A história estuprada do Brasil
Crédito Valdson Almeida
Corre mata adentro, cansada, ofegante, vencida.
É o bandeirante desbravador estuprando a índia.
E é ela a selvagem,
claro!
Tapa a boca, escraviza a alma. Chora, vendida.
É o senhor da casa grande, proprietário de carne,
estuprando a negra
na senzala. E é ela a escória, claro!
É o militar patriota estuprando a comunista
subversiva nos porões da
ditadura. E é ela a ameaça ao país, claro!
É o policial vestido de hipocrisia que atende
a mulher violentada
agora há pouco, perguntando que roupa ela
usava na hora do ocorrido.
E é ela que se veste errado, claro!
É o pai de família que faz sexo com a esposa
indisposta. Mas isso não é
estupro, é só sexo sem consentimento mútuo,
claro!
É o macho alfa que estupra corretivamente
a lésbica “mal comida”.
E é ela a doente que precisa de cura, claro!
É o aluno de medicina, estudante da
“melhor universidade da
América latina”, que estupra a caloura bêbada.
E é a denúncia dela
que mancha o nome da Universidade, claro!
É o político defensor dos “bons costumes”
que só não estupra a deputada porque ela
‘não merece’. Ufa, pelo menos alguém sensato
nessa história violentada do Brasil.
Corre mata adentro, cansada, ofegante, vencida.
É o bandeirante desbravador estuprando a índia.
E é ela a selvagem,
claro!
Tapa a boca, escraviza a alma. Chora, vendida.
É o senhor da casa grande, proprietário de carne,
estuprando a negra
na senzala. E é ela a escória, claro!
É o militar patriota estuprando a comunista
subversiva nos porões da
ditadura. E é ela a ameaça ao país, claro!
É o policial vestido de hipocrisia que atende
a mulher violentada
agora há pouco, perguntando que roupa ela
usava na hora do ocorrido.
E é ela que se veste errado, claro!
É o pai de família que faz sexo com a esposa
indisposta. Mas isso não é
estupro, é só sexo sem consentimento mútuo,
claro!
É o macho alfa que estupra corretivamente
a lésbica “mal comida”.
E é ela a doente que precisa de cura, claro!
É o aluno de medicina, estudante da
“melhor universidade da
América latina”, que estupra a caloura bêbada.
E é a denúncia dela
que mancha o nome da Universidade, claro!
É o político defensor dos “bons costumes”
que só não estupra a deputada porque ela
‘não merece’. Ufa, pelo menos alguém sensato
nessa história violentada do Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário