservada. Seus escritos dividiam-se em duas espécies: as 'exotéricas' e as
'acroamáticas'. As exotéricas eram destinadas ao público em geral e, por
isso, eram obras de caráter introdutório e geralmente compostas na forma de
diálogo. As acroamáticas, eram destinadas apenas aos discípulos do Liceu
e compostas na forma de tratados. Praticamente tudo que se conservou de
Aristóteles faz parte das obras acroamáticas. Das exotéricas, restaram apenas
fragmentos.
O conjunto das obras de Aristóteles é conhecido entre os especialistas
como corpus
aristotelicum.
O Organon, que é a reunião
dos escritos lógicos, abre o corpus e é assim composto:
- Categorias: análise dos elementos
do discurso;
- Sobre a interpretação: análise do juízo e das proposições;
- Analíticos (Primeiros e Segundos): análise do raciocínio formal
através do silogismo
e da demonstração científica;
- Tópicos: análise da argumentação
em geral;
- Elencos sofísticos: tido como apêndice dos Tópicos, analisa os argumentos
capciosos.
Em seguida, aparecem os estudos sobre a Natureza e o mundo físico.
Temos:
- Física;
- Sobre o
céu;
- Sobre a geração e a corrupção;
- Meteorológicos.
Segue-se a Parva naturalia, conjunto de investigações sobre temas
relacionados.
- Da alma;
- Da
sensação e o sensível;
- Da
memória e reminiscência;
- Do sono
e a vigília;
- Dos
sonhos;
- Da
adivinhação pelo sonho;
- Da
longevidade e brevidade da vida;
- Da
Juventude e Senilidade;
- Da
Respiração;
- História
dos Animais;
- Das
Partes dos Animais;
- Do
Movimento dos Animais;
- Da
Geração dos Animais;
- Da
Origem dos Animais.
Após os tratados que versam sobre o mundo físico, temos a obra dedicada
à filosofia primeira, isto é, a Metafísica.
Não se deve necessariamente entender que 'metafísica' signifique uma
investigação sobre um plano de realidade fora do mundo físico. Esta é uma
interpretação neoplatônica.
À filosofia primeira, seguem-se as obras de filosofia prática, que
versam sobre Ética e Política. Estas reflexões têm lugar em quatro textos:
- Ética
a Nicômaco;
- Ética a
Eudemo (atualmente considerada como uma primeira versão da Ética a
Nicômaco);
- Grande
Moral ou Magna Moralia (resumo das concepções éticas de
Aristóteles);
- Política (a política, para
Aristóteles, é o desdobramento natural da ética)
Existem, finalmente, mais duas obras:
- Retórica;
- Poética (desta obra conservam-se
apenas os tratados sobre a tragédia e a poesia épica).
O corpus aristotelicum ainda inclui outros escritos sobre temas
semelhantes, mas hoje sabe-se que são textos apócrifos. Aristóteles havia
registrado as constituições de todas as cidades gregas, mas julgava-se que
esses escritos haviam se perdido. No século XIX, contudo, foi descoberta a Constituição de Atenas, única
remanescente.
Perda dos seus escritos
De acordo com a distinção que se origina com o próprio Aristóteles, seus
escritos são divididas em dois grupos: os "exotéricos" e os esotéricos".[13] A maioria dos
estudiosos tem entendido isso como uma distinção entre as obras de Aristóteles
destinadas ao público (exotéricas), e os trabalhos mais técnicos (esotéricos)
destinados ao público mais restrito de estudantes de Aristóteles e outros
filósofos que estavam familiarizados com o jargão e as questões típicas das
escolas platônica e aristotélica. Outra suposição comum é que nenhuma das obras
exotéricas sobreviveu - todos os escritos de Aristóteles existentes são do tipo
esotérico. O conhecimento atual sobre o que exatamente os escritos exotéricos
eram é escasso e duvidoso, apesar de muitos deles poderem ter sido em forma de
diálogo. (Fragmentos de alguns dos diálogos de Aristóteles
sobreviveram.) Talvez seja a esses que Cícero refere-se quando ele
caracteriza o estilo de escrita de Aristóteles como "um rio de ouro";[14] é difícil para
muitos leitores modernos aceitar que alguém poderia tão seriamente admirar o
estilo daquelas obras atualmente disponíveis para nós.[15] No entanto,
alguns estudiosos modernos têm advertido que não podemos saber ao certo se o
elogio de Cícero foi dirigido especificamente para as obras exotéricas; alguns
estudiosos modernos têm realmente admirado o estilo de escrita concisa
encontrado nas obras existentes de Aristóteles.[16]
Linha do tempo
384 a.C. – Aristóteles
nasce em Estagira, Macedônia
situada hoje no nordeste da Grécia.
O pai era um médico reconhecido - ou seja, um cientista. Se chamava Nicômaco e
era amigo do rei da Macedônia Amintas
III, pai de Filipe
II[6] .
367 a.C. – Aos 17 anos,
Aristóteles se muda para Atenas
com intuito de estudar na Academia
de Platão, onde foi um brilhante estudante. Platão estava com 61
anos de idade.
356 a.C. – Nasce Alexandre
o Grande, filho de Filipe II.
347 a.C. – Morre Platão e
Espeusipus se torna o novo diretor da academia. Aristóteles deixa Atenas e se
muda com outros colegas da Academia para Assos (hoje situada no litoral
da Turquia). Neste período
Aristóteles se casa com Pítias, filha de Hermeias, rei de Assos e que também
frequentou a Academia de Platão. Aristóteles tem uma filha que assim como a mãe
também é chamada Pítias.
