As "meninas de Santarém", o governador Jatene e seus cães ladrantes
A ação das "meninas de Santarém" repercutiu e o governador logo reuniu um outro grupo de estudantes para troca de amenidades e tentar minorar o estrago. O certo é que, ao fazer as afirmações relacionadas a cães que ladram à passagem da caravana, o governador dividiu o Pará em duas grandes categorias de cidadãos: aqueles que acompanham a caravana de Sua Excelência e aqueles que se assemelham a cães que latem à passagem da dita caravana.
Raiane Pereira Vieira, 17, e Luara Ribeiro, 18 |
"... Um velho provérbio árabe que, com certeza, muitos hão de se lembrar, e que, penso, nos possa servir para uma breve reflexão sobre a importância de seguir em frente, perseguir os objetivos imprescindíveis para promover mudanças: - Os cães ladram e a caravana passa".
Para recordar: no dia 28 de novembro, após instalar o programa Propaz de assistência à saúde numa área central da cidade, em companhia do ministro da Saúde Alexandre Padilha e do prefeito local Alexandre Von, o governador foi à Escola Estadual Rio Tapajós a pretexto de inaugurar melhoramentos (veja relato deste blog aqui).
Governador Simão Jatene |
Ali, ele foi surpreendido por um grupo de alunas, duas das quais fizeram cobranças além de simples pintura na escola. O governador, conforme vídeo amplamente divulgado na internet (veja aqui:https://www.facebook.com/photo.php?v=10200112693178495), destemperou-se no que deveria ter sido um mero diálogo entre um governante e seus governados, naquele momento representados por duas jovens quase adolescentes.
Com relação aos "cães" que ladram, seria, no mínimo, estranho pensar (espera-se!) que o governador do Pará esteja se referindo às já chamadas "meninas de Santarém", as estudantes Raiane Pereira Vieira, de 17 anos, e Luara Ribeiro, 18 anos, alunas do 3º ano do ensino médio da Escola Estadual Rio Tapajós. Pela internet vi interpretações diferentes, de que a referência teria sido mesmo às meninas. Imagino que Jatene quis se referir a seus adversários políticos, especialmente nesta quadra em que a campanha para a eleição do ano que vem entra pra ficar até o embate final.
O momento do episódio que não deveria ser mais que um diálogo |
Talvez o governador tivesse na cabeça (quente) as notícias do Diário do Pará, pincelando o episódio, e também à TV Tapajós, de Santarém, alinhada com o PMDB de Jáder Barbalho, o chefe supremo do Diário e do Sistema de TV e Rádio do mesmo grupo. Ou ele se referia a blogs críticos ou até mesmo a inúmeros comentários que aparecem no FB.
Seria absurdo que o governador, na posição de principal educador do Estado - pois lhe cabe estabelecer as linhas mestras da formação de crianças e adolescentes - fosse disparar, na internet, semelhante palavreado àquelas jovens que lhe demonstraram insatisfação sem agressão. Ainda mais, justamente, dentro do ambiente de um escola que é gerida pelo Estado. Teria sido a negação do próprio ambiente onde se encontravam Jatene, estudantes e professores.
Seja lá o que tenha passado na cabeça de Jatene, aquelas palavras, escritas assim ao público, não caem bem na lavra de um chefe de Estado, especialmente logo após o retorno de Santarém onde o episódio foi obviamente explorado pela oposição e pela mídia crítica que, se assim não o fizessem, não seriam nem oposição nem mídia crítica.
A ação das "meninas de Santarém" repercutiu e o governador logo reuniu um outro grupo de estudantes para troca de amenidades e tentar minorar o estrago. O certo é que, ao fazer as afirmações relacionadas a cães que ladram à passagem da caravana, o governador dividiu o Pará em duas grandes categorias de cidadãos: aqueles que acompanham a caravana e aqueles que se assemelham aos cães que ladram à passagem da dita caravana. Gesto e palavras pouco democráticas que denotam a dificuldade do governador para a divergência. E quando a divergência se torna intolerável, parte-se para o insulto e outras cositas más...
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