CUBANA QUE FUGIU DO PARÁ QUER ASILO NO BRASIL

Cubana que fugiu do Pará quer asilo no Brasil

A médica cubana Ramona Matos Rodriguez, que atuava desde o fim do ano passado como médica do programa “Mais Médicos”, no município paraense de Pacajá, está abrigada na sala da liderança do partido Democratas, na Câmara dos Deputados.

A médica abandonou o município no último sábado, alegando não ter condições de sobreviver com um salário de pouco mais de R$ 800,00. Embora tenha dito que não tem queixas dos brasileiros nem dos moradores de Pacajá, Ramona declarou que se sente enganada por receber menos do que foi acordado.

A presença da médica cubana nas dependências da Câmara causou grande alvoroço. A Casa Legislativa está recebendo, até o dia 20 deste mês, milhares de prefeitos que chegam em busca da indicação de emendas para seus municípios. Muitos comentaram as razões da fuga da médica de Pacajá.
O prefeito de um pequeno município do Pará, que não quis se identificar para não sofrer represália, confirmou que o salário dos médicos cubanos que atuam em seu município não chega a 900 reais. Segundo ele, a prefeitura faz um complemento ao salário para ajudar os médicos que atuam em seu município a terem recursos para alimentação, vestuário e produtos de uso pessoal.

Pedido de asilo

Ramona Matos Rodríguez, 51 anos, pediu asilo político ao Brasil alegando que não recebe o salário ao qual tinha direito pela participação no programa. Ela afirmou, em coletiva à imprensa, que sentia-se vigiada e que não sentia liberdade para viajar a outras cidades sem ter que comunicar aos coordenadores do programa no Estado.

A médica conta que assinou contrato em Cuba, em setembro, com a promessa de receber mil dólares americanos por mês, cerca de R$ 2,5 mil. Ela mostrou o contrato assinado com a Sociedade Mercantil Cubana Comercializadora de Serviços Médicos Cubanos S.A. em que estão especificados os valores.
A cubana relata que, durante o curso de preparação para os profissionais do “Mais Médicos”, em outubro, em Brasília, soube que os colegas vindos de outros países receberiam salário entre R$ 10 mil e R$ 15 mil. “Me senti enganada, muito mal, e fiquei pensando em como sair (do programa)”, contou.

Na última terça, 4 de fevereiro, já em Brasília hospedada no apartamento de uma amiga, a médica suspeitou que estava sendo vigiada pela Polícia Federal (PF) após deixar o Pará. Ela pediu abrigo à liderança do DEM na Câmara dos Deputados.

O líder do DEM, Mendonça Filho (PE), informou que a equipe jurídica do partido irá solicitar asilo político ao Brasil para a médica e cedeu o espaço da liderança para que Ramona se abrigasse até sua situação ser resolvida.

A liderança do partido Democratas cobra do governo explicações sobre a situação dos médicos cubanos que participam do programa Mais Médicos. O líder do DEM, Mendonça Filho, e o vice-líder, Ronaldo Caiado, se encontraram com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

O ministro da Justiça disse que não há qualquer justificativa para a cubana estar sendo monitorada ou investigada pela PF porque, segundo ele, enquanto estiver vinculada ao “Mais Médicos”, Ramona tem licença para trabalhar no País como médica. Cardozo afirmou que o Ministério da Justiça e a Polícia Federal estão abertos para eventuais denúncias de apurações ilegais sobre o caso.

Até o momento, de acordo com o ministro, o Ministério da Saúde não desvinculou Ramona Rodriguez do programa. Segundo ele, se ela for excluída do programa, perderá o visto e a licença para atuar como médica no Brasil e poderá ser deportada. No entanto, o ministro informou aos líderes do DEM que, uma vez formalizado no Ministério da Justiça o pedido de refúgio, a lei permite que a médica permaneça no País até o julgamento do processo.

O vice-líder do DEM deputado Ronaldo Caiado (GO) afirmou, após reunião com ministro da Justiça, que o partido deverá formalizar o pedido de refúgio no País para a médica.
Crédito (Diário do Pará)