domingo, 11 de setembro de 2011

UMA LAMBANÇA TUPINIQUIM

Tamoios, Mundurucus, Pariquis, Tupinambás, Apinagés. Nomes indígenas que fazem parte dos dias dos moradores de Belém, nas ruas que cortam os bairros do Jurunas, Batista Campos, Condor. Mas o vereador Gervásio Morgado não gosta da homenagem às nações que por aqui estavam antes dos europeus. Não, Gervásio prefere homenagear outras pessoas, de preferência empresários, contribuintes em potencial de campanhas políticas. Então, Gervásio resolve trocar o nome da travessa Apinagés ("quem seriam esses Apinagés?", talvez tenha pensado Gervásio). Gervásio propõe a troca de Apinagés por Jerônimo Rodrigues ("melhor um empresário que uma tribo de índios que nem sei quem são", talvez tenha pensado Gervásio). E assim foi feito. Com a anuência da grande maioria dos vereadores, Gervásio ficou feliz com o seu feito ("menos uma rua com nome estranho, agora tem nome de gente de bem", talvez tenha pensado Gervasio). Mas Gervásio, sem dúvida, não pensou que sua proposta é um crime cultural. Não pensou que os moradores da Travessa Apinagés poderiam não gostar da mudança e, mais absurdo, poderiam reagir. Mas eles o fizeram. Essa página é uma forma de ajudar a organizar esse movimento para trazer de volta os Apinagés para as ruas de Belém. Como a resistência dos nossos antepassados indígenas, com a astúcia do Chapolim Colorado, com a forma de luta que criarmos, vamos conseguir isso. Gervásio não vai gostar, já não está gostando, mas Apinagés não é Jerônimo, a Travessa Apinagés é para sempre".

A PROMOTORA ANA MARIA nos ensina o caminho das pedras: O remédio heroico contra esse ato atentatório ao patrimonio cultural do povo de Belém é a AÇÃO POPULAR.
Há vários julgados no sentido de reconhecer que a ação popular é um instrumento cabível contra lei de efeito concreto, como é o caso da lei municipal que mudou um nome tradicional, histórico e cultural de uma rua de nossa cidade para outro completamente desconhecido, cuja única razão é o fato de tratar-se de uma pessoa abastada que residia na APINAGÉS, mas que nao possui em sua biografia nenhum feito conhecido da população que tenha contribuído, de alguma forma, para o bem público sem que tivesse sido movido pelo próprio interesse de ampliar seus negócios na cidade.

Várias pessoas com quem já tinha comentado esse ato anti-cultural manifestaram desejo de assinar, junto comigo, uma ação dessa natureza.

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