344 a.C. – Hermeias é
deposto. Aristóteles se muda para Mytilene na ilha de Lesbos. Se associa com Teofrastos, um
nativo desta cidade e também formado pela academia de Platão e faz importantes
estudos em biologia.
343 a.C. – Filipe II, rei
da Macedônia, convida Aristóteles para morar em sua residência e ser o tutor de
seu filho Alexandre (mais tarde, O Grande) que tem 13 anos de idade.
335 a.C. – Filipe II morre.
Alexandre sobe ao trono. Aristóteles volta para Atenas e funda a sua própria
escola, o Liceu. Neste mesmo ano, de volta a Atenas, fundou o Lykeion,
(termo que deu origem a palavra Liceu) cujos alunos ficaram conhecidos como
peripatéticos (os que passeiam), nome decorrente do hábito de
Aristóteles de ensinar ao ar livre, muitas vezes sob as árvores que cercavam o
Liceu. Ao contrário da Academia de Platão, o Liceu privilegiava as ciências
naturais. Alexandre mesmo enviava ao mestre exemplares da fauna e flora das
regiões conquistadas. O trabalho cobria os campos do conhecimento clássico de
então: filosofia, metafísica, lógica, ética, política, retórica, poesia,
biologia, zoologia, medicina e não só estabeleceu as bases de tais disciplinas
quanto a metodologia científica. Durante este período Pítias morre e
Aristóteles se casa com Erfílis, que também era nativa de Estagira. Com ela
Aristóteles tem um filho chamado Nicômaco.
323 a.C. – Após estender
suas conquistas ao Egito, à Síria, Pérsia e Índia, Alexandre o Grande
morre (na Índia). Por causa do sentimento antimacedônico, Aristóteles se vê
obrigado a sair de Atenas pela última vez.
CONCLUSÃO
Na ética Aristotélica, toda ação humana está
orientada para a execução de algum bem, ao qual estão unidos o bem e a
felicidade; o bem possui o caráter de causa final, que age sobre o agente. Mas
há uma dificuldade em determinar em que consiste esse bem e essa felicidade, já
que não há a identificação do sumo bem do homem com deus, a ele corresponde o
bem mais alto em si mesmo. Para Aristóteles há muitos bens: uns são preciosos,
dignos de estima como a virtude, a alma e o entendimento; outros são desejáveis,
como as virtudes que servem para agir bem; outros, como a força, o poder, a
riqueza e a beleza são simplesmente potências, que podem ser empenhadas para o
bem ou o mal; outros, como a saúde e a ginástica, contribuem para a prática do
bem; uns, como a justiça e as virtudes, são sempre desejáveis, e outros, como a
força, a riqueza e o poder nem sempre o são; alguns bens possuem finalidade,
como a saúde, outros são meios para consegui-la, como a medicina; alguns bens
pertencem à alma, como a virtude, outros ao corpo, como a saúde e a beleza,
outros são exteriores, como as riquezas. Usando o método da exclusão,
descarta-se que os bens do homem sejam os prazeres sensíveis, tampouco
consistem nas riquezas, que são apenas meios para a felicidade; tampouco a glória
e a honra, que são apenas uma compensação na vida política. Para determinar
quais são os bens e a atividade própria do homem, Aristóteles analisa as
funções do ser humano: uma é viver, mas esta é comum aos homens e às plantas,
outra é sentir, que também é comum ao homem e aos animais, a terceira, e a que
distingue verdadeiramente o homem, é a atividade racional; portanto, essa é sua
atividade própria, e assim a vida do homem deve consistir em viver conforme a
razão. Mas isso não basta: a razão deve dirigir e regular todos os atos da vida
do homem, e isto consiste essencialmente na vida virtuosa. E, como há muitas
virtudes, esta fórmula deve completar-se dizendo que a perfeição do homem,
logo, seu bem e sua felicidade, é a atividade dirigida pela virtude mais alta e
elevada, a sabedoria, porque ela é a virtude das virtudes. No primeiro livro da
Ética à Nicômaco, Aristóteles detém-se nesse ponto; mas no livro X, tratando do
mesmo tema, ele declara que a vida ideal é a teorética e contemplativa, quer
dizer, o exercício da atividade na sua potência mais alta, que é a sabedoria.
Há uma medida para todas as ações humanas, que é o
justo-meio. A felicidade é definida como atividade da alma, dirigida pela
virtude perfeita; é excelente e divina, mas não é presente dos deuses e nem
produto do acaso, porque é preciso conquistá-la com muito exercício e muita
prática da virtude. Para tanto é necessário indagar sobre a virtude e em que
condição ela é um meio-termo para a felicidade. As virtudes morais consistem em
ser um meio entre dois extremos viciosos; em toda quantidade é possível
distinguir o excesso, o pouco e uma medida, que é o meio-termo; quando se trata
de coisas, o meio-termo é aquele ponto que se encontra em igual distância entre
dois pontos extremos, mas quando se trata do homem, o meio-termo é aquilo que
não peca nem por excesso e nem por defeito, e esta medida muda muito e não é
única para todos os homens. Como é difícil estabelecer o justo-meio em cada
caso particular, deve-se deixar esta definição a uma pessoa sensata, que decida
retamente; mas há casos em que não cabe estabelecer nenhuma medida, assim como
em excesso não existe medida.
Dentre os limites, destaca-se primeiramente a
necessidade da inserção do indivíduo na Pólis, há um certo intelectualismo na
visão de vida ideal, tanto que há um problema: ser livre implica
necessariamente em ser racional.
Créditos
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Wikipédia, a enciclopédia livre.
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