quinta-feira, 5 de abril de 2012

NÃO SOU MARABAENSE SOU ANANIN

A história de Marabá, uma dos mais populosos e mais ricos municípios do estado do Pará, no Brasil, começa com a ocupação do território por comerciantes de Drogas do sertão, e chefes políticos fugidos do norte de Goiás. Habitada desde tempos imemoriais por índios nômades, a região permaneceu intocada até o início da década de 1890, embora a região ter sido explorada pelos portugueses ainda no século XVI. Em 1892, Carlos Gomes Leitão, acompanhado de seus familiares e auxiliares de trabalho, deslocou-se para o sudeste do Pará, estabelecendo seu primeiro acampamento em localidade situada em terras margeadas pela confluência dos rios Tocantins e Itacaiunas, que foi denominada de Pontal. Com o aumento da riqueza gerada pelo comércio de caucho e depois de Castanha-do-pará, a região atraiu muitos imigrantes, e a partir de 1903, a vila de Pontal começa a lutar por sua emancipação. Em 1913, por influencia principalmente de Antonio da Rocha Maia, Marabá se emancipa.

Colonização e povoamento

A índia Marabá, óleo sobre a tela de João Batista da Costa.
O povoamento da bacia do Itacaiunas tem na formação do município um papel importante, porque apesar dessa região ter sido explorada pelos portugueses ainda no século XVI, permaneceu sem ocupação definitiva durante quase 300 anos. Contudo desde tempos imemoriais a região entre os rios Tocantins/Xingu onde hoje se assenta o município de Marabá foi habitada pelos grupos indígenas Gaviões e Kayapó[nota 1] ambos do povo Timbira, pertencentes ao tronco linguístico Macro-Jê. Os grupos Gaviões e Kayapó recusaram contato com o colonizador por muito tempo, só o aceitando a partir da segunda metade do século XX. Somente em 1892 é que, de fato, a região foi ocupada por colonizadores.

Os primeiros a participarem da formação do povoado de Marabá em 1892 foram chefes políticos foragidos de guerrilhas que tinham como palco o norte de Goiás, mais precisamente a cidade de Boa Vista. O pioneiro Carlos Gomes Leitão, acompanhado de seus familiares e auxiliares de trabalho, deslocou-se para o sudeste do Pará, estabelecendo seu primeiro acampamento em localidade situada em terras margeadas pela confluência dos rios Tocantins e Itacaiúnas. Fixando-se em definitivo, depois de um ano de observações, na margem esquerda do Tocantins, cerca de 10 km rio abaixo do outro acampamento, em local a que denominou Burgo.Do ponto em que se instalara começou a abrir caminho mata adentro a procura de campos naturais que servissem para criação de bovinos. Em uma dessas incursões, um de seus trabalhadores desferiu um tiro casual em certa árvore ate então desconhecida, cujo tiro fê-la derramar em abundância um liquido leitoso, que, certo tempo após tocar o solo, coagulou-se espontaneamente.Em 1894, o imigrante goiano segue para a capital da província para ter reunião com o então presidente do Grão-Pará, José Paes de Carvalho, a quem solicitou colaboração, visto a necessidade de se colonizar o Sul da província, tendo sido contemplado com seis contos de reis em dinheiro e estoque de medicamentos que seriam particularmente empregados no combate à malária e outras doenças tropicais. Conseguido seu intento de ajuda e por terem os testes do leite vegetal endurecido comprovado que se tratara de legítima borracha de caucho, Leitão, de volta ao Burgo, difundiu a informação a todos da pequena colônia. No ano seguinte começavam a chegar às primeiras levas de pessoal para extração do caucho.

O maranhense e comerciante Francisco Coelho da Silva teria sido um dos primeiros a estabelecer-se no local, entre os rios Tocantins e Itacaiúnas. O objetivo era negociar com os extratores de Caucho, que passando pela foz do rio Itacaiúnas, subiam o rio Tocantins. Os registros atribuem a Francisco Coelho o nome da cidade. Ele teria instalado no local uma casa comercial cujo nome era uma homenagem ao poeta Gonçalves Dias.

