sexta-feira, 28 de junho de 2013
A CASA DE MÃE JOANA É AQUI NO BRASIL, QUEM MESMO MERECE UM PÉ NA BUNDA?
QUEM É JÉRÔME VALCKE
No dia 2 de março de 2012, o secretário-geral da FIFA, Jérôme Valcke, disse que os organizadores da Copa do Mundo FIFA de 2014 precisavam de um "pontapé na bunda" para as obras da Copa do Mundo andarem no Brasil, e afirmou que os preparativos brasileiros estão em "estado crítico". As palavras não foram bem recebidas pelo governo brasileiro, e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, chegou a afirmar que não queria mais Jérôme Valcke como interlocutor da FIFA para os assuntos relacionados à Copa de 2014. "As declarações são inaceitáveis, inadequadas para o governo brasileiro", disse Aldo Rebelo. Não é de hoje que Jérôme Valcke tem atritos com as autoridades brasileiras. Em comunicado publicado no site da FIFA, o secretário pediu rapidez com a aprovação da Lei Geral da Copa: "o texto deveria ter sido aprovado em 2007 e já estamos em 2012", declarou. No meio do fogo cruzado, o presidente do Comitê Organizador Local (COL), Ricardo Teixeira, manteve discurso neutro e apenas ressaltou que tudo sairá como o planejado. "Em todo processo democrático as discussões devem ser amplas e sempre levar em conta os interesses do povo", disse Ricardo Teixeira na nota. Três dias depois do infeliz comentário de Jérôme Valcke, Aldo Rebelo enviou à Suíça uma carta solicitando um novo interlocutor entre o governo brasileiro e a FIFA. De acordo com o ministro do Esporte, "a forma e o conteúdo das declarações escapam aos padrões aceitáveis de convivência harmônica entre um país soberano como o Brasil e uma organização internacional centenária como a FIFA". No mesmo dia, Marco Maia, presidente da Câmara dos Deputados, também atacou as palavras de Jérôme Valcke, chamando o secretário-geral da FIFA de "deselegante". "Foi uma declaração que merece na verdade é que a gente dê um chute daqui para lá de volta e que se repudie qualquer declaração desse nível", opinou Marco Maia. Posteriormente, Jérôme Valcke publicou carta em que se desculpava pelo incidente que classificou como um mal entendido. Segundo o dirigente da FIFA, o que houve não passou de um erro de tradução, e o Brasil segue seguro como "única opção para sediar a Copa do Mundo". Aldo Rebelo aceitou o pedido de desculpas, mas disse que "este tipo de episódio não pode se repetir". Ficou ainda acertada uma reunião de Joseph Blatter com a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, ocorrida no dia 16 de março de 2012. Nela, as diferenças foram discutidas e o mandatário da FIFA pediu tempo para resolver o "problema Valcke".
Já o líder do governo no Senado, Eduardo Braga, afirmou que o secretário-geral da FIFA, Jérôme Valcke, "não está convidado" para discutir o projeto da Lei Geral da Copa na Casa. "O senhor Jérôme Valcke não está convidado pelo Senado da República, muito menos pelas comissões, para vir falar em nome da FIFA", afirmou Eduardo Braga. "Nós queremos ouvir o Blatter", reforçou o senador. "Os nossos convites têm endereço certo. Não levamos em consideração outra pessoa. Quando convidamos um ministro, não queremos ouvir um ascensorista", afirmou o presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte, Roberto Requião.
A senadora Ana Amélia, uma dos três relatores da Lei Geral da Copa, disse que as declarações do "sujeito" (referindo-se a Valcke) foram desrespeitosas com o povo brasileiro e que não gostaria de estender um tapete vermelho para "essa figura". "Foram declarações intempestivas que desrespeitaram não apenas o governo, mas também a todo o povo brasileiro. Então, estender um tapete vermelho para essa figura não seria conveniente neste momento", disse a senadora que, assim com o líder Eduardo Braga, não citou o nome de Valcke. A senadora reiterou ainda que era preciso garantir a decisão do ministro do Esporte, Aldo Rebelo." O ministro Aldo já declarou que ele não seria interlocutor para temas da Copa, e se o aceitássemos aqui estaríamos todos avalizando esse personagem como o interlocutor", concluiu.
ÚLTIMA ENTREVISTA AO JORNAL ESTADÃO
ESTADO - Aparentemente, a Copa começou a funcionar com a saída do Ricardo Teixeira da CBF.
VALCKE - Não há uma receita única. Cada país é diferente. Na África do Sul tínhamos um comitê com uns oito ministros. No Brasil, no início, havia o sentimento de que não se necessitaria de dinheiro público e que, portanto, não se precisava ter um representante do poder público no COL. Mas não podemos organizar uma Copa do Mundo sem o governo. Não funciona. Se não reconhecermos isso, temos um problema sério. Leva um tempo para aprender a trabalhar junto. Aprendemos. Houve também mudanças em Brasília. Ministros saíram e quando finalmente tivemos uma equipe estável, realmente a coisa ficou mais fácil.
ESTADO - O senhor se tornou um nome conhecido no Brasil depois de uma frase famosa. O senhor se arrepende de ter dito aquilo (“o Brasil precisa levar um chute no traseiro”)?
VALCKE - Não vou responder essa pergunta diretamente. Eu disse o que eu disse e pedi desculpas. O passado é o passado. Agora temos que trabalhar para garantir que tudo funcione. Seja lá o que tenha sido dito, o resultado é que a Copa das Confederações é um sucesso. Há um momento em que podemos esquecer as coisas, não que elas tenham que ser perdoadas.
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