segunda-feira, 2 de março de 2015

POSTO DE SAÚDE NO PARÁ

VAP VUP ,  CACHOEIRA, MAGICO, BLINDADO etc...

Fantástico mostra situação 


alarmante dos postos de saúde 


brasileiros

Milhões de pessoas enfrentam a triste realidade de quem é obrigado a 
usar postos de saúde no país: faltam equipamentos, estrutura e remédios.


Tá alta. Agora eu tenho que tomar a insulina”, diz a aposentada ao medir a quantidade.
 
Como estão funcionando os postos de saúde Brasil afora? Fiscais dos Conselhos Regionais De Medicina saíram em busca dessa resposta. Visitaram mais de dois mil desses postos. E a situação é alarmante: falta remédio, falta equipamento. Às vezes, falta até estrutura. É essa a triste realidade que milhões de brasileiros enfrentam todos os dias.
O martírio de quem usa os postos de saúde no Brasil, muitas vezes começa antes mesmo da porta de entrada. Doze degraus separam a calçada da porta do posto onde pacientes com dificuldade de locomoção buscam ajuda.
“É difícil mas quem não tem tu, o que é que faz? Vai tu mesmo”, lamenta uma senhora.
O Fantástico entrou em diversos postos de saúde pelo país para mostrar a situação precária, caótica e escandalosa sofrida por milhões de brasileiros que dependem do atendimento do SUS - o Sistema Único de Saúde.
Nossa primeira parada é no estado do Rio de Janeiro. No município de São Gonçalo, existe um posto que não tem nem placa na porta.
“Parece uma casa abandonada. Ninguém diz que isso aqui é um posto de saúde”, diz uma mulher.
Na verdade, essa é só a primeira coisa que o posto não tem. Então, seja bem-vindo ao: Posto ‘não tem’. Paciente? Tem sim, doutor. Mas o resto...
Homem: Odontologia aqui não tem, não.
Fantástico: Há quanto tempo não tem raio-X?
Homem: Aqui tem mais de 2 anos.
Senhora: Os funcionários não têm água.
Fantástico: A senhora trouxe a água?
Senhora: Eu trouxe.
Mulher: Não tem água, não tem banheiro, falta mais médico.
Funcionária: Não temos enfermeira no posto. Não temos sala de medicação.
Fantástico: Você não consegue fazer um curativo aqui?
Funcionária: Não tem condição.
Fantástico: Tem uma seringa aqui?
Funcionária: Não tem nada. Não temos nada.
E para quem trabalha ali.
“Aqui tem caracterização de um pós-guerra. Parece que jogaram uma bomba e as pessoas retiraram e nós entramos para trabalhar”, revela uma médica.
Mas não é apenas no posto "não tem" que falta tudo isso. O Fantástico teve acesso com exclusividade a um levantamento feito pelo Conselho Federal de Medicina sobre a situação dos postos de saúde em todo o Brasil. E o diagnóstico não é nada bom.
Ao todo, 52% dos postos não tem negatoscópio, aquelas máquinas luminosas que o médico usa para ver o raio X. E 29% não tem estetoscópio. Em outros 32%, o que falta é aparelho para medir a pressão. E de cada quatro postos pesquisados, um não tem esterilização de materiais.
“O posto de saúde é um local de mais fácil acesso à comunidade, onde essa comunidade e os seus cidadãos podem ser atendidos em diagnósticos mais simples, em tratamentos mais simples e, se nós tivéssemos um sistema de atenção primária, ou seja de postos de saúde, onde a prevenção fosse eficaz, nós teríamos 80% dos casos da saúde resolvidos nesse sistema, evitando naturalmente a superlotação dos hospitais do SUS”, afirma o presidente do Conselho Federal de Medicina, Carlos Vital.
A segunda parada da equipe do Fantástico é no norte do país, no Pará. E tem uma coisinha que acontece nessa região, que todo mundo que vive aqui sabe bem.
“A chuva quando vem, vem do nada, a gente tem que estar preparada”, conta uma mulher.
Por isso que é ainda mais revoltante que nesse local, onde chove todo dia, a gente encontre o próximo posto dessa reportagem, que vamos chamar de: "Posto cachoeira".
“Está correndo o risco de perder a medicação antes mesmo daquela validade que está escrita na medicação. Acaba sendo entregue uma medicação que a gente coloca em dúvida a sua eficácia”, afirma Jorge Tuma, do Conselho Regional de Medicina do Pará. 
E os funcionários sabem bem porque a situação chegou a esse ponto. “Esse prédio tem 10 anos. Nunca foi feito nenhuma manutenção”, conta um funcionário.
No mesmo estado, só que agora na periferia da capital, Belém, encontramos o que seria o: "Posto mágico".
Ao todo, 1,2 mil famílias são atendidas neste posto, mas nada é o que parece. A geladeira é estante. O freezer? Caixa de correio. A maca virou mesa e por último, o grande truque: a cozinha e o quintal se transformam em consultórios.
Enfermeira: Quando estão os médicos um dia eu atendo na sala e o médico atende aqui fora
Fantástico: Aqui fora onde?
Enfermeira: Aqui fora um dia é eu, um dia é ele. A gente reveza
Fantástico: Você já foi atendida lá na cozinha?
Mulher: Já. É bicho que está passando, a gente tem medo.
Fantástico: Que bicho você já viu ali dentro?
Mulher: Barata. É um constrangimento para gente que somo pobre. Tem tantas coisas que não são prioridade no nosso país, a saúde que tinha que ser prioridade não é.
Um outro posto tem um problema sério: ele fecha muito cedo. Então, poderia ser conhecido como: "Posto vapt-vupt". Ao todo, 900 famílias dependem desse posto de saúde mas o atendimento lá...
Enfermeira: Aqui a gente começa 7h15.
Fantástico: E vai embora que horas?
Enfermeira: Aqui a gente fica até 12h, 12h15.
Dona Maria Carmen Carvalho mora em frente ao posto. Com 68 anos, precisa se cuidar. Tem pressão alta e diabetes. Por isso tem em casa tudo para não depender do posto de saúde e controlar a quantidade de açúcar no sangue.

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