Formação do Município

Embarque de castanha-do-pará em pequenas embarcações.
Desse entreposto comercial, onde o "Itacaiúnas desaguando no Tocantins, apertando uma faixa de terra em forma de península", surgia a cidade de Marabá. Por isso em Homenagem ao seu fundador, o nome oficial do bairro mais antigo da cidade é Francisco Coelho. Criado em 27 de fevereiro de 1913 por reivindicação da comunidade marabaense, o município só foi instalado formalmente em cinco de abril do mesmo ano, data que passou a ser comemorada como seu aniversário e só recebeu o título de cidade em 27 de outubro de 1923, através da lei estadual nº 2207. O primeiro Intendente Municipal, cargo à época correspondente ao de prefeito, foi o Coronel Antonio da Rocha Maia,[8] escolhido e nomeado na data de cerimônia de instalação.

As frentes migratórias para a região de Marabá, a partir de meados da década de 20, destinavam-se especialmente, a extração e a comercialização de castanha-do-pará e, desde os fins dos anos 30, no garimpo de diamante nos pedrais do rio Tocantins. A cidade recebia imigrantes vindos de várias regiões do Brasil, principalmente da Bahia, Ceará, Piauí, Goiás, Paraíba, Maranhão, mas também imigrantes Palestinos e Libaneses, constituindo uma camada importante na sociedade local. Em 1929, a cidade já se encontra iluminada por uma usina à lenha e em 17 de novembro de 1935 o primeiro avião pousa no aeroporto recém inaugurado na cidade. Nesse período, a cidade era composta por 450 casas e 1500 habitantes fixos.

Década de 1970

Com a abertura da PA-70 (atualmente um trecho da BR-222), em 1969, Marabá é ligada à Rodovia Belém-Brasília. A implantação de infra-estrutura rodoviária fez parte da estratégia do governo federal de integrar a região ao resto do país.Além disso, o plano de colonização agrícola oficial, a instalação de canteiros de obras, especialmente a construção da Hidroelétrica de Tucuruí, a implantação do projeto Grande Carajás e a descoberta da mina de ouro da Serra Pelada, aceleraram e dinamizaram as migrações para Marabá nas décadas de 1970 e 1980.
Em 1970, o município foi declarado Área de Segurança Nacional (Decreto-lei nº 1.131, de 30 de outubro de 1970), condição que perdurou até o fim da ditadura militar em 1985. Aliado ao fato de a região ser estratégica para a política de integração, ela foi o ambiente da Guerrilha do Araguaia, resultando numa presença ostensiva das tropas do Exército Brasileiro, tornando a cidade uma das bases de operações das tropas federais. Também em 1970 foi criado o PIN (Programa de Integração Nacional) que, dentre outras medidas, previa a construção da rodovia Transamazônica, cujo primeiro trecho foi inaugurado em 1971,juntamente com a criação de um posto do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em Marabá.
Década de 1980

Praça Duque de Caxias.
Em 1980 a cidade é assolada pela maior enchente da sua história, o Rio Tocantins sobe 17,42 metros. Em consequência disto há uma reformulação no planejamento, sobre crescimento e expansão urbana da cidade. Em 1984, entra em funcionamento a Estrada de Ferro Carajás, e em 1988 dá início aos preparativos para a instalação de indústrias siderúrgicas, para produção de ferro-gusa, negócio que veio trazer grandes benefícios econômicos para o município.

Em 1985 Marabá deixa de ser área de Segurança Nacional e na eleição para prefeito - a primeira eleição direta realizada sob a égide da Nova República - Hamilton Bezerra (PMDB) derrota Vavá Mutran (PDS), cessando uma longa hegemonia na política local, da chamada "oligarquia da castanha". Tal fato aconteceu devido o apoio de boa parte das lideranças camponesas, do então governador Jader Barbalho e de movimentos sociais.

