quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

A QUEM INTERESSA A DEGRADAÇÃO DA ESCOLA PÚBLICA NO BRASIL?


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A qualificação da escola pública é uma necessidade  vital para
o país e para a sua afirmação como uma sociedade democrática.
Se não formos capazes de encontrar novas soluções para o
problema do insucesso visível e invisível que afeta um número
significativo de alunos que frequentam as escolas no Brasil,
arriscamo-nos a contribuir para o controle politico, social e
cultural do país. Não é que esse controle hoje já não aconteça,
só que, felizmente, continua a ser entendida, por um número
significativo de pessoas, como um fato indesejável ou,
pelo menos, como um fato incômodo. Posição esta que,
os professores conscientes lutam, como se estivessem remando
contra a maré, fazendo ações e reflexões que visam promover
as escolas públicas como espaços educativos de qualidade.
Uma posição que, contudo, poderá vir a ser progressivamente
abalada, caso a Escola Pública continue a ser objeto de uma
responsabilização social excessiva, continue a afirmar-se como
uma Escola Estatal e continue, também, sem encontrar
respostas curriculares, pedagógicas e didáticas distintas
daquelas que têm vindo a ser acionadas pela larga maioria
dos seus.

Se não se enfrentar, de modo diverso e através de estratégias
distintas, cada um dos problemas presentes em cada escola,
uns menores e outros mais complexos, tem que ser urgente a
solução se não, as portas ao desenvolvimento e consolidação de
uma rede crescente de escolas privadas, o que já é um fato, em
abstrato, não seria um fato necessariamente negativo, se não
significasse a legitimação de um projeto político de segregação
educativa em nome da liberdade de escolha e, consequentemente,
da aceitação definitiva do desinvestimento, por parte do Estado,
na qualificação da Escola Pública.
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Aumentando o prestigio social das escolas privadas. Portanto,
teríamos, assim, pondo em cheque a escola pública, onde
as crianças e os jovens da dita classe média conviveriam
e seriam educados entre si, enquanto, ao lado, sobreviveriam
as crianças e os jovens provenientes de meios sociais
desfavorecidos em microcosmos educativos distintos e
com um peso diferenciado quanto ao seu valor na relação na
sociedade e consequentemente seriam diferenciados
no mercado.

O Brasil está aí para nos mostrar como é que a degradação da
sua escola pública esteve na origem, nas últimas décadas,
do crescimento rápido e exponencial de um sistema de ensino
privado cuja dinâmica, pelo que ela pressupõe e pelo impacto
da mesma, não pode deixar de constituir um problema
político e social cada vez mais difícil de enfrentar. Para o Brasil,
é essa escola pública sem qualidade e sem condições, onde
os professores são, de fato, tão mal remunerados quanto
mal  amados, que nunca poderá ser um dos esteios da
mudança educativa de que o país tanto necessita.

As escolas privadas não são, por seu turno, a tão incensada
alternativa que os seus defensores, tanto apregoam.
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Se é verdade que a escola pública não dá suporte suficiente
para que o jovem tendem a ser melhores, também é verdade
que, na escola privada muitas estão ainda longe de
alcançarem a excelência das condições de vida desses
alunos do que propriamente com a excelência dos projetos
e ação educativa que aí se animam. O que se verifica,
e que a nós nos interessa como motivo de reflexão,
é que as escolas públicas brasileiras tendem a afirmar-se
mais como espaços de intervenção social  do que
como espaços de intervenção cultural. Enquanto isso,
algumas das escolas privadas, as melhores escolas
no quadro de um sistema onde, afinal, se acaba por
vender muito gato por lebre, tendem a afirmar-se como
contextos onde aquela intervenção cultural se
subordina, sobretudo, a propósitos de carácter
instrumental.

Daí que seja possível compreender-se como, neste
âmbito, o mercado da educação se afirma como
uma área de negócios e os professores, por isso,
são reduzidos à categoria de prestadores de serviços.

Os exemplos abundam e são chocantes.

HANNA GARIBE , já dizia que professores são a ralé da sociedade.


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