quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

ESSE É O PARÁ QUE A GENTE FAZ

As "meninas de Santarém", o governador Jatene e seus cães ladrantes

A ação das "meninas de Santarém" repercutiu e o governador logo reuniu um outro grupo de estudantes para troca de amenidades e tentar minorar o estrago. O certo é que, ao fazer as afirmações relacionadas a cães que ladram à passagem da caravana, o governador dividiu o Pará em duas grandes categorias de cidadãos: aqueles que acompanham a caravana de Sua Excelência e aqueles que se assemelham a cães que latem à passagem da dita caravana.
 Raiane Pereira Vieira, 17, e Luara Ribeiro, 18

No último dia 30 o governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), publicou em sua página do FB, em meio a um texto maior que pode ser verificado neste endereçohttps://www.facebook.com/sjatene, as seguintes palavras:

"... Um velho provérbio árabe que, com certeza, muitos hão de se lembrar, e que, penso, nos possa servir para uma breve reflexão sobre a importância de seguir em frente, perseguir os objetivos imprescindíveis para promover mudanças: - Os cães ladram e a caravana passa".

Para recordar: no dia 28 de novembro, após instalar o programa Propaz de assistência à saúde numa área central da cidade, em companhia do ministro da Saúde Alexandre Padilha e do prefeito local Alexandre Von, o governador foi à Escola Estadual Rio Tapajós a pretexto de inaugurar melhoramentos (veja relato deste blog aqui).
Governador Simão Jatene

Ali, ele foi surpreendido por um grupo de alunas, duas das quais fizeram cobranças além de simples pintura na escola. O governador, conforme vídeo amplamente divulgado na internet (veja aqui:https://www.facebook.com/photo.php?v=10200112693178495), destemperou-se no que deveria ter sido um mero diálogo entre um governante e seus governados, naquele momento representados por duas jovens quase adolescentes.

Com relação aos "cães" que ladram, seria, no mínimo, estranho pensar (espera-se!) que o governador do Pará esteja se referindo às já chamadas "meninas de Santarém", as estudantes Raiane Pereira Vieira, de 17 anos, e Luara Ribeiro, 18 anos, alunas do 3º ano do ensino médio da Escola Estadual Rio Tapajós. Pela internet vi interpretações diferentes, de que a referência teria sido mesmo às meninas. Imagino que Jatene quis se referir a seus adversários políticos, especialmente nesta quadra em que a campanha para a eleição do ano que vem entra pra ficar até o embate final. 
O momento do episódio que não deveria
ser mais que um diálogo

Talvez o governador tivesse na cabeça (quente) as notícias do Diário do Pará, pincelando o episódio, e também à TV Tapajós, de Santarém, alinhada com o PMDB de Jáder Barbalho, o chefe supremo do Diário e do Sistema de TV e Rádio do mesmo grupo.  Ou ele se referia a blogs críticos ou até mesmo a inúmeros comentários que aparecem no FB.

Seria absurdo que o governador, na posição de principal educador do Estado - pois lhe cabe estabelecer as linhas mestras da formação de crianças e adolescentes - fosse disparar, na internet, semelhante palavreado àquelas jovens que lhe demonstraram insatisfação sem agressão. Ainda mais, justamente, dentro do ambiente de um escola que é gerida pelo Estado. Teria sido a negação do próprio ambiente onde se encontravam Jatene, estudantes e professores. 

Seja lá o que tenha passado na cabeça de Jatene, aquelas palavras, escritas assim ao público, não caem bem na lavra de um chefe de Estado, especialmente logo após o retorno de Santarém onde o episódio foi obviamente explorado pela oposição e pela mídia crítica que, se assim não o fizessem, não seriam nem oposição nem mídia crítica.

A ação das "meninas de Santarém" repercutiu e o governador logo reuniu um outro grupo de estudantes para troca de amenidades e tentar minorar o estrago. O certo é que, ao fazer as afirmações relacionadas a cães que ladram à passagem da caravana, o governador dividiu o Pará em duas grandes categorias de cidadãos: aqueles que acompanham a caravana e aqueles que se assemelham aos cães que ladram à passagem da dita caravana. Gesto e palavras pouco democráticas que denotam a dificuldade do governador para a divergência. E quando a divergência se torna intolerável, parte-se para o insulto e outras cositas más...

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