CARTA
RELATÓRIO A NETO (as)
AOS MEUS NETO (AS) GABRIEL/GABRIELLE/KAILA/LUISA
AOS MEUS NETO (AS) GABRIEL/GABRIELLE/KAILA/LUISA
Nunca imaginei
que seria tão difícil iniciar um relatório, de minha própria existência,
buscarei ser o mais simples e sucinto
possível tanto na linguagem escrita,
como no relato propriamente dito.
O que abordarei?
Por que a iniciativa de fazer a trajetória de minha vida? Pois bem! Devo começar pelo quem
sou EU? Em todo o decorrer do relato devo fazer indagações, e obrigatoriamente
o neto ou/e neta devem responder
para si mesmo.
LUCINO SARAIVA DE CAMPOS FILHO, nasci no dia 23/05/1956
ás 9h30 minutos
MÃE (falecida)
RAIMUNDA SILVA DE CAMPOS
PAI: LUCINO SARAIVA DE
CAMPOS
CINCO IRMÃOS JOSÉ
MARIA QUIRINO DA SILVA (cagado ---na verdade primo e irmão adotivo)
LUIS CARLOS SILVA DE CAMPOS (bolinha)//LUCIVALDO SILVA DE
CAMPOS (careca)// LAÉRCIO SILVA DE CAMPOS(cebola) //LUCINILDO SILVA DE CAMPOS
(pato)
Quando
despertei para o mundo? Ou seja, quando passei a ter consciência de que estava
no mundo? Aos 4 anos de idade em uma
manhã tomando o café com farinha, me deparei com meu pai estava me olhando e
admirado com um olhar meigo, e minha mãe uma mulher magra e feição linda
parecia um anjo a me olhar, com profundo
amor, ao redor percebi uma casa com poucos móveis, mas tudo bem limpo e o piso vermelho brilhando
tanto que chegava a refletir a luz do dia, assim foi meu despertar para a vida.
Isso na avenida duque de Caxias número 613
hoje o número da casa é 1141 no perímetro VILETA E TIMBÓ, vileta nunca descobri o que significa a
palavra, já timbó é palavra de origem tupi que significa "o
que tem cor branca ou cinzenta"; "vapor", "exalação"
ou "fumaça" designa
um conjunto de plantas, diferenciadas aparentemente por associação da palavra timbó à uma outra característica como por
exemplo guaratimbó, timbosipo, timbó iurari, cururu-apé, mafone, cipó-timbó, timbó-cipó. Entre as plantas
identificadas com esse nome encontra-se um cipó trepador muito conhecido no norte
do Brasil, (regionalismo usado no Norte e Nordeste para o ato de intoxicar peixes jogando pedaços de timbó ou tingui esmagados na água. Os peixes começam a
boiar e podem ser facilmente apanhados à mão. Deixados na água, recuperam-se,
podendo ser consumidos sem inconveniente).
Na frente de minha casa existia um **clipe (**ponto final
de ônibus), o ônibus denominado VILETA, fazia o trajeto Almirante Barroso, Avenida Nazaré com destino ao Ver-o-Peso, as carrocerias eram em madeira, e tinha um ônibus comprido chamado de "PAPA FILA ou ZEPPELIN", naquele tempo as pessoas faziam filas para entrarem no ônibus, tinha também uns pequenos que eram chamados de lotação e só podia levar passageiros sentados, não permitindo ninguém andar em pé no ônibus. Minha tia ADELAIDE irmã de minha mãe MUNDICA, vendia tacacá no CLIP, o local em nada parecia com
minha casa, em se tratando de higiene o piso era sempre sujo e *encardido (*Diz-se de algo sujo; imundo; coisa que não foi bem lavada),
eu sentia prazer em acender o fogareiro,
o ato de abanar para que o carvão pegasse fogo, pra mim era um barato, sempre
ela me dava uma cuia de tacacá, e perguntava quantos camarões você quer? eu sempre dizia 10 mais ela só
colocava 4, eu ia comendo cada camarão e contado um, dois, três e dez, ela sempre ria eu nunca entendia por que ela ria,
quando perguntava, sempre ela inventava uma história e nunca me dizia a
verdade.
Meu
primeiro dia no grupo escolar (hoje escola) Paulino de Brito na Avenida TITO FRANCO
hoje Almirante barroso, foi emocionante e assustador, eu já estava com 7 anos
de idade, não lembro-me mais o nome da primeira professora, mais a diretora
professora LUCIMAR OLIVEIRA PACHECO, nunca esqueci mulher alta, magra e feição
carrancuda, totalmente diferente de minha mãe, mulher de estatura mediana e
feição meiga/angelical, antes de entramos na sala de aula, fomos colocados no
pátio da escola e as professoras cantaram o hino NACIONAL, e todos os dias foi
assim, hino Nacional, hino a Bandeira, hino ao Pará, foram ensinado na sala de
aula e cantado exaustivamente todos os dias, um e/ou outro nunca se adentrava na sala sem
cantar qualquer um dos hinos e acompanhar o hasteamento do pavilhão Nacional
(mastro das bandeiras), naquela época eram hasteadas as bandeiras do Brasil, do
Pará e do Município.