Massacre de São Bonifácio

Em 1987 ocorreu um conflito que ficou conhecido como o Massacre de São Bonifácio ou Guerra da Ponte. A peleja ocorreu entre os garimpeiros de Serra Pelada e a Polícia Militar do Pará com o auxílio do Exército Brasileiro. A manifestação que gerou o massacre, bloqueou o acesso à Ponte Mista de Marabá e pedia a reabertura de Serra Pelada com o rebaixamento da cava do garimpo. O governo informou inicialmente que duas pessoas morreram, depois acresceu esse número para nove, contudo há registros que constam que houve setenta e nove (79) garimpeiros desaparecidos em decorrência do conflito, no entanto, por parte das tropas da Polícia e do Exército não houve registros de baixas. Tal episódio tem características muito semelhantes aos do conflito de Eldorado dos Carajás, em 1996, contudo este ocorreu nove anos antes, na ponte sobre o Rio Tocantins.

Décadas de 1990 e 2000

Em 5 de abril de 1990 é promulgada a Lei Orgânica do município de Marabá. A população do município aumentou significativamente durante a década de 1990, e em meados de 1998 o número de habitantes fixos alcançava 157.884, no ano seguinte, a cidade, se firma como a sede de grandes eventos de repercussão nacional.

Em consequência de diversas reformas no campo econômico o município, durante os anos de 1998 até 2010, recebeu uma grande massa de investimentos, que culminou no fato da cidade ter se tornado um pólo industrial metal-mecânico. A população atual está em torno de 238.708 habitantes, segundo as estimativas oficiais, e o crescimento desses números é inevitável, já que a cidade está em processo de desenvolvimento acelerado e recebe muitas pessoas vindas de outras localidades.

Entre as décadas de 1990 e 2000, o município de Marabá e sua região de entorno ficam conhecidos por seus crimes relacionados á questão latifundiária. Neste período há uma explosão demográfica muito grande nesta região, causada principalmente pela grande demanda de mão-de-obra, não acompanhadas de políticas estatais de contenção demográfica e qualificação do trabalhador. A mão-de-obra não-qualificada acabava sendo deslocada para a zona rural, que aliada as questões de irregularidades fundiárias existentes desde a década de 1970, acabavam por aumentar as tensões no meio rural. Tais tensões no campo culminaram em assassinatos de sindicalistas, camponeses, líderes religiosos e políticos.

Escândalos políticos

Durante as décadas de 1990 e 2000 vários escândalos políticos tiveram lugar em Marabá. Os principais escândalos envolveram as gestões na prefeitura municipal, mas também atingiram outras esferas do poder regional.

Em 1992 o então prefeito Nagib Mutran Neto foi cassado por improbidade administrativa. Em 2000, Geraldo Veloso teve a diplomação de prefeito cassada por acusações de compra de votos durante o pleito municipal, readquirindo o direito depois de disputa no Tribunal Regional Eleitoral. A sequência do mandato de prefeito de Sebastião Miranda foi quebrada em 2005 por cinco meses quando foi cassado sob acusação de abuso do poder econômico. Maurino Magalhães, atual prefeito de Marabá desde quando assumiu a prefeitura é investigado pela formação de caixa dois, durante sua campanha eleitoral.

