terça-feira, 14 de maio de 2013

QUE JEITINHO É ESSE?





Poxa, não dá pra dar um jeitinho para o seu amigo?”. Quem nunca ouviu essa frase? Todos nós, certo? Seja solicitando um ‘favor’ ou quando este nos é solicitado. O fato é que o famoso ‘jeitinho’ está enraizado na cultura brasileira. Para facilitar a vida, muitos de nós utilizamos o recurso para tirar proveito de alguma situação. A correria do dia a dia, a falta de tempo e a concorrência na sociedade de consumo é utilizada como justificativa para usufruir desse atalho, e, em muitos casos, leva ao desrespeito com o próximo, o descumprimento com as leis e, em outros, colocar em risco a própria vida.

ORIGEM

A explicação para o tal ‘jeitinho brasileiro’ se fundamenta nos tempos da colonização do Brasil, quando se iniciou a formação das relações sociais entre negros, índios e portugueses. “Em Casa Grande e Senzala, podemos verificar que já existia essa relação de compadrio. O colonizador português possuía um comportamento mais flexível, fundamentado na educação católica, que é voltada para uma relação de devoção e não de razão, diferentemente, por exemplo, dos colonizadores anglo-saxões, que professavam a religião protestante, muito mais centrada na racionalidade. Então quando ele [português] traz o negro para casa grande ou oferta presentes ao índio, tudo isso são formas que ele utiliza para ‘beneficiá-los’”, explica o sociólogo e professor da Universidade Federal do Pará, Fernando Filho.
A estratégia desse benefício era utilizada também como uma forma de dominação. Ainda segundo o sociólogo, o negro e o índio aderiram à tática para amenizar a realidade em que se encontravam. Era uma forma de sobreviver ou de tornar a vida mais amena. “A realidade é que, atualmente, o jeitinho faz parte da cultura do brasileiro e a sociedade está embebida dessa ferramenta. Existem outras explicações, outros fatores para explicar essa cultura, mas o arcabouço está nas relações de dominação e dominado do Brasil Colônia”, conclui o sociólogo.
(Diário do Pará)



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