domingo, 17 de novembro de 2013

QUINTINO DO PARÁ


Quintino o mito do reinado de um “Gatilheiro”
Quintino da Silva Lira ou Armando Oliveira da Silva eram o
 mesmo homem e até o início dos anos 1980 não passava
 de um simples agricultor na localidade de Pau-de-Remo,
 então Município de Ourém.
Porém, a situação imposta pelos sistemas de governo
apresentadas no Brasil, com injustiças sociais aflorando
por toda parte, fez aquele pacato colono tornar-se um
 dos mais temidos fora-da-lei do norte do país.
As injustiças na distribuição de terras geraram conflitos
ao ponto de Quintino perder companheiros de forma
covarde, motivando-o a arregaçar as mangas e tomar
uma brava atitude de liderar um grupo de colonos rebelados
 contra o injusto sistema, indo literalmente a luta com
armas nas mãos.
Quintino que foi comparado à Robin Hood, Zumbi,
 Antonio Conselheiro e “Lampião” desta nova era, quis
 evitar tais comparações, se auto-intitulando de “Gatilheiro”,
uma nova expressão para um novo herói do campo.
Ele na verdade teria matado, revidado, roubado e chantageado,
porém não como sua fama mostrou. Sempre houve exageros,
e também é verdade que se criou o mito de que ele teria parte
com o diabo, usando técnicas que lhe permitiam desaparecer
aos olhos de seus perseguidores, como se transformando
num toco, cão ou outro animal qualquer. Na verdade, Quintino
não virava nada e sim sabia se virar nas adversidades com
muita sabedoria, mostrando-se um excelente líder estrategista.
Era muito bem informado de todos os passos da polícia e de
qualquer outro perseguidor.
O que ele fez podia até não estar certo, porém mesmo
inconscientemente, Quintino conseguiu coisas que nossos
governos e nossa justiça nunca ousariam solucionar,
como por exemplo, a reforma agrária.
Mesmo procurado nos quatro cantos pelas tropas do
coronel PM Cleto, comandante das tropas na região, que
se embrenharam nas matas tendo a frente o
capitão PM Cordovil, época em que era governador do
Estado do Pará, Jader Fontenelle Barbalho, Quintino desapropriou terras,
assentou “sem-terras”, resolveu conflitos como se fora um
Juiz de Paz e até casamentos realizou, causando temor
e admiração ao mesmo tempo.
Quem o conheceu na intimidade impressionou-se com
 aquele mortal, dotado de uma obstinação invejável, em
busca de um ideal comum com sua gente: a justiça propriamente dita.
Foram aproximadamente quatro anos de reinado em mata fechada,
período-referência em que muitas autoridades nada fazem
para atenuar o sofrimento do povo do campo, e mesmo
assim relacionava-se com as mesmas, com fazendeiros e
comerciantes na medida em que a regra era ditada.
Quem veio para conversar, teve conversa. Quem foi para guerrear,
teve guerra. O serviço reservado mesmo com toda precariedade
da época, conseguiu se aproximar de Quintino, e estudar todos
seus passos  pois o “Gatilheiro” era também um poço de
ingenuidade, e tombou para sempre no ritmo do pipocar
das armas da polícia militar.
Quintino foi e sempre será o que as pessoas quiserem dele achar,
pois de tudo tinha um pouco, e pode ter sido um herói, bandoleiro,
justiceiro, cangaceiro, gatilheiro, Robin Hood, Zumbi,
Antonio Conselheiro, “Lampião”, um toco , um cão,
o diabo ou um tolo... Dependendo do ângulo ou dimensão que
se queira dar ao seu papel na história, porém uma coisa
deve ser dita sem pestanejar: Quintino foi uma das figuras
mais importante  no século XXI e milênio, trazendo para
discussão assuntos e temas outrora esquecidos ou engavetados pelas autoridades.

3 comentários:

saibadascoisas disse...

Se der, siga meu blog de volta.
Um abraço.

saibadascoisas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Propostas de Campanha disse...

meu caro camarada todos os dias faço uma passadinha no seu blog. Selva!