A qualificação da escola pública é uma necessidade vital para
o país e para a sua afirmação como uma sociedade democrática. Se não formos capazes de encontrar novas soluções para o problema do insucesso visível e invisível que afeta um número significativo de alunos que frequentam as escolas no Brasil, arriscamo-nos a contribuir para o controle politico, social e cultural do país. Não é que esse controle hoje já não aconteça, só que, felizmente, continua a ser entendida, por um número significativo de pessoas, como um fato indesejável ou, pelo menos, como um fato incômodo. Posição esta que, os professores conscientes lutam, como se estivessem remando contra a maré, fazendo ações e reflexões que visam promover as escolas públicas como espaços educativos de qualidade. Uma posição que, contudo, poderá vir a ser progressivamente abalada, caso a Escola Pública continue a ser objeto de uma responsabilização social excessiva, continue a afirmar-se como uma Escola Estatal e continue, também, sem encontrar respostas curriculares, pedagógicas e didáticas distintas daquelas que têm vindo a ser acionadas pela larga maioria dos seus. Se não se enfrentar, de modo diverso e através de estratégias distintas, cada um dos problemas presentes em cada escola, uns menores e outros mais complexos, tem que ser urgente a solução se não, as portas ao desenvolvimento e consolidação de uma rede crescente de escolas privadas, o que já é um fato, em abstrato, não seria um fato necessariamente negativo, se não significasse a legitimação de um projeto político de segregação educativa em nome da liberdade de escolha e, consequentemente, da aceitação definitiva do desinvestimento, por parte do Estado, na qualificação da Escola Pública. Aumentando o prestigio social das escolas privadas. Portanto, teríamos, assim, pondo em cheque a escola pública, onde as crianças e os jovens da dita classe média conviveriam e seriam educados entre si, enquanto, ao lado, sobreviveriam as crianças e os jovens provenientes de meios sociais desfavorecidos em microcosmos educativos distintos e com um peso diferenciado quanto ao seu valor na relação na sociedade e consequentemente seriam diferenciados no mercado. O Brasil está aí para nos mostrar como é que a degradação da sua escola pública esteve na origem, nas últimas décadas, do crescimento rápido e exponencial de um sistema de ensino privado cuja dinâmica, pelo que ela pressupõe e pelo impacto da mesma, não pode deixar de constituir um problema político e social cada vez mais difícil de enfrentar. Para o Brasil, é essa escola pública sem qualidade e sem condições, onde os professores são, de fato, tão mal remunerados quanto mal amados, que nunca poderá ser um dos esteios da mudança educativa de que o país tanto necessita. As escolas privadas não são, por seu turno, a tão incensada alternativa que os seus defensores, tanto apregoam. Se é verdade que a escola pública não dá suporte suficiente para que o jovem tendem a ser melhores, também é verdade que, na escola privada muitas estão ainda longe de alcançarem a excelência das condições de vida desses alunos do que propriamente com a excelência dos projetos e ação educativa que aí se animam. O que se verifica, e que a nós nos interessa como motivo de reflexão, é que as escolas públicas brasileiras tendem a afirmar-se mais como espaços de intervenção social do que como espaços de intervenção cultural. Enquanto isso, algumas das escolas privadas, as melhores escolas no quadro de um sistema onde, afinal, se acaba por vender muito gato por lebre, tendem a afirmar-se como contextos onde aquela intervenção cultural se subordina, sobretudo, a propósitos de carácter instrumental. Daí que seja possível compreender-se como, neste âmbito, o mercado da educação se afirma como uma área de negócios e os professores, por isso, são reduzidos à categoria de prestadores de serviços. Os exemplos abundam e são chocantes. HANNA GARIBE , já dizia que professores são a ralé da sociedade. |
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015
A QUEM INTERESSA A DEGRADAÇÃO DA ESCOLA PÚBLICA NO BRASIL?
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