domingo, 28 de abril de 2013

POR QUE NO BRASIL NÃO SE OFICIALIZA A PENA DE MORTE PARA CRIMINOSOS?


A delegada Elisabete Sato, diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), disse que o menor detido por suspeita de matar uma dentista confessou ter ateado fogo na vítima. O crime aconteceu na quinta-feira (25), no consultório de Cinthya Magaly Moutinho de Souza, de 47 anos, em São Bernardo do Campo, no ABC.
O adolescente e dois homens, Jonatas Cassiano Araújo, de 21 anos, Victor Miguel Souza Silva, de 24 anos, foram capturados, na madrugada deste sábado, em uma casa na Favela Santa Cruz, no limite entre Diadema e São Bernardo. Segundo a polícia, eles não reagiram. Outro menor também foi detido porque, segundo os policiais, abrigava o trio. Agora a polícia procura outro suspeito:Tiago de Jesus Pereira, de 25 anos.
Em entrevista na sede da Secretaria da Segurança Pública, no Centro de São Paulo, Sato disse que foi uma das responsáveis por interrogar o trio detido. Ela afirmou que os suspeitos contaram que “fingiam que iriam atear fogo para fazer tortura. Um pegava o isqueiro da mão do outro”. Um deles era o menor e o outro, Victor Miguel.
Como não tinha dinheiro quando foi assaltada, a dentista entregou o cartão bancário e a senha aos criminosos. Os ladrões, então, sacaram todo o dinheiro que a mulher tinha na conta, R$ 30, num caixa eletrônico.
Segundo a delegada, ao receber telefonema de Jonatas informando que a vítima tinha apenas R$ 30 na sua conta, o menor ficou irritado e ateou fogo no avental da dentista. “Ele conta que ‘isqueirou’ como se estivesse contando um capítulo de novela.” Sato acrescentou que o trio é viciado em cocaína e que tem embutida “uma crueldade que excede em muito”.
Os suspeitos, cujas prisões temporárias já foram decretadas pela Justiça, foram levados à sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no Centro da capital, na manhã deste sábado. Jonathan e o menor pintaram os cabelos de loiro para tentar despistar.
‘Questão de honra’
Em entrevista na sede da Secretaria da Segurança Pública (SSP), no Centro, o delegado geral, Maurício Blazek, disse que os detidos confessaram o crime. “O caso da Cinthya está findado.” Participou da entrevista a alta cúpula da polícia, incluindo o secretário Fernando Grella, diretores de departamentos policiais e delegados que trabalharam na investigação.
Blazek comemorou o trabalho que culminou com a captura do trio e acrescentou que toda a polícia estava mobilizada. “Eu havia dito que era questão de honra [achar os autores do homicídio].” O anel da dentista estava na carteira de um dos detidos.
Quem tiver informação que possa ajudar a localizar o suspeito pode ligar para o Disque-Denúncia, no telefone 181. O sigilo é garantido.
Outros casos
A polícia acredita que a mesma quadrilha esteja envolvida em pelo menos outros dois assaltos a consultórios odontológicos. Segundo o delegado geral, a polícia investiga outros oito assaltos que teriam sido cometidos por eles, seis deles a consultórios dentários.
O carro roubado de uma outra dentista foi encontrado no prédio onde Jonathan mora. As outras vítimas também contaram que o grupo agiu com muita violência e fez ameaças usando um isqueiro.
O delegado Marcos Moura, titular do 83º Distrito Policial, contou que recentemente houve dois casos semelhantes na Zona Sul da capital. Um ocorreu no dia 12, no Parque Bristol e o outro, no dia 16, no Ipiranga. Neste último, criminosos queimaram o cabelo de duas dentistas enquanto as ameaçavam com isqueiros.
Segundo Moura, a quadrilha passava-se como paciente para avaliar a segurança dos consultórios. No caso do Ipiranga, Victor Miguel se passou por paciente e jogou sua ficha de paciente no lixo. A prova foi encontrada e será anexada aos autos.
Enterro
O corpo de Cinthya foi enterrado nesta sexta em São Bernardo do Campo. Parentes e amigos se uniram num sentimento de tristeza e revolta com a brutalidade do crime.
“Ela estava tomando conta de todo mundo. Tomando conta da mãe, do pai, ele assumia tudo. Era uma filhona. Um exemplo”, disse Risoleide Moutinho de Souza, mãe da dentista. “Tiraram meu braço, minhas pernas, tudo. Acabou com a familia.”

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