domingo, 24 de novembro de 2013

LUCHINI E SERRA PELADA

Serra Pelada voltou a ser notícia desde outubro. Agora, por causa de uma disputa pelo direito de explorar a lavra de ouro que ficou famosa nos anos 80, principalmente entre 1980 e 1982, época de sua mais intensa atividade, e devido a um filme que se aproxima do que foi Serra pelada, com uma falha não coloca o Dr. LUCHINI ou simplesmente Curió no senário.

A serra praticamente mudou de lugar. Na área do garimpo, há um buraco de muitos metros. Pelo lado de fora, ficaram vários montes de terra e cascalho. Durante a atividade do garimpo, bombas tinham que funcionar dia e noite ininterruptamente para drenar o fundo da cava, já que ela havia descido vários metros abaixo do lençol freático. Os formigas, pessoas que carregavam os sacos de aniagem que pesavam ao equivalente um saco de cimento de 50 quilos, cheios de barro onde carregavam até a boca da cava, faziam, em média, dez viagens por dia pelas encostas íngremes do buraco. Essas encostas várias vezes desabavam, soterrando dezenas de garimpeiros. Nos tempos áureos, entre 1980 a 1982, Serra Pelada produziu algumas dezenas de toneladas de ouro. Chegou a ter 80 mil habitantes conforme declaração do administrador do garimpo Sebastião Curio recentemente em entrevista a um canal de televisão, e a impressão que se tinha, ao avistar a área, era de um verdadeiro formigueiro de seres humanos, que revolviam a terra em busca de fortuna.

Nessa ânsia, se sujeitavam a viver da forma mais miserável possível. Tudo era feito à mão. Não havia esteiras para transportar os rejeitos, nem equipamentos para desenterrar as vítimas dos desmoronamentos. O mercúrio impregnava o ambiente com seu cheiro de contaminação e morte. Os habitantes estavam sempre cobertos de barro, vestindo nada mais que trapos, alimentando-se mal, sobre os montes de cascalho, dormindo em barracas de lona preta, em volta das quais acumulavam-se o lixo e bichos diversos.
Como a entrada de bebidas e mulheres no garimpo era proibida, várias "biroscas" e prostíbulos foram instalados aproximadamente uns 35 quilômetros do garimpo onde, com o nome sugestivo de Curionópolis, devido à grande fama de Curió coronel do Exército (em outro momento contarei o por que do nome Curió),  fundou a cidade de Curionópolis e foi seu primeiro prefeito por dois mandatos.

O sonho de enriquecer no garimpo se realizou para muitos garimpeiros, que logo perdiam tudo novamente e retornavam ao garimpo em busca de um novo achado que lhes permitissem esbanjar com bebidas e mulheres. Mas, houve aqueles que mantiveram e multiplicaram a riqueza. Muitas vezes alugando bombas e demais equipamentos aos que ainda não tinham condições de comprar.

Quando cheguei em serra pelada, tive a visão de que havia retroagido ao tempo (como se eu estivesse entrado em uma maquina do tempo e sido teletransportado) ao mundo medieval nos tempos das barbáries ou ao Egito nas construções das piramides. Sem exagero como  se estivesse diante de um formigueiro humano. Confesso senti calafrios diante de dantesca cena, homens carregando saco com terra que se prendia à testa para que as mãos, livres, pudessem se equilibrar e agarrar as escadas feitas de cordas e através delas alcançasse o próximo andar e chegasse ao topo do imenso buraco.

Havia sim, muita riqueza, no entanto a miséria que vi superava em muito o sacrifício humano em busca do sonho de ficar rico.

Serra pelada ficou famosa internacionalmente, muitas autoridades e artistas brasileiros e estrangeiros visitaram serra pelada, até o Presidente João Batista de Figueiredo esteve lá, foi carregado no colo por garimpeiros enlameados e de lá saiu com um revólver em ouro puro, presente dos garimpeiros entregue por Sebastião Curio.  

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