Minha mãe no trajeto de casa para a escola ia dizendo o
nome da rua e mostrava alguma casa que chamasse atenção por cor viva, e dizia
grave bem o trajeto, amanhã você vem sozinho, e olhe para os dois lados, para
não ser machucado por bicicleta e nem ser atropela por nenhuma carroça, não
mecha com cachorro eles mordem, nunca desvie o caminho é de casa para o GRUPO
ESCOLAR e do GRUPO PARA CASA, você me entendeu?
Já com 8
anos vendia aos sábados e domingo na feira da Duque com a a Humaitá, coloral,
cebola, tomate e pimenta e cominho, com 12 e 13 vendia jornal a Folha do NORTE Pará e
a Província do Pará, isso pela manhã, a tarde vendia unha de caranguejo feito
pelo meu pai e minha mãe, minha vizinhança todos me conheciam, sempre me
pagavam para capinar a frente das casas ou limpar o quintal, e também encerava
a casa da vizinha NENENZINHA, que sempre me dava uns trocados o dinheiro era o
CRUZEIRO, com 14 e 15 anos fui cachorreiro (vendia cachorro quente), uma família que morava na
casa da esquina da vila, eu queria namorar
a filha da dona, o nome da moça JUREMA, mais ela nunca nem olhava pra mim, acho que tive foi sorte de não
namorar aquela moça, ela era mimada demais e só queria saber de gastar todo o
dinheiro da mãe dela..
E assim estudei por quatro anos, até fazer o *exame de admissão (era uma prova
para saber se o aluno poderia ser matriculado na 5ª série), fiz a prova no
bairro da jabatiteu no Grupo escolar desembargador
Augusto Olimpio, fui aprovado, para alegria de minha mãe, a prova foi
emocionante, uma questão que nunca esqueci O QUE SIGNIFICA A SIGLA ONU? Foi na mosca, quando minha mãe depois de
uns dias recebeu a prova de volta e com a noticia que da minha sala fui o único
que havia alcançado a nota máxima, fui ganhando beijos e abraços até chegar em
casa, minha mãe confessou-me nunca tinha ouvido falar na ONU e queria saber o
que era, eu disse só sei o significado
de cada letra O = Organização N=
Nações U= Unidas, ela disse deve ser
alguma coisa importante, mas depois você me diz o que ela faz.
Até hoje não entendi por que morando na Duque de Caxias,
bairro da Pedreira, fui matriculado pela SEDUC na Escola Pedro Amazonas Pedroso
no bairro do SOUZA e não no
SOUZA FRANCO na Almirante Barroso. Minha
ida para a Escola Pedroso enfrente ao quartel do Exercito Brasileiro, era muito
distante, mas divertida ia a pé era longe pra dedeu, o que mais gostava era passar na
fábrica de refrigerante GUARASUCO/LARASUCO enfrente ao campo da tuna e Fundação
Pestalozzi, na ida bebia dois refrigerantes um de cada, na volta a mesma coisa
e dava para o funcionário o dinheiro do ônibus, quando não tinha eu dizia
amanhã eu trago o dinheiro, ele me dava só um e dizia não pode encher muito o
bucho se não estoura, isso claro meus
pais não sabiam que eu ia a pé só pra beber refrigerantes.
Isso já estava com 16 anos de idade e trabalhava como
continuo no Banco Mercantil da Bahia, na Presidente Vargas com 7 de setembro,
sai do serviço as 13h30 e tinha que esta na
Escola Pedro Amazonas Pedroso no mesmo horário, caramba! Como podia sair
da Presidente Vargas em Belém e chegar no mesmo horário a dezenas de quilômetros,
sempre perdia a primeira aula e o porteiro nunca me deixava entrar, eu
explicava que trabalhava, mais ela não acreditava, então! Eu ia pela rua lateral e pulava o muro da escola,
na saída já após as 17h00 ele sempre me perguntava como entrei? eu dizia virei
fumaça e entrei, ele ficava chateado, até que um dia ele se escondeu atrás de
uma coluna na parte dos fundo da escola e me levou na presença do diretor
professor ROSAS, isso mesmo professor ROSAS,
e disse ao diretor esta aqui o aluno que vira fumaça, o diretor me olhou
com uma cara feia, pensei que ele ia me bater, me deu vontade de correr, mais
fiquei quase chorando, relatei que havia
pulado o muro pra assistir aula por que seu ZÉ o porteiro nunca deixava eu
entrar por que chegava sempre as 14h00 então!