O então deputado estadual Oswaldo Mutran (mais conhecido como Vavá Mutran), que tinha seu colégio eleitoral basicamente em Marabá, foi cassado por envolvimento na morte de um fiscal da Secretaria da Fazenda do Pará em 1999. Oswaldo Mutran foi condenado a 10 anos de reclusão por matar o fiscal. Ele cumpriu parte da pena e foi solto pela Justiça. Em 2002, foi preso em flagrante, acusado de matar um menino de 8 anos com um tiro na cabeça, sendo absolvido pela justiça logo depois. Havia indícios de que ele fora beneficiado por relações de parentesco na Justiça. A nora de Mutran, Ezilda Pastana, era juíza em Marabá (foi afastada das funções logo depois), e seu filho, Nagib Mutran Neto, foi prefeito da cidade, também cassado por corrupção. Vavá Mutran e seus familiares também vem sendo acusados e condenados por manter trabalhadores em regime de escravidão em suas fazendas há mais de 20 anos.

Fatos Recentes

Em 2011, Marabá participou ativamente com todo o sudeste paraense da consulta plebiscitária que definiu sobre a divisão do estado do Pará. Marabá se firmou durante o processo como o centro de discussões na região sobre o projeto de divisão, por ser a virtual candidata a ser capital do estado do Carajás. A consulta plebiscitária ocorreu no dia 11 de dezembro de 2011, tendo em Marabá, 93,26% dos votos foram favoráveis à criação de Carajás e 92,93% a favor da criação de Tapajós (proposta de unidade federativa).

Versão controversa

Prefeitura Municipal de Marabá.

Recentemente foi proposta uma nova versão à história do surgimento de Marabá. Essa nova versão contesta a versão oficial, principalmente no fato que a colonização da região é atribuída a duas famílias de origem libanesa-palestina: os Mutran e os Moussallem. Os historiadores afirmam que por influência principalmente do Marechal Cândido Rondon, os imigrantes árabes foram impedidos de serem reconhecidos como os fundadores de diversas cidades, principalmente por motivos religiosos, contudo também havendo motivos políticos e culturais.

História segundo a versão divergente

Francisco Coelho da Silva era na verdade um gerente-encarregado de trocas do comerciante de castanha e cauxo, Uadir Moussallem. Uadir Moussallem seria o verdadeiro fundador da cidade de Marabá, ocorrido em meados de 1907, devido ser o dono do ponto de trocas denominado "Casa da Marabá", que era um barração de aviamento e prostíbulo para divertimento dos seringueiros, lavradores, pescadores, castanheiros e ponto de parada das embarcações que navegavam pelos rios Itacaiúnas e Tocantins.

Fatos atribuídos

Alberto Moussallem, foi prefeito interino por 4 vezes e vereador por 6 mandatos. Ele propôs desviar o Rio Itacaiunas para evitar enchentes periódicas na cidade, além de propor também a construção das pontes sobre o Rio Tocantins e Itacaiunas. É atribuído a ele também a implantação do modelo holandês de calçamento em concreto das ruas de áreas alagadiças do centro histórico de Marabá, evitando assim a substituição anual da pavimentação encharcada.

Alberto Moussallem, trouxe a primeira farmácia para a região e fundou o CREA na cidade de Marabá.

Michel Moussallem, foi o primeiro a mergulhar com "escafandros" nos rios Itacaiunas e Tocantins, sendo o primeiro a descobrir diamantes nos pedrais de São João do Araguaia.

José Moussallem, teve a primeira loja de materiais de construção e móveis de Marabá, a "Casa São José".

Gaviões referem-se aos grupos Gavião do Oeste e Gavião da Montanha; e Kayapó refere-se aos grupos Caiapó-gorotire e Caiapó-xicrim.


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Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2005.

Um município prospero formado por imigrantes de vários estados, sua população hoje é composta pela maioria de forasteiros, a exemplo do Prefeito Maurino que é oriundo do Rio Grande do Norte bem como a classe empresarial e política, se sentem abandonados pelo poder público estadual e querem dividir o estado do Pará, inclusive já acontecendo um plebiscito separatista no ano de 2011, não conseguiram seus intentos, buscam outras vias que é a tentativa de fazerem uma emenda popular e estão colhendo assinaturas da população brasileira, em que pedem a criação de novas unidades federativas por decreto Presidencial.

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