Benedicto Monteiro
Benedito Monteiro: o político ´cassado` e ´caçado`, um dos maiores autores da literatura amazônica e do Brasil
Fevereiro é mês de reverenciar o advogado, contista, historiografo, poeta, romancista e político Benedicto Wilfredo Monteiro, que, seguramente, é um dos mais importantes nomes da cultura amazônica. Por ter vindo ao mundo, em Alenquer, em 29 de fevereiro de 1924, um ano bissexto, seus pais, Ludgero Burlamaqui Monteiro e Heribertina Batista Monteiro, o registraram como nascido em 1º de março, para “não ter que come-morar aniversários só de quatro em quatro anos”.
Aos 21 anos, em 1945, no Rio de Janeiro, onde estudava Direito, Benedicto Monteiro estreou na literatura com o livro de poesias Bandeira Branca, prefaciado por Dalcídio Jurandir. Mas a literatura quase perdeu o Dr. Bené – como era mais conhecido em sua terra –, para a atividade política, que o levou, depois de ter sido promotor público e pretor, a eleger-se, em 1954, vereador em Alenquer, e, em 1958, deputado estadual, sempre pelo Partido Trabalhista Brasileiro. Integrou o governo de Aurélio Corrêa do Carmo, chefiando a SUPRA (Superintendência da Reforma Agrária), com forte atuação em favor dos colonos assentados ao longo da estrada Belém-Brasília.
Com a eclosão do movimento militar de 31 de março de 1964, Benedicto Monteiro, “acusado” de comunista, foi literalmente caçado e preso pelos milicos na região dos castanhais do rio Curuá, em Alenquer, onde buscara refúgio. Só para humilhá-lo, numa inominável afronta à dignidade do preso, os militares fizeram-no desembarcar em Belém descalço e algemado a um dos integrantes de sua escolta armada, como se fosse “um perigoso subversivo”. Antes, porém, os seus próprios pares na Assembleia Legislativa, subservientes ao novo regime, e num gesto de extrema covardia, cassaram o seu mandato de deputado num caricato e sumário processo em que não lhe deram a menor chance de defesa. Banido da vida pública, Benedicto Monteiro foi submetido a humilhantes e longos processos nas Auditorias Militares, ao fim dos quais foi expressamente absolvido. Antes, porém, com os direitos políticos suspensos por dez anos e boicotado no exercício da profissão de advogado, ele e sua família passaram por sérias privações.
Com extraordinária força de vontade, superou a adversidade e aproveitou o período de ostracismo para retomar a literatura interrompida desde 1945. Em 1972 publicou o romance Verde Vagomundo, que se tornou um dos clássicos da literatura amazônica, ombreado ao Coronel Sangrado, de Inglês de Sousa, Terra Imatura, de Alfredo Ladislau, e Chove nos Campos de Cachoeira, de Dalcídio Jurandir. Desde então, sucederam-se os magníficos trabalhos saídos da mente fantástica de Benedicto Monteiro: O Minossauro (1975), A Terceira Margem (1983) e Aquele Um (1985) – que, com o Verde Vagomundo, formam o que ele chamou de sua “tetralogia amazônica” –, e mais O Carro dos Milagres (1983), O Cancioneiro de Dalcídio (1985), Maria de Todos os Rios (1992), Transtempo (1993), Discurso Sobre a Corda (1994), Como se faz um Guerrilheiro (1995), A Poesia do Texto (1999), A Terceira Dimensão da Mulher (2002), Ecologia e Amazônia – Idéias sobre a Educação Eco-lógica (2004) e História do Pará (2006) – dentre outros.
Em 1982 Benedicto Monteiro voltou à vida pública, agora como Procurador-Geral do Estado no primeiro governo de Jader Barbalho, ocasião em que organizou a Defensoria Pública e lançou o livro Direito Agrário, que aborda a complexa questão fundiária no Pará. Em 1986 elegeu-se deputado federal pelo Partido Democrático Trabalhista, participando ativamente da Assembleia Nacional Constituinte, sendo um dos subscritores da Constituição da República de 5 de outubro de 1988 – a “Constituição Cidadã”, na definição do deputado Ulysses Guimarães – que selou a volta do país ao regime democrático depois do longo e tenebroso período da ditadura militar.
Benedicto Monteiro ocupou a Cadeira nº 20 da Academia Paraense de Letras, que tem como patrono o obidense Herculano Marcos Inglês de Sousa, e faleceu em Belém, em 15 de junho de 2008, poucos dias após ser lançado por seus filhos o seu último romance: O Homem Rio – A Saga de Miguel dos Santos Prazeres, personagem onipresente em toda a sua obra e que muitos consideram o verdadeiro alter ego do escritor.
Biografia Filho de Ludgero Burlamaqui Monteiro e Heribertina Batista Monteiro, cursou o primário no grupo escolar de Alenquer e o curso de humanidades no Colégio Marista Nossa Senhora de Nazaré, em Belém.
Cursou o científico no Colégio Rabelo, iniciando também os seus estudos de Direito na Universidade do Brasil. Diplomou-se bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do Pará. Exerceu a magistratura e o Ministério Público. Foi eleito deputado estadual por duas legislaturas. Foi também secretário de Estado de Obras, Terras e Águas. Foi cassado durante o Golpe Militar de 1964.
Publicou em 1945, no Rio de Janeiro, o seu primeiro livro de poesias, Bandeira Branca. As obras de Benedicto Monteiro são dedicadas ao fabuloso Verde Vagomundo da Amazônia.
Na sua terra natal, exerceu a vereança e funções judiciárias. Deputado estadual e federal (Assembléia Nacional Constituinte), foi também procurador-geral do Estado e secretário de obras. E em seus últimos anos, foi advogado militante.
Casado, teve cinco filhos. Foi membro da Academia Paraense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico do Pará e da Academia Paraense de Direito.
domingo, 3 de julho de 2011
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