Contei que trabalhava e o que fazia, ele achou bacana eu ter que pular
pra assistir aula e disse: “Seu Zé, a partir de amanhã esse jovem promissor
esta autorizado a entrar após o horário normal, e para isso vou dá uma permissão especial por escrito.
Nas férias escolares, aos 17 anos passei a bater de porta
em porta de cada empresa para pedir emprego, pois não gostava do meu trabalho
no banco Mercantil da Bahia, tinha que chegar muito cedo pra fazer café e preparar
o lanche de todos os funcionários e o
gerente ALBERTO era o mais chato e exigente, sempre reclamava de alguma coisa,
até que um dia eu estava muito gripado e resolvi fazer um sanduiche especial pra ele, foi o
dia que ele mais gostou do sanduiche e
ainda disse que estava muito gostoso.
Até que dona LOURDES uma vizinha da vila “BURACO DA TUA VÓ”
era como chamavam a descida de ligação das vilas Gama Malcher (vila calango)
com a Vila Duque (vila sapo). Na Duque
de Caxias, na mesma casa onde passei minha infância e só sai depois de casado
na década de 80, sabendo que eu estava
procurando emprego me informou que na Brás
de Aguiar com a Quintino Bocaiuva no
bairro de Nazaré, estava preste a inaugurar
um hotel o nome era EQUATORIAL PALACE
HOTEL, de imediato fui e preenchi uma ficha solicitando o emprego, nada
sabia de hotelaria e nem sabia que pessoas podiam morar provisoriamente em hotel.
Quando foi no mês de setembro/1973, estava eu assistindo
aula de OSPB (Organização Social
Política Brasileira), do Professor Dário na escola Pedro Amazonas Pedroso, quando
o Diretor ROSAS, aquele mesmo que havia me dado a autorização especial para
adentrar na escola fora do horário, apareceu na porta e disse: “O ALUNO LUCINO
é desta sala?” diante da resposta do professor DÁRIO, LUCINO, sim é, o diretor
disse acompanhe-me até a sala da
direção, égua! Pensei o que fiz de
errado? Os colegas logo passaram a especular e falar um monte de suposições,
acompanhando o diretor bem de perto e ele a passos largos, nada dizia e eu
tremia as pernas, com medo da acusação, e não conseguia me lembrar de alguma
traquinagem, ao chegar na sala do diretor tinha um rapaz sentado, e o Diretor Rosas perguntou: você conhece esse senhor? Égua! Eu
queria virar fumaça, nunca tinha visto aquele homem, foi quando ele disse: Você
esteve no hotel equatorial e fez o cadastro pedindo emprego, você foi pré-selecionado,
e deve me acompanhar para entrevista com dona RUTH a supervisora.
Fui admitido como faxineiro (serviços gerais), pois nunca tinha
trabalhado em hotel, em poucos meses me mandaram fazer um curso no SENAC na Serzedelo
Correa, de COMIM (auxiliar de garçom), já no ano de 1975 fui morar no Rio de
Janeiro, na rua Sacadura Cabral e na Joaquim Meier no bairro Meier, cheguei no
auge do *TOP LESSE (*as mulheres ficavam sem sutiã na praia), e trabalhei no
Hotel Nacional Rio na Oscar Niemayer, no
ano de 1976 voltei para Belém, e imediatamente fui contrato pelo Hotel Regente
e logo em seguida pela Camargo Correa na
construção da hidrelétrica de Tucuruí,
já de volta a Belém em dezembro/1976,
em ´10 de janeiro de 1977, já estava na
ilha de maracacuera (Ilha do OUTEIRO) pois havia sido selecionado pela Polícia
Militar onde permaneci até o ano de 2003,
no ano de 1979 fui admitido na SEDUC (secretaria de Educação) e passei a ter
dupla jornada de trabalho orgulhosamente faço parte da EDUCAÇÃO/SEGURANÇA, no
mesmo ano de 1979 nasceu meu
primeiro filho PIMPOLHO, 1980 nascia
RONALD e 1981 nascia CHARLES, no ano de 1978 conclui minha primeira formatura
professor de educação geral (de 1ª a 4ª série), fiz muitos cursos no decorrer de minha vida, a última graduação foi de bacharel/licenciatura
HISTÓRIA na UFPA (Universidade Federal
do Pará) só nunca fiz
curso de babá.
, Esse é seu vovô LUCINO.
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